sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Sicko

A doentinha/quase moribunda de estimação aqui do sítio finalmente concluiu, após mil exames e análises e infinitas idas a todos os especialistas e mais alguns, durante longos anos da sua vida que... não tem nada! E que o problema dela é na cabeça e que é hiponcondríaca. A sério?!?! Que descoberta extraordinária que nunca tinha passado pela mente de nenhum de nós..! Podia-me ter dado a fortuna que andou a gastar nos doutores que eu dizia-lhe exactamente a mesma coisa, boa?! Mas enfim...

Bom, como concluiu que o problema é psicológico (do 5o andar, como ela diz), começou a fazer terapia e a tomar uma droguitas daquelas que fazem a malta sentir-se de bem com a vida, leves e soltos, mas com marca farmacêutica. Uma onda de entusiasmo apoderou-se de nós: Fixe! Finalmente vamos ter paz e vamos deixar de ouvir falar de sintomas, doenças várias, graves e menos graves, fluídos corporais, bactérias, eczemas e fungos! Jesus! Aleluia! Ámen! Viva as drogas legais! O Senhor seja louvado em toda a sua glória!!!

Ingénuos... tão ingénuos... é claro, é óbvio que não podia ser assim tão fácil... é claro que ela tinha que reagir mal à p**** da medicação logo no primeiro dia! É óbvio que os comprimidos tinham que a deitar a baixo, deixar para morrer, fazer sentir "tão mal, tão mal, tão mal, tão mal!" e "com as pernas a tremer e os braços e as mãos" e "a cabeça a latejar que até se me vêm os vómitos"! Tinha que ser, não é...?

E agora? E agora, quando já víamos a luz ao fundo do túnel, o que fazer? Será que deviamos falar com ela, dar a nossa opinião de colegas, pessoas preocupadas com o seu bem estar (e, acima de tudo, com a nossa sanidade mental!) e dizer, sei lá, que o organismo leva a tempo a habituar-se a estas coisas, que é normal, que NÃO, e repito NÃO, deve desistir? Mas pensando bem... o que é preferível? Continuar a tomar para se curar do "5º andar" e não importunar mais as pessoas sendo que, enquanto cura e não cura (se curar...), anda-se a arrastar por aqui, aos "aiii... aiii... aiii" de 5 em 5 minutos e a falar do assunto em qualquer conversa, com todos os detalhes assustadores, mesmo que a mesma seja sobre as salsichas do almoço?? Ou então largar a medicação, deixar de se arrastar e gemer (por agora!) e rapidamente voltar ao mundo dos achaques constantes e das TAC e dos especialistas e dos exames e dos relatos de tudo isto a quem não consegue fugir a tempo??

É impressão minha ou isto para ela é uma win-win situation?

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