Estando eu de malas aviadas para ir passar o fim de semana fora e depois de cravar que me alimentem os gatos, começa a ressurgir à superfície o sentido de missão parental que se lhes está entranhado na massa do sangue desde que olharam para nós ainda vermelhos e enrugados:
Versão mãe
Mãe: Vão a que horas? Só à noite?
Eu: Pois, mãe, toda a gente trabalha, é difícil sair cedo.
Mãe: Então mas... vão chegar às tantas da noite! E o que comem? Não têm nada para comer? Queres que faça uma tarte para comerem quando chegarem?
Eu: Não é preciso, deixa lá.
Mãe: Queres de frango ou atum?
Eu: Mas... eu disse que não valia a pena...
Mãe: Vou fazer aquela de frango do outro dia. Depois combina-se para vires cá buscar.
Versão pai
Pai: Vão a que horas? Só à noite?
Eu: Pois, pai, toda a gente trabalha, é difícil sair cedo.
Pai: Mas isso de "noite" é o quê? 18h? Para lá chegaram no máximo 21.30h?
Eu: Não... somos capaz de sair de Lisboa mais tarde do que isso...
Pai: Grunf... conduzir à noite... pois... vá lá, está tempo bom, não chove. Chegam lá, quê, à meia noite, 1h da manhã?
Eu: Talvez mais cedo...
Pai: Impossível! Se forem devagar, a respeitar os limites, como vocês certamente vão, só chegam a essa hora!
Eu: Errr... pois, deve ser isso, devo ter feito mal as contas...
Conclusão: lá vou eu, de tarte de frango nos joelhos até à Covilhã inventando, à medida que o tempo passa, que não, não, ainda estamos muito longe, ainda vou uns km valentes atrás...
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