quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Ai lóve iu

Gosto muito de feriados. E gosto muito de comemorações. E gosto de dias especiais e acho que qualquer razão é uma boa razão para se fazer uma festa. Mas.... não suporto o Dia dos Namorados! Dá-me nos nervos, o que se há-de fazer...

Lembro-me da primeira vez que o celebrei. Tinha uns 12 ou 13 anos e estreava-me nos namoros "a sério" (durou 1 mês, não é coisa pouca! Ok, só nos viamos ao fim de semana mas isso é um pormenor sem importância nenhuma). O que é certo é que, a dada altura, me comecei a fartar do rapaz, a aborrecer com a história do namoro, a achar tudo aquilo uma seca (mal eu sabia que viria a ser um tipo de sentimento recorrente...) mas, e um grande MAS, o Dia dos Namorados estava à espreita. E eu nunca tinha vivido um Dia dos Namorados... por isso, de forma 100% interesseira, decidi adiar a machadada final para depois desse dia. Afinal de contas, falavam tanto da coisa, era tão importante para as minhas amigas todas, uma emoção tão grande, que seria um desperdício perder por uma questão de dias! Não! Já agora, aguento mais um bocadinho.

Escusado será dizer que foi uma desilusão. Lá nos encontrámos e ele deu-me... um mini ursinho azul, espetado num arame, que servia para enfeitar bolos ou lá o que era. Fiquei a olhar para aquilo feita parva. Achei patético, não percebi como é que alguém pode achar piada a uma coisa daquelas e, sem consideração pelo gesto do rapazinho, o namoro, já moribundo, deu ali o seu último suspiro.

Daí tirei uma lição que me durou o resto da minha ainda curta existência: eu não sou feita de massa que se derreta facilmente. Lamento, é a vida, mas é assim mesmo. Logo, para mim, o Dia dos Namorados é uma piroseira pegada e que só se aguenta com paixão, daquela parva de todo, que é ceguinha como um morcego, nos inunda o coração e nos faz começar a tresler. Tudo parece lindo e mágico porque, de facto, não estamos a ver bem a coisa. Estamos, digamos que.... pedrados. E como toda a gente sabe, quem está pedrado, não só não tem noção do que faz como tem o dom de escolher a dedo as piores figuras tristes para, de seguida, as fazer. Porque, como é que se explica que alguém tolere os "bilubilu", "pitchu, pictchu, pitchu", "quem é a minha fofinha, quem é? quem tem o narizinho mais lindo, quem tem? xou eu..." se não estiver bêbado ou drogado???

Bom, cheguei a essa conclusão muito cedo, talvez cedo demais, com o tal namoradinho. E desde então não mudei muito de opinião nem de atitude. Por isso, esforço-me para não ligar nenhuma ao dia. Mas isto requer esforço porquê? Porque é praticamente impossível fugir à onda de piroseira e derretimento farsola que por aí anda nesta época! Ele é ofertas de packs de jantares românticos, de programas a dois em hoteis de luxo, passatempos na rádio, toques de telemóvel "I just call to say I love you", serviços de mensagens tipo "És a minha coisinha mai' linda", de termómetros do amor, ursos e mais ursos com corações e mais corações em todas as lojas, lojecas e barracas de jornais. Enfim, uma inundação amorosa que me faz arrepiar aqui assim atrás na nuca, tipo unhas a raspar em quadro preto.

Em conversa com os coleguinhas, veio à baila o assunto, pois claro. O que vão fazer, o que não vão fazer, se fazem questão, quem gosta, quem não gosta e eis senão quando ouço o seguinte:

"Ai, eu gosto muito. Vamos sempre jantar os três."

Juro que, de repente, uma onda de admiração me assolou. Por momentos, aquela pessoa subiu na minha consideração. Caramba, isto é que é ser modernaça! Não ter medo de assumir uma relação diferente, muito bem! O que interessa é ser feliz e no amor não há lugar para preconceitos, ora nem mais!

Até que ela acrescenta;

"O meu filho adora este dia e nós até lhe compramos uma prenda! Ele é o resultado do namoro dos pais logo faz sentido que participe."

Depois disto, resolvi não comentar porque ia, de certeza, sair asneira da grossa...

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