Sentada bem no meio da praça. O que havia a ser feito já lá vai, cada um seguiu o seu caminho. O sol bate de frente e a incrível luz daquele espaço envolve as figuras. Sentada no meio da praça, olho para a fonte, como se chama a fonte?, tem nome?, ouço a água e os seus salpicos tocam-me ao de leve na cara misturando-se e refrescando as lágrimas que correm. Tento sorrir ao mesmo tempo. Chamo-te ao mesmo tempo. Observo a gaivota que passa por cima da minha cabeça e pergunto-lhe o que queria perguntar a ti. Tenho esperança que te leve o recado. Fico sentada no meio da praça, daquela praça de que gostavas tanto, ouço a música que alguém toca de chapéu estendido, vejo as pessoas a cruzar-se em diferentes direcções, vejo as cores brilhantes de tudo, sinto o burburinho constante, a animação, a festa que são sempre aquelas ruas. Sentada no meio da praça peço. Penso. Apodera-se de mim um cansaço estranho e decido só me levantar quando já tiver chorado tudo. Porque faz parte, ouvi eu depois. Penso nas "borboletas ", as minhas, aquelas que estão dentro de mim à espera de ser soltas, para voar e colorir, levar ao mundo exterior a minha cor. Fico sentada mais um bocado, não sinto o peso da responsabilidade, sinto só o peso da solidão, daquela solidão que resiste à multidão e que tem um outro lado, o lado do crescimento, da emancipação mais profunda, da consolidação da confiança e da estrutura que me compõe, da menina que deixa de o ser. Sentada no meio da praça juro que vai haver um dia em que vou conseguir reconhecer o que de bom ela também tem. Convenço-me que ouviste tudo o que disse, levanto-me, levanto a cabeça e deixo-me perder de vista no meio da massa cheia de pressa para chegar a algum lado.
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