quarta-feira, outubro 14, 2020

"Parabéns! Olha, estava aqui e, de repente, vi no jornal que fazias anos hoje...!"

Há pessoas que não nos fazem falta logo que partem. No nosso íntimo, continuam lá, como sempre, no nosso íntimo poderemos sempre pegar no telefone e ouvi-los do outro lado. Até ao dia em que o fazemos, de facto. Até ao dia em que ninguém diz nada da outra ponta da linha, até ao dia em que, ao contar cadeiras para o almoço de família, nos damos conta que teremos que pôr menos uma à mesa. Mas não é logo. Uma vida inteira de presença não se esvai de um momento para o outro. As memórias de uma vida inteira continuam a ser presente, a fazer parte, até ao dia em que a presença não acontece, até ao dia das cadeiras...

As cerimónias dão-se, as flores oferecem-se, as viagens fazem-se, as liturgias ouvem-se mas algo cá dentro se recusa a integrar o que vê. Assiste mas não sente. Há-de chegar o momento...