segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Classe

(Antes que alguém se manifeste, acusando-me de insensibilidade, futilidade e outras do género, aviso que este texto deve ser lido como foi escrito, com humor. Porque, como já dizia a minha avózinha, mais vale rir que chorar. Ou, pelo menos, sorrir. E nestes tempos que correm, bem precisamos!)


Estamos em crise, estamos em crise, é o que se ouve por todo o lado. Regra geral não corro a engrossar a massa só porque toda a gente diz que a coisa está preta. Dou sempre o devido desconto, tento não me deixar afectar pelos alarmismos e exageros tão comuns quando há eleições à vista. Eu até vejo que andamos mal, com fábricas a falir e notícias de despedimentos todos os dias mas a verdade é que, como quase toda a gente que conheço, só começo verdadeiramente a acreditar quando a coisa me bate à porta. Aí sim.

Portanto, visto que os euros na minha conta têm vindo, cada vez mais, a desaparecer a uma velocidade estonteante, sou obrigada a concluir que sim, estamos oficialmente em crise. Ou pelo menos, eu estou! Faço contas para cá, contas para acolá, na esperança de perceber que "ah, mas este mês foi diferente por causa desta despesa extra" ou "pois, houve aqui um engano, as minhas contas estavam mal feitas e afinal até tenho mais dinheiro do que julgava" mas não... não tem acontecido. Bate tudo horrivelmente certo.

Confesso que, como moça poupada que sou, me habituei a ter sempre uma almofada confortável. A tal que serviria para qualquer emergência ou despesa caída de pára-quedas. E confesso também que sempre me fez impressão aquelas pessoas que, ganhando mais ou menos o mesmo que eu, chegavam sempre ao fim do mês com a corda na garganta, a contar o tostão para almoçar. Julgava eu que era falta de organização.

Agora, pois, tenho me conformar: sou rapariga média baixa, é o que é. Daquelas que, depois de pagar as despesas todas, fica só com uns trocos no bolso e não, não pode comprar aquelas botas giríssimas que anda a namorar nem pode dar-se ao luxo de jantar fora todas as semanas e tem que se habituar a largar o vício do cinema na sala escura e passar a alugar e a ver em casa, ao domingo, de mantinha no joelho. Pertenço oficialmente ao grupo dos enrascados. É deprimente...

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