quarta-feira, fevereiro 29, 2012

No Rossio

Sentada bem no meio da praça. O que havia a ser feito já lá vai, cada um seguiu o seu caminho. O sol bate de frente e a incrível luz daquele espaço envolve as figuras. Sentada no meio da praça, olho para a fonte, como se chama a fonte?, tem nome?, ouço a água e os seus salpicos tocam-me ao de leve na cara misturando-se e refrescando as lágrimas que correm. Tento sorrir ao mesmo tempo. Chamo-te ao mesmo tempo. Observo a gaivota que passa por cima da minha cabeça e pergunto-lhe o que queria perguntar a ti. Tenho esperança que te leve o recado. Fico sentada no meio da praça, daquela praça de que gostavas tanto, ouço a música que alguém toca de chapéu estendido, vejo as pessoas a cruzar-se em diferentes direcções, vejo as cores brilhantes de tudo, sinto o burburinho constante, a animação, a festa que são sempre aquelas ruas. Sentada no meio da praça peço. Penso. Apodera-se de mim um cansaço estranho e decido só me levantar quando já tiver chorado tudo. Porque faz parte, ouvi eu depois. Penso nas "borboletas ", as minhas, aquelas que estão dentro de mim à espera de ser soltas, para voar e colorir, levar ao mundo exterior a minha cor. Fico sentada mais um bocado, não sinto o peso da responsabilidade, sinto só o peso da solidão, daquela solidão que resiste à multidão e que tem um outro lado, o lado do crescimento, da emancipação mais profunda, da consolidação da confiança e da estrutura que me compõe, da menina que deixa de o ser. Sentada no meio da praça juro que vai haver um dia em que vou conseguir reconhecer o que de bom ela também tem. Convenço-me que ouviste tudo o que disse, levanto-me, levanto a cabeça e deixo-me perder de vista no meio da massa cheia de pressa para chegar a algum lado.

Hoje

Hoje é sobre mim. Hoje é sobre os passos a dar. Hoje é sobre pôr os medos de lado. Hoje é sobre começar a andar de bicicleta sem rodinhas confiando, no entanto, que a tua mão está sempre no meu ombro. Hoje é sobre concretizar sonhos e esperar que cumpram o que prometem. Hoje é sobre mimo enviado por mensagem. Hoje é sobre uma criança que mudou uma vida e sobre recordar a história da barriga cheia de lasanha porque não era suposto nascer nesse dia. Hoje é sobre estar aqui para a mãe e para a sua nuvem cinzenta a pairar por cima da cabeça, carregando o medo do que se aproxima. Hoje é sobre emails e telefonemas que me enternecem de alegria e esperança. Hoje é sobre quem confia em mim o suficiente para assinar em baixo sem hesitar. Hoje é sobre família. Hoje é sobre esperança em dias melhores. Hoje é sobre olhar para as ondas do cabelo e achá-las bonitas. Hoje é sobre não me deixar irritar por uma resposta idiota vinda de uma idiota que não me diz nada. Hoje é sobre um dia único que demora quatro anos a surgir e que por isso só pode ser especial e hoje é sobre o que acontece justamente hoje porque não era suposto acontecer antes. Hoje é sobre pensar em caixotes de cartão devidamente identificados e feitos com tempo. Hoje é sobre abrir armários há muito fechados. Hoje é sobre determinado alinhamento dos astros. Hoje é sobre acreditar no ano bissexto. Hoje é sobre mudança. Hoje é sobre chaves. Hoje é sobre o que é realmente importante.

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Perfil

Em modo "remodelações".


(ai, espera... já?!? mas, mas... ainda não estou preparada... ainda não pensei, não tive tempo, foi tudo muito de repente, ainda não sei bem o que quero... para que lado é que me viro primeiro? socorro! ai, ok, pronto, calma, respira, tu consegues, é a tua cara, tu sabes que é a tua cara... e tu sabes que vai ser giro que se farta :))

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Sou feliz quando...

... as palavras se juntam e me oferecem pura beleza...


"... dado que as crónicas se movem à superfície das coisas e os livros são peixes de águas profundas (...) numa crónica eu sei o que vou escrever. Num livro escrevo, cada vez mais, o que o próprio livro me dita ou, expresso de outra maneira, nas crónicas falo e nos livros escuto."

António Lobo Antunes
Crónica "Caminho como uma casa em chamas"

"Ah e tal, aqui só há malucos, ninguém vai dar por nada...!"

Em marcha

Saio do parque de estacionamento, dirijo-me, a olhar para as horas (sempre à cunha, sempre à cunha!), para a entidade patronal. De repente, ouço:

- Estás com pressa, tu!! A andar depressa, a andar depressa... ehehehe, por mim já marchavas, já..!


Sendo que a voz vinha do "pavilhão ao lado", código nosso quando nos referimos a alguém com desequilíbrios mentais - ou mais desequilíbrios mentais, assim é que é - fica a questão: era comigo? Era com o carro que ia a passar no mesmo instante? Era com a árvore em frente? Era com os seus botões...? Era alusão militar às minhas botas de cano alto????


We'll never know...

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

terça-feira, fevereiro 21, 2012

Ao serviço da nação

É Carnaval, não levo a mal...

sábado, fevereiro 18, 2012

Perfil

Tentei. Desisto.

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Frase do dia

"Sou cada pedaço infernal de mim. "

Clarice Lispector

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Porque às vezes não vale o esforço

21 Guns
Green Day

Do you know what's worth fighting for?

When it's not worth dying for?
Does it take your breath away
And you feel yourself suffocating?

Does the pain weigh out the pride?
And you look for a place to hide?
Did someone break your heart inside?
You're in ruins

One, 21 guns
Lay down your arms, give up the fight
One, 21 guns
Throw up your arms into the sky, you and I

When you're at the end of the road
And you lost all sense of control
And your thoughts have taken their toll
When your mind breaks the spirit of your soul

Your faith walks on broken glass
And the hangover doesn't pass
Nothing's ever built to last
You're in ruins

One, 21 guns
Lay down your arms, give up the fight
One, 21 guns
Throw up your arms into the sky, you and I

Did you try to live on your own
When you burned down the house and home?
Did you stand too close to the fire
Like a liar looking for forgiveness from a stone?

When it's time to live and let die
And you can't get another try
Something inside this heart has died
You're in ruins

One, 21 guns
Lay down your arms, give up the fight
One, 21 guns
Throw up your arms into the sky

One, 21 guns
Lay down your arms, give up the fight
One, 21 guns
Throw up your arms into the sky, you and I

Pérolas da "porca" #11 (variações dentro de um mesmo verbo...)

Ao telefone, com a mãe, sobre a sobrinha de um ano:

- Mas bateste-a? Não a podes deixar fazer isso! Tens que batê-la porque se não a bateres ela nunca mais aprende!

Amor é... incondicional

terça-feira, fevereiro 14, 2012

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Pérolas da "porca" #10 (hoje em estrangeiro...)

Num email:

"Comparando as duas empresas podemos verificar que, caso optemos pela XPTO, teremos um decréscimo nos gastos relativos aos seguintes aspectos:

Impressão: X euros
Distribuição: X euros
Endling: X euros"

(Refere-se à parte final do processo, portanto... ao end, deve ser isso...)

Prevendo (ou será prevenindo?)

Hoje estará especialmente explosivo pelo que se recomenda que pense até 10 antes de dizer algo de que se venha a arrepender.


Oh, que pena... (ar angelical e ingénuo descaradamente forçado regado de sorrisinho malicioso ligeiramente aquecido)... não sei contar até dez...

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Magia!

Também já, Clarice, também já...

"Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro por ele levar embora quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual porque, sinceramente, sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!"

Clarice Lispector

Frase do dia

"Eu sou mais forte do que eu."

Clarice Lispector

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Love, passion, talent and thought... check!

O barulho do silêncio

Não te apetece, não sabes porquê. Aceitas a falta de impulso, não o forçando, aceitas não ter nada mais para dizer. Limitas-te a sentir o velho e o novo, a olhar pela janela, a seguir pelo dia tão igual aos outros todos e resignas-te com quem és. Não te apetece e perguntas-te o que quererá isso dizer, perguntas-te mesmo sabendo a resposta que o cansaço e a desistência te devolvem sem palavras. Emudeces ao mesmo tempo que disfarças a respiração deixando que ela corra solta só quando mais ninguém te vê, quase só quando tu não te vês também. Não falas e sorris mesmo que o peito doa tão somente porque a dor já faz parte da casa, da tua natureza. Nada de novo, porque não sorrir? Admiras-te com a capacidade adquirida de fazer e sentir e pensar tantas disparidades ao mesmo tempo, em paralelo ou entrelaçadas umas nas outras. É certo, desististe de tentar perceber, colocas-te debaixo da chuva e molhas-te e a roupa ensopada já nem frio te provoca, atérmica, já se cola a ti. Nem por um segundo o teu vaivém pára mas já nem esse turbilhão te causa vertigens, já nem os sentimentos em rodopio e em equilíbrio instável sobre a tua cabeça, como detritos arrancados do chão por um tufão, te assustam. E já nem te apetece "driblá-los", esperas somente pelo choque de um deles contra ti , se e quando vier, sabendo que depois, é inevitável, lá te irás levantar outra vez. Viras a cara e não respondes às questões que se vão formulando, a repetição drena-te as energias e tu precisas delas para te dedicares ao que deve ser. Sorris mas já não emites qualquer opinião quando percebes, aqui e ali, a corrente em vigência, que parece ser agora a mais consensual no que respeita ao que nos deve reger, a nós habitantes deste mundo que não pára, de que o que importa é seguir em frente, sempre em frente, o que interessa é andar, andar sempre, porque sabes que desafiarás a tendência e teimarás em afirmar que, para ti, o que é mesmo importante é saber para onde, antes de tudo o resto. Ouves mas não te manifestas e só quando deitas a cabeça na almofada, lhe pedes paz e a sua mão no teu ombro ou a passar pelos teus cabelos, e pedes que te diga só que vai ficar tudo bem.

Agora muito a sério

Constatação #53

O meu cabelo também é um galo metereológico... mas em vez de mudar de cor, opta por revelar, mais ou menos, a sua costela "africana"... uma beleza!