Depressa! Aproveita o tempo, o pouco tempo, o tempo que não se coaduna com hesitações. Não gostas de datas, está visto, nem de datas-lembrança, nem de datas-prazos. Confinam-te, inibem-te, enervam-te e, acima de tudo, suprimem-te liberdade: a liberdade de ir e vir quando e como queres, a liberdade de seres quem podes ser, nos teus termos. Mas toda a gente parece usá-las como imperativos ou leis de vida. Às vezes, páras para te martirizar com a facilidade com que algumas vidas parecem deslizar pelos dias e anos e pelo plano de planos concretizados. De felicidade concretizada. De desejos concretizados. E lês frases de incentivo, sobre marinheiros e tempestades, e de como são os vagalhões que nos tornam mais fortes, mais ágeis, melhores e como, por isso, devemos apreciar a sua existência na nossa. Mentira. Ou talvez verdade mas na realidade o que interessa? Ou que interessa que sejamos muito fortes e ágeis e melhores quando morrermos sem ter alcançado o que queríamos? Mas depois, depois levantas a cabeça e respiras fundo. Mais uma vez. Atiras os martírios para o lado e engoles em seco de força ou pelo menos de ideia dela. Tem que ser. Tudo se resolve. Há mais frases sobre marinheiros. Hão-de servir para alguma coisa, talvez. Tem que ser.
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