sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Valorizar o que a vida tem de bom...

... relativizar o que tem de mau (ou menos bom, como dizem os psicólogos).

Ultimamente tenho ouvido isto com alguma frequência. Em relação a mim, em relação aos outros. Estamos mais velhos, mais deprimidos, talvez, e por isso parecemos andar a precisar de truques deste género para lidar com o que nos aparece pela frente. Quem disse que isto ia ser fácil? Ninguém disse mas, que eu me lembre, também ninguém me disse que, às vezes, ia ser tramado como é. Posso assim dizer que fui enganada, vim para esta vida meio iludida, essa é que é essa. Mas pronto, já que cá estou, agora é levar em frente.

Por isso, e visto que a minha paciência para certas coisas anda no limite e tenho dado por mim a consumir tempo e energia com merdas (peço desculpa pela expressão mas não há outra forma de classificar) e a deixar-me irritar por elas quando, a bem da verdade, nem me deviam sequer tocar ao de leve, vamos lá embora valorizar o que é bom:

* hoje é sexta-feira! (a p**** da semana pode não ter tido mais nada de bom mas tem sempre uma sexta-feira);
* hoje incluí mais um colega na minha lista oficial de "fofos" por me ter desenrascado uma situação sem qualquer tipo de obrigação e sem pedir nada em troca. Ainda há gente boa, há sim senhor;
*hoje está sol, tempo ameno, a lembrar a Primavera (vamos ver se se mantém);
*hoje a minha empregada ligou a dizer que o ferro de engomar pifou de vez. O que isto tem de bom? O dito não provocou um curto circuito, a casa não ardeu e foi-me assim dada oportunidade de gastar parte do fim de semana a actualizar-me sobre o que se faz de novo neste fascinante mundo dos pequenos electrodomésticos;
*hoje é sexta-feira! (eu sei que já disse mas não me canso de repetir);
*hoje vou ter programa de amigas, não de borga, mas daqueles em que se desabafa e se alivia a mente. Nada como a companhia de boas amigas para descermos à terra, ouvirmos e dizermos umas verdades e acabarmos a noite a rir das palermices que nos passam pela cabeça;
*hoje o gajo disse que eu estava gira (também disse ontem, é verdade, mas faz todo o sentido, porque estava mesmo);
*hoje confirmei que os meus pais continuam uns chatos de primeira (portanto, continuam a ser os pais que sempre conheci e isso é bom);
*hoje, pelos vistos, é dia de dizer coisas que, fora do contexto, são levadas para um outro lado, bem menos inocente e, por isso, bem mais interessante;
*hoje é fim do mês, logo, o último dia para gozar horas acumuladas. Vou sair mais cedo! Iiiuuppii!

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Este país consegue ser tão pequenino...



A notícia já não é nova mas não consigo não comentar: portanto, houve quem se manifestasse contra a capa de um livro, fizesse queixa e houve quem deve ouvidos e agisse. A capa tinha a imagem em cima (segundo alguns bracarenses, pornográfica!) e a PSP, por via das dúvidas e não fosse a dita originar pancadaria entre livreiros e visitantes, retirou o livro das bancas e pronto.

Mais uma vez... que há bimbos, gente pequenina, tacanha, pouco aberta, idiota, "poucachinha" neste país, já todos nós sabemos. E, infelizmente, ainda não é uma minoria. Mas que haja quem lhes dê espaço, tempo de antena, credibilidade, ouvidos, isso aí já é demais! E depois argumentam "se não tivéssemos agido e houvesse desacatos, éramos criticados... Assim, decidimos agir preventivamente". Boa, senhor segundo comandante da PSP, boa! Porque assim não foram nada criticados, nada!!

Mas, já agora, o que vai fazer quando o livro tiver voltado às bancas? Destacar um agente para vigiar o dito e, de antemão, impedir qualquer cidadão de desatar à estalada ao livreiro por vender aquela indecência? Ou pôr-lhe um paninho por cima para evitar que crianças, mães indignadas e beatas se sintam ofendidas??

Esta é daquelas situações que me faz ter vontade de distribuir biqueiros indiscriminadamente...

Sopas e descanso



"Esta semana tem só dois dias, esta semana tem só dois dias..."

E a repetir esta frase vezes sem conta, me levantei hoje da cama, dando oficialmente por terminadas as minhas mini férias.

Ainda na "bagagem", os ares da Serra, os grelhados cá fora, o verde à minha volta, o tempo bom, de sol e cheiro a Primavera e a lareira a crepitar mais para a noite. Depois, de volta, o jantar de Carnaval com os foliões do costume, este ano a foliar mais baixinho e o feriado a chamar por peixinho e beira-mar. Ontem, dia só para mim. Para eu fazer o que quisesse. E eu fiz.

Só faltam dois dias, só faltam dois dias...

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Os pais serão sempre pais e não há nada a fazer

Estando eu de malas aviadas para ir passar o fim de semana fora e depois de cravar que me alimentem os gatos, começa a ressurgir à superfície o sentido de missão parental que se lhes está entranhado na massa do sangue desde que olharam para nós ainda vermelhos e enrugados:

Versão mãe
Mãe: Vão a que horas? Só à noite?
Eu: Pois, mãe, toda a gente trabalha, é difícil sair cedo.
Mãe: Então mas... vão chegar às tantas da noite! E o que comem? Não têm nada para comer? Queres que faça uma tarte para comerem quando chegarem?
Eu: Não é preciso, deixa lá.
Mãe: Queres de frango ou atum?
Eu: Mas... eu disse que não valia a pena...
Mãe: Vou fazer aquela de frango do outro dia. Depois combina-se para vires cá buscar.

Versão pai
Pai: Vão a que horas? Só à noite?
Eu: Pois, pai, toda a gente trabalha, é difícil sair cedo.
Pai: Mas isso de "noite" é o quê? 18h? Para lá chegaram no máximo 21.30h?
Eu: Não... somos capaz de sair de Lisboa mais tarde do que isso...
Pai: Grunf... conduzir à noite... pois... vá lá, está tempo bom, não chove. Chegam lá, quê, à meia noite, 1h da manhã?
Eu: Talvez mais cedo...
Pai: Impossível! Se forem devagar, a respeitar os limites, como vocês certamente vão, só chegam a essa hora!
Eu: Errr... pois, deve ser isso, devo ter feito mal as contas...


Conclusão: lá vou eu, de tarte de frango nos joelhos até à Covilhã inventando, à medida que o tempo passa, que não, não, ainda estamos muito longe, ainda vou uns km valentes atrás...

Sicko

A doentinha/quase moribunda de estimação aqui do sítio finalmente concluiu, após mil exames e análises e infinitas idas a todos os especialistas e mais alguns, durante longos anos da sua vida que... não tem nada! E que o problema dela é na cabeça e que é hiponcondríaca. A sério?!?! Que descoberta extraordinária que nunca tinha passado pela mente de nenhum de nós..! Podia-me ter dado a fortuna que andou a gastar nos doutores que eu dizia-lhe exactamente a mesma coisa, boa?! Mas enfim...

Bom, como concluiu que o problema é psicológico (do 5o andar, como ela diz), começou a fazer terapia e a tomar uma droguitas daquelas que fazem a malta sentir-se de bem com a vida, leves e soltos, mas com marca farmacêutica. Uma onda de entusiasmo apoderou-se de nós: Fixe! Finalmente vamos ter paz e vamos deixar de ouvir falar de sintomas, doenças várias, graves e menos graves, fluídos corporais, bactérias, eczemas e fungos! Jesus! Aleluia! Ámen! Viva as drogas legais! O Senhor seja louvado em toda a sua glória!!!

Ingénuos... tão ingénuos... é claro, é óbvio que não podia ser assim tão fácil... é claro que ela tinha que reagir mal à p**** da medicação logo no primeiro dia! É óbvio que os comprimidos tinham que a deitar a baixo, deixar para morrer, fazer sentir "tão mal, tão mal, tão mal, tão mal!" e "com as pernas a tremer e os braços e as mãos" e "a cabeça a latejar que até se me vêm os vómitos"! Tinha que ser, não é...?

E agora? E agora, quando já víamos a luz ao fundo do túnel, o que fazer? Será que deviamos falar com ela, dar a nossa opinião de colegas, pessoas preocupadas com o seu bem estar (e, acima de tudo, com a nossa sanidade mental!) e dizer, sei lá, que o organismo leva a tempo a habituar-se a estas coisas, que é normal, que NÃO, e repito NÃO, deve desistir? Mas pensando bem... o que é preferível? Continuar a tomar para se curar do "5º andar" e não importunar mais as pessoas sendo que, enquanto cura e não cura (se curar...), anda-se a arrastar por aqui, aos "aiii... aiii... aiii" de 5 em 5 minutos e a falar do assunto em qualquer conversa, com todos os detalhes assustadores, mesmo que a mesma seja sobre as salsichas do almoço?? Ou então largar a medicação, deixar de se arrastar e gemer (por agora!) e rapidamente voltar ao mundo dos achaques constantes e das TAC e dos especialistas e dos exames e dos relatos de tudo isto a quem não consegue fugir a tempo??

É impressão minha ou isto para ela é uma win-win situation?

"Mangalhães"

Tribunal manda retirar nudez de 'Magalhães' no Corso de Torres Vedras

Esta é a notícia. Já a tinha ouvido ontem e ontem ainda ouvi as declarações do presidente da Câmara de Torres Vedras e das gentes locais. Concordo com eles! Isto é uma palhaçada! Censura, pura e dura, digam lá o que disseram.

Tudo começou com o alerta de um cidadão para a "pornografia acessível a crianças" por causa de imagens de mulheres numa réplica do computador Magalhães, feita especialmente para o Carnaval, e que está colocada na praça central. Só pode ter sido uma beata, convenhamos! Até porque nestes corsos a coisas foge sempre para a... como diria o cidadão preocupado com a moral e os bons costumes... indecência! e de certeza que esta não é a peça mais polémica. Mas pronto, o senhor ou senhora sentiu-se incomodado, ok, o cidadão em questão até deve ser bimbo, retrógada, beato, isso até engulo, que remédio... mas daí ao Ministério Público ter ordenado a remoção... é triste, realmente triste.

Enfim, agora, na escultura pode-se ler "Conteúdo removido/censurado por ordem da senhora procuradora da 1ª delegação do Tribunal de Torres Vedras", que vai lindamente com o espírito carnavalesco.

Será que a seguir vêm atrás de mim por causa no título do post!?!?

Meeedddooo.......


Adenda: Entretanto, as mentes iluminadas cairam em si e reconsideraram, emitindo um novo despacho autorizando as imagens de mulheres despidas que ontem foram mandadas retirar.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Larápios à procura de lugarzinho no céu


Mostraram, portanto, que são ladrões mas têm honra, consciência. Porque "só" queriam roubar as bebidas mas o entusiasmo levou com que, pelo caminho, marchassem também o micro-ondas, o forno, a máquina registadora, etc. e tal. É humano, é humano, a pessoa está a roubar e aquilo até está a correr bem e a malta entusiasma-se e até leva coisas que não quer. Tipo compras compulsivas. Neste caso furto compulsivo. Que é tipo doença. Se calhar até fazem terapia e por isso cairam em si antes de meter o resto no prego. Acontece nas melhores famílias.

Como são conscientes mas não são burros mandaram um mapa para o dono encontrar a mercadoria sozinho. E ele encontrou! Excepto as bebidas, claro. Mas essas, pronto, essas eles queriam mesmo roubar portanto está certo...

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Fartura!



Eh lá!! Acabou de me chegar às mãos o recibo de ordenado deste mês. Fui aumentada! Diz que é consoante a inflação. Eu não sei mas digo-vos, é uma coisa louca... estou aqui que nem posso com a dinheirama que me vai cair ao colo! Ai, já me estou a imaginar... vai ser a doideira! Ela vai ser cremes e roupas e jóias e viagens e jantares e maluqueiras diversas! E tudo e tudo e tudo o que eu conseguir com mais... 46€ por mês! Ilíquidos!

Vai ser a p*** da loucura!

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Pelo sim, pelo não...

Recebi esta notícia por email. É curiosa e dá para sorrir.

Mas o que me desmanchou mesmo foi o que a E. escreveu a acompanhar a dita:

"Migas !! Acabaram-se os nossos dias d sofrimento!! Acabaram-se as ceras kentis, os pelos encravados, o porozinho em sangui............ VIVA O PELO K ELE È NOSSO AMIGO!!"

Como diria um outro amigo meu, há pessoas lindas, não há?

Gula

Ok, parou! Vou desistir de ver blogs de culinária como este!

A sério, não tarda estou a salivar para cima do teclado e, conhecendo-me como me conheço, já sei que estas imagens se vão fixar no meu cérebro e depois, cada vez que me apetecer comer alguma coisa, vai-me apetecer exactamente isto! E daí a, efectivamente, me meter na cozinha na tentativa de reproduzir a receita é um passo... e depois não há caminhadas de meia hora que façam efeito!

Mas pronto, como não é justo ser a única a sofrer com este tipo de problema, deixo aqui um mimo... só para alegrar o dia... ;)

O povo é quem mais ordena

Eu não sou entendida em política nem pretendo ser. As politiquices irritam-me e a maioria dos políticos também. Falam, falam, gostam muito de se ouvir mas, regra geral, é muita parra e pouca uva.

Não obstante, sou uma pessoa informada. Ou pelo menos tento ser.

E já não é a primeira vez que chego a esta brilhante conclusão... o povo tem aquilo que merece. Porque faz por isso! Assim foi no caso Felgueiras (depois da trafulhice toda, os felgueirenses voltaram a escolhê-la ) e agora isto...

É impressão minha ou isto tem todo o potencial para dar chatice? Eu acho...

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Chuiff...

Avaliação.

Colega que foi avaliado abaixo do que pretendia diz-me:
- Não vou reclamar. Acho injusto mas não vou reclamar. Porque se reclamar podem tirar-te a nota e dar a mim e eu não quero isso. Por isso, para não te prejudicar, vou ficar quieto.

(Epá... obrigadinho... que gesto bonito... juro que até me vieram as lágrimas aos olhos... não se notou, eu sei, como foram só ali uns segundos enquanto me escangalhava a rir por dentro e por fora fingia que acreditava na treta ridícula e irreal que estava a ouvir e no teu ataque súbito de altruísmo... mas foi, chorei até um bocadinho...).

Perua

Organização de conferência internacional.

Uma colega fala ao telefone com a agência de viagens para acertar uns pormenores:

- Pois, D. M., tenho aqui este fax, da participante peruana. Ajude-me lá que não entendo bem o que ela quer... ela diz para contactarmos a embaixada do Peru. Mas não explica qual! Será a embaixada do Peru em Portugal ou a embaixada do Peru no Peru?

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Eu não disse...?


Your Candy Heart Says "Get Real"



You're a bit of a cynic when it comes to love.
You don't lose your head and hardly anyone penetrates your heart.
Your ideal Valentine's Day date: is all about the person you're seeing (with no mentions of v-day!).
Your flirting style: honest and even slightly sarcastic.
What turns you off: romantic expectations and "greeting card" holidays.
Why you're hot: you don't just play hard to get - you are hard to get.

Sexta-feira 13

Gosto deste dia.

E isto hoje está ao rubro! Baixou a sexta-feira 13 em toda a gente. Só falta começarem com espasmos e a falar grosso com sotaque jamaicano.

E eu divirto-me.
;)

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Ai lóve iu

Gosto muito de feriados. E gosto muito de comemorações. E gosto de dias especiais e acho que qualquer razão é uma boa razão para se fazer uma festa. Mas.... não suporto o Dia dos Namorados! Dá-me nos nervos, o que se há-de fazer...

Lembro-me da primeira vez que o celebrei. Tinha uns 12 ou 13 anos e estreava-me nos namoros "a sério" (durou 1 mês, não é coisa pouca! Ok, só nos viamos ao fim de semana mas isso é um pormenor sem importância nenhuma). O que é certo é que, a dada altura, me comecei a fartar do rapaz, a aborrecer com a história do namoro, a achar tudo aquilo uma seca (mal eu sabia que viria a ser um tipo de sentimento recorrente...) mas, e um grande MAS, o Dia dos Namorados estava à espreita. E eu nunca tinha vivido um Dia dos Namorados... por isso, de forma 100% interesseira, decidi adiar a machadada final para depois desse dia. Afinal de contas, falavam tanto da coisa, era tão importante para as minhas amigas todas, uma emoção tão grande, que seria um desperdício perder por uma questão de dias! Não! Já agora, aguento mais um bocadinho.

Escusado será dizer que foi uma desilusão. Lá nos encontrámos e ele deu-me... um mini ursinho azul, espetado num arame, que servia para enfeitar bolos ou lá o que era. Fiquei a olhar para aquilo feita parva. Achei patético, não percebi como é que alguém pode achar piada a uma coisa daquelas e, sem consideração pelo gesto do rapazinho, o namoro, já moribundo, deu ali o seu último suspiro.

Daí tirei uma lição que me durou o resto da minha ainda curta existência: eu não sou feita de massa que se derreta facilmente. Lamento, é a vida, mas é assim mesmo. Logo, para mim, o Dia dos Namorados é uma piroseira pegada e que só se aguenta com paixão, daquela parva de todo, que é ceguinha como um morcego, nos inunda o coração e nos faz começar a tresler. Tudo parece lindo e mágico porque, de facto, não estamos a ver bem a coisa. Estamos, digamos que.... pedrados. E como toda a gente sabe, quem está pedrado, não só não tem noção do que faz como tem o dom de escolher a dedo as piores figuras tristes para, de seguida, as fazer. Porque, como é que se explica que alguém tolere os "bilubilu", "pitchu, pictchu, pitchu", "quem é a minha fofinha, quem é? quem tem o narizinho mais lindo, quem tem? xou eu..." se não estiver bêbado ou drogado???

Bom, cheguei a essa conclusão muito cedo, talvez cedo demais, com o tal namoradinho. E desde então não mudei muito de opinião nem de atitude. Por isso, esforço-me para não ligar nenhuma ao dia. Mas isto requer esforço porquê? Porque é praticamente impossível fugir à onda de piroseira e derretimento farsola que por aí anda nesta época! Ele é ofertas de packs de jantares românticos, de programas a dois em hoteis de luxo, passatempos na rádio, toques de telemóvel "I just call to say I love you", serviços de mensagens tipo "És a minha coisinha mai' linda", de termómetros do amor, ursos e mais ursos com corações e mais corações em todas as lojas, lojecas e barracas de jornais. Enfim, uma inundação amorosa que me faz arrepiar aqui assim atrás na nuca, tipo unhas a raspar em quadro preto.

Em conversa com os coleguinhas, veio à baila o assunto, pois claro. O que vão fazer, o que não vão fazer, se fazem questão, quem gosta, quem não gosta e eis senão quando ouço o seguinte:

"Ai, eu gosto muito. Vamos sempre jantar os três."

Juro que, de repente, uma onda de admiração me assolou. Por momentos, aquela pessoa subiu na minha consideração. Caramba, isto é que é ser modernaça! Não ter medo de assumir uma relação diferente, muito bem! O que interessa é ser feliz e no amor não há lugar para preconceitos, ora nem mais!

Até que ela acrescenta;

"O meu filho adora este dia e nós até lhe compramos uma prenda! Ele é o resultado do namoro dos pais logo faz sentido que participe."

Depois disto, resolvi não comentar porque ia, de certeza, sair asneira da grossa...

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Savoir faire

Recebi o seguinte comentário, da minha superior hierárquica, a um texto escrito por mim, de resposta a um pedido de apoio financeiro:

"Está um pouco forte demais. Suavizar e juntar qualquer coisa de mais positivo (votos de sucesso... ou qualquer coisa deste género)."

Não percebi... que mal há em dizer que os tipos são uns chulos, uns chupistas de primeira e que deviam mas é ir trabalhar e deixar de pedinchar o dinheiro dos outros? É que não vejo qual é o mal... (pergunto eu com cara de anjinho papudo...)

;)

terça-feira, fevereiro 10, 2009

IPO

Passam por mim muitas vezes. As caras, o momento em que entraram na minha vida, o momento em que as suas histórias se entrelaçaram na minha e passaram a fazer parte dela, a compô-la, a enfeitá-la, como personagens secundárias num filme, num determinado cenário. Não são a peça central, não são o motor da narrativa mas têm vida, peso, ocupam lugar e, muitas vezes, "roubam" a cena. Compõem as minhas memórias porque passaram a fazer parte da minha história e sempre que olho para trás, todos estes rostos aparecem.

O do lado, atarefado, de computador e telemóvel em punho, a gritar ordens e decisões ao telefone, a cama inundada de papéis. A não querer deixar a sua vida de lado só porque está ali. A esforçar-se por manter tudo igual. Talvez porque necessite, talvez porque não saiba fazer de outra forma. O da ponta da sala, sombra do que já foi. Nunca vi os seus olhos, nunca ouvi a sua voz. Farrapo humano que parecia nunca estar consciente. Parecia sim mas nunca soube verdadeiramente, duvido que alguém saiba. Ao lado, alguém a fazer festas na sua cabeça. Provavelmente um irmão, tão parecido que era... a personificar o"antes". Na cama, estava o "depois". No meio da sala, o homem robusto que ninguém imaginaria doente. Calado, sozinho, emigrante retornado após muitos anos, com relações cortadas com a família que deixou em França. Nunca disse o nome de ninguém, nunca deixou que os contactassem. Comia os doces que traziamos a mais já a pensar nele. Morreu como escolheu: sozinho. Em frente, numa primeira fase, o rapazinho cigano. 16 anos e muita alegria ao falar do que iria fazer quando saísse: as festas, as miúdas, as discotecas. E toda a família à roda, a rir com ele. O pai, o mais barulhento, o mais activo, o mais animado, de vez em quando saía do quarto, de sorriso escancarado, falando alto e desculpando-se com algo, para ir chorar baixinho no corredor. Depois, o da máscara de oxigénio. Corpo marcado, pele como uma tela onde se vê pintada toda a história. Olhos brilhantes, vivos, sedentos de mais. Atrás da máscara, presa naquele corpo cada vez mais deformado, uma alma brilha, viva, cheia de energia, a querer sair daquele invólucro para continuar a viver. Mas também manchada de resignação por saber que não havia saída.

E depois a minha história. As conversas infinitas, às vezes sem perceber se estava a ser ouvida, mas continuando sempre porque podia ser que... O esforço para conter as lágrimas. Porque não queria que me visse triste, que me vissem, porque não me achava no direito de estar triste quando, à minha volta, havia gente tão mal, tão pior que eu. O sol lá fora, a vida lá fora que chegavam a ser ofensivos por serem tão desejados e tão inalcançáveis ao mesmo tempo. O cheiro.

A minha história entrelaçada que faz de mim o que sou hoje. Não sei os seus nomes, não conheço o destino da maioria. Sei que, infelizmente, me fizeram acreditar que, afinal, o Inferno existe. É ali.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Classe

(Antes que alguém se manifeste, acusando-me de insensibilidade, futilidade e outras do género, aviso que este texto deve ser lido como foi escrito, com humor. Porque, como já dizia a minha avózinha, mais vale rir que chorar. Ou, pelo menos, sorrir. E nestes tempos que correm, bem precisamos!)


Estamos em crise, estamos em crise, é o que se ouve por todo o lado. Regra geral não corro a engrossar a massa só porque toda a gente diz que a coisa está preta. Dou sempre o devido desconto, tento não me deixar afectar pelos alarmismos e exageros tão comuns quando há eleições à vista. Eu até vejo que andamos mal, com fábricas a falir e notícias de despedimentos todos os dias mas a verdade é que, como quase toda a gente que conheço, só começo verdadeiramente a acreditar quando a coisa me bate à porta. Aí sim.

Portanto, visto que os euros na minha conta têm vindo, cada vez mais, a desaparecer a uma velocidade estonteante, sou obrigada a concluir que sim, estamos oficialmente em crise. Ou pelo menos, eu estou! Faço contas para cá, contas para acolá, na esperança de perceber que "ah, mas este mês foi diferente por causa desta despesa extra" ou "pois, houve aqui um engano, as minhas contas estavam mal feitas e afinal até tenho mais dinheiro do que julgava" mas não... não tem acontecido. Bate tudo horrivelmente certo.

Confesso que, como moça poupada que sou, me habituei a ter sempre uma almofada confortável. A tal que serviria para qualquer emergência ou despesa caída de pára-quedas. E confesso também que sempre me fez impressão aquelas pessoas que, ganhando mais ou menos o mesmo que eu, chegavam sempre ao fim do mês com a corda na garganta, a contar o tostão para almoçar. Julgava eu que era falta de organização.

Agora, pois, tenho me conformar: sou rapariga média baixa, é o que é. Daquelas que, depois de pagar as despesas todas, fica só com uns trocos no bolso e não, não pode comprar aquelas botas giríssimas que anda a namorar nem pode dar-se ao luxo de jantar fora todas as semanas e tem que se habituar a largar o vício do cinema na sala escura e passar a alugar e a ver em casa, ao domingo, de mantinha no joelho. Pertenço oficialmente ao grupo dos enrascados. É deprimente...

Parlamento recomenda Plano Nacional de Promoção da Bicicleta...


Acho muito bem, muitíssimo bem mas, assim de repente, algumas questões se me colocam:

Eu conheço uma ciclovia na cidade de Lisboa que, praticamente, ninguém usa... já alguém se deu ao trabalho de perceber porquê? Acho que é capaz de ser inteligente analisar esse caso ANTES de se avançar com mais iniciativas. Só assim, porque, sei lá... podiam aprender alguma coisa, ninguém nasce ensinado, não é verdade? E também porque, sei lá, era giro não andarem a gastar o dinheiro da malta a cometer os mesmos erros que cometeram antes... digo eu, é só uma sugestão.

E depois... eu ainda tenho alguma dificuldade em visualizar Amesterdão ou Viena em Lisboa no que diz respeito ao uso da bicicleta... chamem-me céptica mas acho que as 7 colinas têm alguma coisa a ver com o assunto...

Gato-cuco



Gato G. no seu chalet, que quando bate o sol se transforma em sauna suspensa tipo jardim da Babilónia, sendo sempre um excelente posto de observação para o resto da casa. Quem pode, pode...

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Quem não gosta de animais não pode gostar de pessoas

Um cachorro foi atirado pela janela de um automóvel. O condutor da viatura que seguia atrás encetou uma perseguição que acabou com duas violentas bofetadas na mulher que se havia desembaraçado do "embrulho". Hoje, a cadela que salvou vive consigo.

Aqui, esta e outras histórias de crueldade, violência e bestialidade humana mas também de carinho, bondade, amor, dedicação, de finais felizes para pessoas e animais, e de revolta e inconformismo em relação a este tipo de gente e em relação a um país que chega a ser ridículo no que diz respeito à protecção dos animais e à devida responsabilização de quem os maltrata.

Continua a ser transparente e eu continuo a não ver nada, ou a ver tudo, já nem sei...

Chata como só eu, resolvo esmiuçar mais um pouco a questão.

Às minhas provocações respondem:

- Transparente porque, por exemplo, 'tás a ver o email mas não vês o que está por trás dele, entendes?
- Não, não entendo. Se não vejo o que está por trás é porque o email, quanto muito, é opaco, logo o contrário de transparente.
- Mas não, não é isso! O que está por trás é que é transparente! Não o vês, 'tás a ver?
- Aaah! ... mas o termo correcto, nesse caso, não será, sei lá... invisível?
- Não... é transparente!
- Como uma janela?
- Sim!
- Mas... eu vejo a janela... está ali.... estou a vê-la...
- Grunf....!!

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

É que é transparente!

O compliance, o body, o attach, o archive, o pst, o exchange e o informático que dá formação mas não fala "peva" de português embora o seja.

Ah! Espera... fala sim. Transparente... isto para vocês é transparente, aquilo é transparente, o processo é transparente.

Vê-se através dele, portanto? Ah... não é bem isso... ? Ok, erro meu certamente.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Hoje não é o meu dia



E ainda bem!

Estive a milímetros de levar com esta placa, de 60cm x 60cm, de um material prensado qualquer que compõe aqui o tecto falso.

Estava sozinha na sala, ao computador... ouço ranger... resolvo olhar para o biombo atrás de mim, que só os deuses sabem como ainda não se desmanchou todo tal é a sua qualidade, achando que vinha daí o ruído. E durante estes segundos sinto, do outro lado da minha cabeça, algo a passar em grande velocidade e ZÁS! a estatelar-se na minha mesa. Era a placa.

Portanto... não era a minha hora, não é o meu dia, posso perfeitamente sair à rua e atirar-me para a frente de um autocarro que hoje não me acontece nada.

Nota curiosa: ao contar a história a um colega, esperando preocupação com o meu estado ou com as condições de trabalho que nos oferecem, ele responde "Parva! Depois da placa cair, punhas a cabeça lá de baixo, gritavas para te acudirem e, quem sabe, ainda sacavas uma indemnização!"

Quem tem amigos tem tudo, pá...

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

A fasquia

2ª feira. A preguiça do costume, a vontade de dormir, a falta de paciência para seja o que for e a cabeça a fugir para os dias que passaram. Amigas do peito, quase irmãs, risos misturados com chuva, muita chuva, conversas nossas, pelas ruas velhinhas da nossa cidade, música a fazer dançar, pular, cantar como se não houvesse amanhã. Nós, juntas. A cama quentinha ao chegar e a ilusão doce, de ninho que me faz pensar que está tudo só no começo. Mas fico sem forças. Não me reconheço e não gosto do que vejo quando olho em volta. Quase que me falta o ar. Os momentos antes de um fim? Um fim que não se vê mas que se sente, um fim interno de um tempo interno que pode não berrar, não gritar anunciando que chegou mas que o é, simplesmente. Porque os olhos têm um certo brilho de medo, de pena, de dor, às vezes de ódio. E esse brilho crava-se na memória e muda-nos de forma irreversível.