sexta-feira, maio 30, 2008

Balalaica

É um erro comum, de gente comum, falar (ou escrever) sobre algum assunto e depois verificar que se enganou em alguma coisa. Ora eu, moça comum, lá meti o pé na poça no post anterior.

Quando me referi ao "televoto", assumi que qualquer pessoa podia votar em quem quisesse. Mas não é assim. Segundo apurei depois os habitantes de um país não podem votar no seu representante no festival da Eurovisão. Logo, os nossos imigrantes até são uma grande mais valia!

De qualquer forma, e pelos vistos, mesmo assim não foi o suficiente...

Mas desta conversa esclarecedora de onde saiu uma maior compreensão da minha parte de todo este processo obtive uma opinião que talvez explique alguns dos fenónemos a que assisti no festival.

De facto, países de leste votaram em países de leste. Ex-repúblicas soviéticas votaram na antiga mãe Rússia. A mãe Russia também não se coibiu de votar nos dissidentes. À partida parece estranho, não? "Então andaram todos à batatada sei lá quanto tempo e agora votam uns nos outros? Mas agora são amigos ou quê? Não podiam com os russos mas agoram votam no patinador de franjinha loura e até o levam à vitória??" Pois é... a explicação que me foi dada é simples e óbvia: afinidade cultural. Aquele tipo de música toca-lhes o coração porque também é o seu tipo. Têm a mesma linguagem musical. E não sendo experts na matéria (como seria de esperar do júri de qualquer país, continuo a dizer) seguem o sentimento.

Sendo assim, e no nosso caso, se não atirarmos muito para o faduncho, ainda temos alguma esperança nos votos da Espanha, França e Itália, eventualmente. Se vamos para o very typical é capaz de já ninguém nos entender...

terça-feira, maio 27, 2008

Russie: douze points!

No sábado passado dei de caras com a transmissão do Festival da Eurovisão no Canal 1. Já não via há anos... Depois percebi que não via há anos porque desde 2005 ou lá o que é que o nosso país não vai à final... ok, adiante.

Resolvi ficar a assistir até porque estas coisas dão sempre para rir um bocado principalmente estando acompanhada de amigos que não se coíbem de comentar e mandar piadas a respeito das músicas, dos intérpretes, dos fatos, dos apresentadores... enfim, de tudo o que mexa e não mexa!

E assim foi. Apanhei a coisa quando estavam a cantar os representantes da Croácia. Gostei. Simpáticos, animados, música alegre e despretensiosa. Nada de especial mas simpáticos. Mas... a partir daí... o chorrilho de aberrações não parou mais! Desde anjos e demónios, piratas, espanhóis alucinados, patinadores e sei lá mais o quê, este festival foi, no mínimo, recheado de... variedade!

Mas a parte realmente divertida ainda estava para vir: as votações! Eu lembro-me de haver um júri em cada país supostamente composto por gente experiente e tal, enfim, gente que percebia de música. Mas agora não! A votação é feita por qualquer pessoa que tenha um telemóvel à mão! Ora, isto coloca em cima da mesa alguns problemas que me parecem óbvios:

- os países com mais população têm maior probabilidade de ganhar (é ver a malta toda a ligar para o 808 lá do sítio para votar no seu país mesmo que a música seja uma treta)
- os países com mais vizinhos também (porque mandam as regras da boa vizinhança passar a mão pelo pêlo de quem está perto e nos pode vir a chatear um dia, o que não é propriamente inédito)
- mesmo não havendo nenhum interesse estratégico, convenhamos! estamos a falar de pessoas entendidas na matéria??

Ora, nos dois primeiros pontos, Portugal está arrumado à partida! Nem os imigrantes nos safam. No terceiro... é uma questão de pura sorte!

Mas ok, vamos lá ver isto, quem sabe me surpreendo, pensei eu. E surpreendi de facto! Pela negativa. Ao ver o desfile de canções fui anotando mentalmente aquelas que achava que NUNCA iriam ter grande pontuação porque não valiam mesmo nada. E eis senão quando verifico que a generalidade do "eurohabitante" gostou justamente dessas!

Enfim... mas no meio disto tudo consegui tirar algumas conclusões que acho que deviam ser analisadas seriamente pelos responsáveis pela organização do festival nacional para ver se conseguimos, uma vez que seja, um representante que vá à final do euro festival e ganhe aquela gaita!

Aqui vão elas:
- macadadas, palhaçadas, máscaras e teatrinhos funcionam que é uma beleza! Com cenários e tudo que é para ser a sério!
- moças "pernudas", loiras ou morenas, de minisaia (ou só cinto, como preferirem) a roçarem-se nos meninos do coro também funciona muito bem.
- e... surpresa das surpresas e que vi acontecer pelo menos em 3 das músicas (e que me dava um jeitão de manhã)... intérpretes capazes de mudar de roupa em 2 segundos , entre um compasso e outro, praticamente sem sair do lugar! Ora estou de azul, ora já estou de amarelo! Isso sim, é que é um verdadeiro espectáculo!

É esta a receita do sucesso, portugueses, é esta!

domingo, maio 25, 2008

Os cinco... além Tejo

Enquanto em Lisboa chovia e todas as previsões para o fim de semana prolongado eram para lá de desanimadoras, houve quem se aventurasse e com sorte, boa disposição, fé em São Pedro e demais divindades, e muita, mas mesmo muita!, vontade de abrir a época balnear, conseguisse usufruir de alguns dias de sol na costa alentejana. E aqui fica a prova:












terça-feira, maio 20, 2008

quinta-feira, maio 15, 2008

Para pensar

O futuro não é o resultado de escolhas entre caminhos alternativos oferecidos no presente mas sim um lugar que é criado primeiro na mente e vontade e depois na acção.

O futuro não é um lugar para onde estamos a avançar mas aquele que estamos a criar.

Os caminhos que conduzem a ele não são encontrados ao acaso mas construídos, e a acção de construí-los modifica ambos, o construtor e o destino.

John Schaar

quarta-feira, maio 14, 2008

E a cantiga continua...

"vamos ver isto de um ponto de vista mais conceitual" (... quase lá!)

"assim não conseguimos certidão absolutamente nenhuma" (pois, também acho!)

"desculpem lá o termo mas tenho mesmo que dizer isto assim: é importante aqui o factor de cagaço" (quem fala assim não é gago!)

"agora não vos consigo factualizar..." (mais um que não encontro... tenho que trocar de dicionário, decididamente... e vou aproveitar e pedir umas dicas aqui a este senhor!)

"terá sido um erro de estimação?" (foi, com certeza. chamava-se Tareco!)

terça-feira, maio 13, 2008

Festival

Canção: Formação em gestão de projectos. 2º dia.
Intérprete: Formador com " background em informática" (não sei de que tipo) e especialização em gestão de projectos. Experiência na dita numa consultora qualquer aí da nossa praça.

E a cantiga reza assim....

"temos necessidade de versionar o documento" (tem graça... o meu dicionário não encontra este verbo... deve ser uma edição antiga...)

"por um conjunto de características que agora não interessam, eu fui lá parar" (como disse?)

"eu sou aquele que é chamado quando as coisas correm mal" (tão competente... e modesto, caramba!)

"vamos tentar não nos lixar, não é?" (com o cliente. pois... que até somos nós mas deixa lá isso!)

"não podemos especificar as excepções porque é logo ali que o cliente pega. temos que ser subtis" (ok... o cliente agradece a dica!)

"a tua experiência pode não se reverter neste projecto" (pode? eu tenho a certeza que não se "reverte", fofo, a certeza!)

"eu tinha 1 ou 2 histórias da empresa X... mas é melhor não ir por aí" (olha... também tem experiência em cusquice! não nos tinha dito isso...)

"não sou nenhum Hemingway mas há quem diga que até escrevo muito bem" (pronto... se há quem diga... é porque é verdade. e a falar então és uma maravilha!)

segunda-feira, maio 12, 2008

O sonho comanda a vida, dizem...

Não vi a edição de ontem dos Globos de Ouro da SIC. Não vi por opção porque sinceramente me irrita um pouco a feira de vaidades que aquilo é. Acho muito bem, aplaudo de pé que se distingam os bons profissionais. Acho muito importante que neste país de valorize o que é bom, o que está bem feito em vez de só se destacar aquilo que não é positivo e nesse sentido concordo com este tipo de evento. Mas... para a parte do tapete vermelho, do desfile dos vestidos e fatiotas, não tenho a mínima paciência. Por isso, decidi-me por outros canais. Mas, ao fazer zapping, tive a sorte de passar por lá quando o Diogo Infante estava a agradecer o prémio de Melhor Actor de Teatro. E, não desmerecendo nenhum dos outros nomeados, nos quais se encontra o João Perry que eu adoro, fiquei contente, muito contente por ter sido o Diogo Infante a recebê-lo.

Lembro-me da primeira vez que o vi, na série A Banqueira do Povo. E lembro-me de o achar diferente, melhor, mais natural do que actores que estava habituada a ver. Destacava-se pela forma diferente de representar mas que, para mim, apesar de ainda ser uma miúda, era a que sempre me tinha feito sentido embora nunca tivesse conseguido explicar muito bem porquê. No fundo, ele materializou o que eu sentia. A partir daí, e de uma forma mais ou menos consistente, fui observando o que ele foi fazendo e a minha primeira opinião foi-se consolidando. Para mim é, hoje, um dos melhores actores portugueses, sem dúvida nenhuma. Quem me dera um dia ter a sorte de partilhar um palco com ele... isso sim, era a cereja no topo do bolo! Mas é sonhar de mais, eu sei. Primeiro, convém concentrar-me em partilhar um palco com alguém! Depois... vamos ao Diogo! ;)

sexta-feira, maio 09, 2008

A expressão da T. assenta aqui tão bem...!

Pronto, não dá! Irrita-me e quando me irrita tenho muita dificuldade em estar calada. Eu sei que consigo ser bruta, agressiva, insuportável até. Não é fácil fazer-me frente quando engato a primeira, eu sei, e o meu feitiozinho, quando me irrito, tem tudo de mau... a diplomacia tende a ir à vida e as palavras saiem, sem hesitação, sem apelo nem agravo, directas ao alvo. Regra geral o alvo não gosta... E por vezes tenho até consciência que abusei, que estiquei a corda só que... convenhamos! Estupidez tem limites, burrice tem limites, falta de profissionalismo tem limites, falta de noção também! Irra!

O que é que faz as pessoas perderem o senso comum? Ou o senso comum é um mito, ninguém o tem, e eu ainda não tinha dado conta?? Irra!

quinta-feira, maio 08, 2008

É fruta ó chicolate!

Está difícil... o sol espreita, espreita, aquece, já se faz sentir, mas ainda não fica por muito tempo! Quero praia, quero mar! Quero férias! Gelados, esplanadas, havaianas, peixinho fresco à beira mar, amigos a partilhar dias compridos na areia...

segunda-feira, maio 05, 2008

Mal me quer, bem me quer...

Os amigos dividem-se em dois grandes grupos: os que ficam e os que se vão embora. A partir daqui haverá mais subdivisões a ter em conta mas por hoje concentro-me nesta.

Os amigos que ficam, os que, no fundo, são senhores e detentores do grande "A" , são aqueles que, mais próximos ou menos, mais presentes ou mais ausentes, mais participativos ou mais discretos, nos atendem sempre o telefone com um sorriso, combinam um café num abrir e fechar de olhos e falam da vida com o à vontade de quem se sente em casa.

Existem depois os amigos que se vão embora. Pessoas que cruzaram a nossa vida em determinado momento, com quem houve aproximação e empatia suficiente para serem colocados na lista da amizade mas que, por iniciativa deles ou nossa, ou porque a vida assim o decidiu, movem-se agora num universo que não nos inclui.

Mesmo quando a decisão de separação é nossa, mesmo sendo nós a concluir que a empatia que justificava a nossa amizade já não existe e que a teia que nos enredava se rasgou, há sempre uma saudade que fica. Saudade das cores da nossa amizade, porque cada amizade tem uma paleta de cores diferente, saudades da ligação que conseguimos estabelecer que é sempre particular e irrepetível, saudades do momento que vivíamos nessa altura... Quando a ruptura parte do outro lado... dói. Porque para nós essa amizade podia ainda estar longe do fim e podiamos continuar dispostos a investir e a fazê-la crescer, porque continuamos a gostar de a sentir e ouvir, porque ainda nos sentimos, como nos dias de chuva em que estamos em casa, confortáveis e quentinhos e seguros, porque a amizade aquece e ajuda-nos a construir o que somos... Porque é uma rejeição, é ouvir sem som as palavras "já não gosto mais de ti".

Nesse momento, sentimo-nos de volta à primária, pequeninos e inseguros, achando que é o fim do nosso mundo porque não podemos brincar. Nesse momento, duvidamos, questionamo-nos, tentamos perceber onde errámos, não queremos acreditar que o nosso amigo não seja tão amigo assim, tentamos arranjar explicações mais ou menos lógicas que consigam justificar esta falta de interesse na amizade que temos para oferecer. Porque acabamos sempre por tentar desculpá-los... afinal de contas... são amigos... (eram?)... são...

Mas chega-se a um ponto, tal e qual como nas relações amorosas, em que temos que escolher um de dois caminhos: ou continuamos a insistir na esperança de recuperar o que se perdeu porque nós sentimos falta, ou deixamo-lo ir. Os mais racionais vão directos para a libertação, muitos de nós têm que passar pelo primeiro dos caminhos até finalmente encontrar o outro... mas acredito que chega sempre a altura em que percebemos simplesmente que a amizade não pode ser unilateral. A amizade alimenta-se de sorrisos de parte a parte, de atenções de ambos os lados, cresce e desenvolve-se bebendo dos gestos que damos e recebemos e por tudo isso só a merece quem a consegue retribuir.

sexta-feira, maio 02, 2008

Duelo II

Ela fala, ele responde. Ela volta a responder. Um olhar mais duro, um tom de voz mais ríspido e não tarda estão os dois envolvidos numa espiral de acusações, histórias passadas trazidas a lume, raiva, desculpas, erros apontados, críticas, orgulho. Às páginas tantas, a razão inicial é diminuta comparada com o que foi surgindo pelo caminho. Às páginas tantas, já não são "ela" e "ele" mas dois seres que se desconhecem.