quinta-feira, julho 31, 2008

Porte-monnaie, purse, monedero... e em português "póchete"!



Será uma coisa tipicamente portuguesa? Será que o hábito de levar a "póchete" debaixo do braço quando se vai "só aqui" à mercearia ou "ali a baixo" ao bar se nos está entranhado nos genes lusos?

Será que não sabe ao mesmo levar a dita, sei lá... na mão?

E não será desvirtuar todo o conceito quando a coisa é feita sem chinela e bata as flores a compor o ramalhete?? Se assim for, que me perdoem os puristas! (esta moça não sabe o que faz, tadinha...)


Eu cá acho uma delícia...

quarta-feira, julho 30, 2008

Óleos

Porque as pessoas têm que deixar de olhar apenas para o seu umbigo.
Porque este planeta é a nossa casa, não temos outra.
Porque chega de ignorância, estupidez, egoísmo, burrice!
Porque toca a todos, tem que tocar.
Porque... sim!

Campanha de Reciclagem de Óleos Alimentares Usados

Colabore. Faça por si, faça por nós.

Ou, pelo menos, não atrapalhe!

terça-feira, julho 29, 2008

O Preço Certo... para mim!

Ontem, ao fazer zapping, dei de caras com o Preço Certo e resolvi ficar um bocado a assistir. Adoro ver o entusiasmo das pessoas quando são chamadas para adivinhar, em competição com mais três, quanto custam uns óculos de sol. É ver as famílias a ajudar, a atirar preços ao ar para se encontrar o valor mais aproximado que dá direito depois a poder jogar, junto do Sr. Fernando Mendes, ao um jogo maior onde se podem ganhar desumificadores e coisas assim. E ganhando esse vai-se à roda! E ganhando a roda, vai-se à montra final, recheada de prémios que vão desde a sanduicheira ao carro, passando pelo leitor de dvd, pelo aspirador de mão e pelo sofá reclinável. É o máximo!

Mas o meu verdadeiro interesse no programa é tentar jogar. É que eu sou uma criatura estranha no que diz respeito a valores... custa-me dar valores às coisas, custa-me definir o "caro" e o "barato". Para mim são conceitos muitos subjectivos, que dependem de muita coisa.

Por exemplo: se eu estivesse no Preço Certo e me pedissem para adivinhar o preço de um ferro de engomar eu não sei bem o que diria. E porquê? Porque depende! Há várias questões a ser respondidas antes para se definir um preço! Tenho que definir quanto vale o ferro... para mim! Esse é o "meu" preço. E é aqui que bate o ponto que me diferencia de todos os outros seres humanos, julgo eu, mas que demonstra a minha inteligência claramente superior! Não interessa quanto é que está marcado, quanto é que a maioria das pessoas acha que vale, o valor das diferentes peças que o compõem ou a marca, não! O que me interessa é quanto vale para mim!

Só que para responder a essa questão, é preciso encontrar resposta para muitas outras antes...

Portanto, estando lá no programa e para decidir um valor, tinha que imaginar que ia comprar o dito ferro e tinha que pensar: é essencial para mim nesta altura da minha vida? eu preciso/quero um ferro novo? quero gastar muito dinheiro com um ferro agora? que extras é que o ferro tem? são necessários? em que é que quero gastar dinheiro agora sem ser no ferro? o que é prioritário?

Ora... é capaz de ser difícil fazer este exercício no programa. Vamos imaginar que eu lá ia passando as provas... o tempo que demorava em cada uma dava com a produção em doida! O público aos gritos, a atirar preços, eu sem perceber como é que eles chegavam àquelas conclusões, a perguntar, a tentar perceber o que os levava a dizer 100€ e ou 150€ quando para mim não valia mais que 25€...

Daí também não conseguir definir facilmente o "barato" e o "caro". Depende! Vale? (responder a todas as perguntas anteriores) Apetece-me gastar esse dinheiro neste momento?? (pois... aqui depende do humor...).

E se eu chegasse à montra final? Aí nem quero imaginar! Como é que eu ia conseguir avaliar o preço de um toalheiro térmico se não o quero para nada? Ou de um aparador de relva se eu não tenho relva para aparar? Como avaliar quanto vale o secador de cabelo se o que eu tenho actualmente é tão bom? E a geleira e o bico de gás, quando eu não faço campismo?

Ser genial pode ser muito complicado...

segunda-feira, julho 28, 2008

Fui eu, sim Meritíssimo, fui eu...

Eu sei que a hipocondria é uma doença, uma perturbação psiquiátrica, como lhe queiram chamar, eu sei. E é algo que o indivíduo afectado não controla sofrendo verdadeiramente com as mil doenças que imagina ter. Eu sei... mas é uma doença das mais irritantes que eu conheço!

Vejamos então:

O hipocondríaco vê doenças em todo o lado. Mas não só. Também faz questão de as partilhar. Portanto, gosta que os outros também as vejam! Eu já tentei explicar que não há necessidade... que não quero, não me interessa saber mas não tenho tido muita sorte. Tenho tido, isso sim!, oportunidade de entrar a fundo no mundo dos sintomas, dos fluídos corporais da mais variada espécie, dos princípios activos, dos nomes de medicamentos, especialidades, maleitas várias, da pessoa em questão e família toda, incluindo animal de estimação.

Outra coisa altamente irritante é armarem-se em especialistas da coisa. Se alguém se queixa, vem logo o indivíduo dizer para tomar o "Fenogantixuvit" não sei quantos miligramas, uma colher de chá ao almoço e ao jantar, que isso passa, eu também já tive e foi assim que resolvi. Ou meter-se logo na conversa quando alguém comenta o que está a tomar dizendo "Está a fazer o quê? O "Xinecontrasona"? Ai, eu também já fiz isso, quando tive uma dor assim e um arrepio assado e foi uma maravilha". É altamente irritante, não podem dizer que não!

Ainda na onda do especialista na matéria, vem outro pequeno pormenor... falar dos médicos tratando-os pelos nomes dando ali a entender uma relação de proximidade para além do normal... "Já marquei para o Dr. A. dos Santos B." ou "liguei logo para a Dra. Maria Silva Silvinha". A sério... quem é esta gente?? Para que raio quero eu saber o nome das criaturas? O que é que isso me acrescenta? Mais! Como é que eu sei, pelo nome dos ditos, de que especialidade estão a falar? Só se, por acaso, for meu médico também! Qual é o mal em dizer "marquei para o meu cardiologista"?! Ou "liguei para a pediatra"?? Qual é a intenção? Gritar aos 4 ventos que se é íntimo do senhor doutor ou fazer os outros sentirem-se mal porque não conhecem a suposta sumidade?

E... o mais irritante de tudo a meu ver... é o facto de o hipocondríaco ser selectivo! Consegue ver em si sintomas de males variados menos daquele que até dava mais jeito que é, justamente, a hipocondria! É que era uma maravilha! Acordava um dia a sentir que tinha a doença a atacar-lhe todos os músculos e todos os nervos e ia a correr para um psiquiatra! Ouro sobre azul... mas não... esse mal ele não vê... e isso irrita profundamente... vai-se a compaixão toda pelo doente, convenhamos!

Portanto, o que fazer quando se tem que conviver com um chato destes quase diariamente? Como sobreviver ao massacre das dosagens, das borbulhas suspeitas e dos refluxos sem ir parar à cadeia? Agradeço a quem tiver a solução que me comunique ou os meus amigos, um dia destes, vão ter que me ir visitar às Mónicas...

sexta-feira, julho 25, 2008

Amiguinho...

- Epá, ontem passei-me com a tua coordenadora. Ela é uma nódoa! Pediu-me ajuda por causa de uma imagem. A confusão que vai naquele computador...!

O desktop é uma selva, devem lá viver coisas que ela nem imagina; trabalha com não sei quantos documentos abertos ao mesmo tempo, às vezes o mesmo documento aberto 3 vezes, deve-se esquecer que o minimizou, e não sei sinceramente como faz para gravar alterações; não faz atalhos de nada por isso, para aceder a alguma coisa na rede, dá vinte cliques para lá chegar porque começa sempre no "Iniciar", "O meu computador" e por aí fora... Depois de fazer alterações, fecha tudo e quando tem que voltar ao documento, tem que dar outra vez os vinte cliques. Fez isso p'raí umas 3 vezes, eu até decorei o caminho! Que seca!

- Pois... acredito...!
- A sorte é que no final daquilo tudo lá me disse "não se preocupe, se eu tiver mais problemas peço ajuda à T. (inha)"... e eu achei muito bem! ;)
- Grunf...!

Lapíz azul...? Lápis asul...?

Foi-me atribuída a missão de rever os textos de uma pequena publicação interna que temos aqui na chafarica. Essa responsabilidade caiu-me em cima, formalmente, há relativamente pouco tempo, julgo que por três razões essenciais: alguns consideram que tenho a "mania" do português, alguns reconhecem que precisam de revisão e, calha bem!, eu até já o fazia antes, mesmo que informalmente.

Mas essa situação acabava por me trazer alguns problemas. É complicado dizer a um adulto, com formação superior, que não se percebe como é que ele sequer passou de ano na 4ª classe... é chato... É difícil dizer a alguém que o texto que levou 1 hora a fazer, com tanto cuidado e empenho, não tem ponta por onde se lhe pegue... é aborrecido... E também é chato deixar ir para a frente uma publicação, para ser lida por todos os funcionários, com erros de bradar aos céus! Simplesmente, não dá. Enfim, era uma situação muito difícil de gerir que não me chegava a tirar o sono mas que fazia o meu estômago ressentir-se.

Agora não! Cabe a mim, oficialmente, dar conta dos textos o que significa poder fazer tudo o que escrevi antes mas com legitimidade para tal! Sinto-me uma criança no mundo encantado dos brinquedos...!

Claro que me esforço para não ser... digamos... directa demais. Tento levar a coisa com sorrisos, piadolas e tal, e os textos são, regra geral, publicados como eu quero. Mas há dias em que, confesso, nem sei que faça... tanta asneira acaba por me bloquear, tipo computador. O chorrilho de erros é de tal ordem que faz qualquer sistema dar o berro! E sendo que os textos são feitos em Word, mais incompreensível é! Aquela gaita tem corrector automático, valham-me os deuses!! Para alguma coisa há-de servir, não?


Só para ilustrar, deixo aqui alguns exemplos:

O Mal Amado dos vinhos Portugueses
(Isto é um título... alguém me consegue explicar porque há palavras a começar com maiúsculas para além da primeira? E já agora, qual foi o critério? Porque é que algumas não tiveram direito a brinde?)

... consumir-se cada vez mais no verão em detrimento...
(Ninguém aprendeu que as estações do ano se escrevem com maiúsculas? A sério que não?)

Gormet
ou Gromet
(Pronto... esta tem desculpa... é francês! Não se pode pedir que sejam poliglotas!)

... o departamento financeiro, adquiriu a aplicação...
(O departamento financeiro... pausa para respirar porque é uma frase muito longa e por isso se utiliza a vírgula... adquiriu... ufa, isto é muito cansativo! Acho que precisa de outra vírgula algures...)

Esta prova é constituída por 3 divisões com 8 equipas cada, em que descem as duas últimas e sobem as duas primeiras de cada divisão.
(errr... repete lá?)

... uma situação que ateima em repetir-se...
("ateima", do verbo ateimar. Eu ateimo, tu ateimas, ele ateima... )

quarta-feira, julho 23, 2008

A menina quer dançar?

Ontem à noite, dando uma volta pela minha rua, o cheiro de noite de Verão trouxe-me à memória alguns Verões passados na "santa terrinha".

Era uma excitação! Na "santa terrinha" tinha a liberdade que não tinha aqui e um grupo de amigos que, de ano para ano, se tornava maior. Saía todas as noites, com os meus All Star azul claro e blusão de ganga atado à cintura, preparada para só voltar a casa bem tarde, apesar de ter marcadas horas para chegar. Mas não importava. Contava que o facto de estar num sítio pequeno, onde toda a gente se parecia conhecer, descansasse os meus pais e tornasse o seu sono mais pesado. E a verdade é que assim era.

Muitas vezes não havia nada de especial para fazer. Dávamos umas voltas pelos cafés a ver quem de conhecido se encontrava, bebíamos umas imperiais ("finos" por aquelas bandas), jogávamos snooker, matraquilhos ou Tetris e sentavámo-nos no jardim à conversa até às tantas.

Nos dias das festas da vila, o programa era mais completo: fogo de artifício, música (regra geral pimba, como convém), mais imperiais, barraquinhas de comida (com o melhor caldo verde do mundo!) e oportunidade única para rir a observar o que acontecia no dancing...! O dancing não era mais que um estrado de madeira, com uma cerca enfeitada com as mesmas flores de papel que enfeitavam as ruas nos dias de festa. E era a "pista de dança"! Era lindo ver os casalinhos de namorados a dançar, com as mães, de tocaia, penduradas na cerca do lado de fora, zelando para que não houvesse abusos e tudo corresse na maior das decências. Era genial ver as meninas encostadas do lado de dentro, à espera que alguém as convidasse para dançar, com as mães, claro, que iriam aprovar ou não os supostos pretendentes. Para mim, adolescente da cidade, era como se estivesse a entrar num outro mundo. No mundo da adolescência da minha mãe, talvez! Ali sim, via e entendia o que queriam dizer quando se referiam ao "atraso" no interior do país. As mentalidades ainda pareciam de outro século. Era um divertimento!


Muitas vezes me pergunto como me divertia tanto com coisas tão simples. Hoje em dia sou muito mais exigente... mas nem por isso me divirto mais. O que mudou em mim para além do óbvio?

A resposta é simples e ficou clara na minha cabeça ontem, enquanto apreciava a noite quente: eu aproveitava o momento! Vivia-o, verdadeiramente! Não interessava o que ia fazer no dia a seguir, não interessava que, inevitavelmente, as férias tivessem que acabar, não pensava nas aulas do ano lectivo que ia começar, ou nas notas que iria ter, ou nos objectivos para o futuro. Não! Simplesmente vivia aquele momento, vivia o presente, aproveitava-o ao máximo sem pensar em mais nada. E por isso ele me sabia melhor que tudo mesmo que não fosse nada de especial! Para mim, o importante era cada dia, cada noite, mesmo que visse sempre as mesmas caras, mesmo que perdesse pela milésima vez nos matraquilhos, que já conhecesse de cor todos os níveis do Tetris ou que me ficasse a doer o rabo de estar tanto tempo sentada nas escadarias do tribunal, sem fazer nada a não ser conversar. Vivia-o, aproveitava-o, saboreava-o com tudo o que tinha, de bom e de mau, e com isso estava, sem saber, a gravá-lo na memória.

Carpe diem
, como dizia o outro. E olhem que ele tem razão... faz toda a diferença.

segunda-feira, julho 21, 2008

Zen

Estou com saudades de fazer acupunctura. Não importando o objectivo, tenho saudades do percurso... cheiro a velas de baunilha, música de fundo, cores claras e limpas, temperatura aconchegante, 20 minutos comigo, só comigo, a pensar no que me apetece, a relaxar.

Ao longo da minha ainda curta existência fui compreendendo a importância do relaxamento, do "me time" interior, do contacto comigo. A acupunctura, e depois os cursos de teatro, ensinaram-me muito a esse respeito. Aprendi a sonhar sem estar a dormir e sem estar acordada. Aprendi a pousar a cabeça e a deixar-me levar, para onde a minha mente entendesse. Fiz viagens, vi lugares, conheci e revi pessoas, senti luz a invadir-me, centímetro a centímetro, a luz azul. Aprendi a isolar sensações e a explorá-las. Aprendi a entrar num mundo que sempre foi meu mas que nunca tinha conhecido verdadeiramente. Ainda tenho muito que evoluir neste campo, as minhas capacidades de concentração ainda são ridículas, mas já consigo conceber passar tempo comigo própria, ouvindo a minha voz interior sem considerar que poderia estar a fazer qualquer outra coisa, mais prática, mais terrena.

E é disso que sinto falta. De me disponibilizar a reservar um pouco do meu dia para acalmar o turbilhão frenético que é a minha cabeça, para pôr na ordem os milhentos carneiros impossíveis de contar porque nunca pulam a cerca como eu quero, nem à mesma velocidade, e às vezes saltam aos pares, e não são todos da mesma cor, e têm cadências diferentes, e há grandes e há pequenos... é uma azáfama!

Decididamente, ando a precisar de acordar o que há de zen em mim...

sexta-feira, julho 18, 2008

De mãos dadas

Dói-me ver-te assim, sem ânimo, sem forças. E pedes-me, com os olhos suplicantes, que me ponha na tua pele, que sinta as tuas dores para te dizer o caminho. Não posso. Não sei. Procuras desesperadamente, em qualquer lugar, esperas que em cada esquina a resposta apareça. A certeza faz-se sentir, lá no teu íntimo, mas mais ninguém a vê. Corrói-te por dentro, faz de ti quem não és, faz-te viver aquilo em que não acreditas.

E os olhos suplicantes continuam a olhar para mim... não posso, não sei! Mas estou aqui e acompanho-te, seja qual for a tua viagem.

quinta-feira, julho 17, 2008

Guerra santa!

Eu não sou propriamente um exemplo de candura. Tenho o meu feitio e quem me conhece e já me viu virada do avesso percebe a que me refiro. Também tenho o meu quê de egoísta, de chata, de mimada, de insuportável como toda a gente. E há dias melhores e dias piores. Mas também sou bastante civilizada e acredito e subscrevo a máxima de que "a nossa liberdade vai até onde começa a liberdade do outro". Se nunca me "estiquei"? Claro que sim! Umas vezes sem dar conta, outras vezes porque venceu a irracionalidade. Mas tento, esforço-me para, em convívio com outros, respeitar a liberdade e os direitos de cada um.

Quando temos que conviver e partilhar o mesmo espaço com outras pessoas numa base diária esse cuidado deve ser redobrado, penso eu. Nem sempre corre tudo bem mas posso-me gabar de até ter um relacionamente simpático com aqueles que têm que me aturar sem ter tido qualquer voto na matéria.

Sociologicamente, parece-me interessante pensar nas conclusões que se consegue tirar da convivência diária com alguém que nos é imposto. À medida que o tempo vai passando, as pessoas vão ganhando confiança, à vontade e vão pondo um pouco de lado a carapaça que as protege e mostrando o que são, individualmente e inseridas num grupo.

E há sempre pessoas que se destacam e nem sempre pelas melhores razões. Existem sempre as "ovelhas ronhosas"... Pessoas sem limites, que acham que podem tudo sem ter em consideração a opinião dos outros. Pessoas, na minha opinião, que levaram poucos estalos na cara quando eram pequenas e que agora se sentem donas e senhoras do universo, pondo sempre os seus interesses à frente, independentemente de quem pisam pelo caminho!

Partilho a sala com uma pessoa assim e quase não há dia nenhum em que a dita criatura não se "engalfinhe" com algum dos outros colegas. O fulano quer ter a porta aberta da sala para ver quando passa o chefe e por isso embirra com quem, já a arfar com calor!, lhe diga para a fechar por causa do ar condicionado; decide que durante duas horas não vai atender o telefone mas não avisa ninguém, não põe em silêncio e fica muito espantado quando alguém desesperado protesta por causa do barulho; acha que não tem que controlar o volume do riso ( que, em condições normais, se ouve no corredor todo e que até se nos entra pelo tímpanos a dentro!) porque é assim que ri e pronto; acha que tem sempre razão, seja lá qual for o assunto, e acha sempre que todos têm que parar para o ouvir. Enfim, é uma criança malcriada em ponto grande.

Ora, custa-me imenso perceber que há uma ideia generalizada de que este tipo de gente é que se dá bem na vida. Será mesmo? O egoísmo, a falta de respeito, a arrogância, a falta de sensibilidade são, de facto, os grandes motores do sucesso?

Custa-me a engolir, confesso, e mais do que isso, custa-me aturar!

Por isso, assumo já aqui uma tomada de posição que não é nova mas que quero reafirmar: por mim o tipo não passa! Eu não sei o que ele quer da vida e, sinceramente, não me interessa, mas assumo cada vez mais a postura de não me deixar pisar, não me deixar passar para trás, não me submeter, não tolerar que ultrapasse os limites da sua liberdade implicando com a minha! O bem tem que vencer, meus amigos! Senão este mundo está perdido! Por isso, no que toca a mim, não vou ter qualquer tipo de problema em lhe dar os "puxões de orelhas" que os paizinhos deviam ter dado e de me impor, enfrentar, com vontade, energia, ranger de dentes e o que mais for preciso para ser respeitada e para por este tipo de gente no seu devido lugar! Para mau feitio... mau feitio e meio!! E tenho dito!


(Um "à parte"... será que o título deste post passa pelo pente fino da CIA? Será que é o suficiente para vir a ser colocada na lista negra dos bombistas mais procurados e um dia destes ver barrada a minha saída do país nem que seja só para ir a banhos a Benidorm????)

quarta-feira, julho 16, 2008

Amigo falando da filha de 8 anos

- Se ela puder deixar os trabalhos de casa para o dia seguinte, é o que faz. Assim se vê que o "português" é "português" desde que nasce...

terça-feira, julho 15, 2008

Hi-yo, Silver!

A C. até não parece má pessoa. Sempre me tratou bem, com relativa simpatia e educação, mas tem uma maneira de estar na vida que me complica com os nervos. Digamos que a coisa é de tal ordem que só de ouvir a voz dela fico com pele de galinha. Infelizmente, o destino quis que nos cruzássemos quase diariamente...

Rapariga pequena e despachada, com 30 e poucos anos, a C. não consegue falar sem ser no modo "protestar por tudo e por nada". Qualquer coisa que conte ou pergunte ou esclareça é sempre em tom de crítica e vem sempre acompanhada por uma expressão tipo "todos me devem e ninguém me paga" seguida de um arrepanhar de boca, a fazer bico, um "esbugalhamento" de olhos e um abanar de ombros a fazer lembrar as vendedoras na praça a achincalhar a concorrência. Só falta mesmo a mão na anca mas disso ela ainda não se lembrou...

Usa há anos o mesmo cabelo liso, direito, com risco ao meio, preso atrás das orelhas. Não é feia nem é bonita, não se maquilha e anda sempre com calça de fazenda e sapato raso, regra geral nos tons azul escuro, cinza ou preto. Em dias mais coloridos, veste branco ou rosinha claro.

No bar, olha para a ementa e diz sempre "que horror! não se pode comer nada aqui". A partir daí começa a meter o nariz nos pratos das pessoas que já estão sentadas ou que estão a ser servidas primeiro para averiguar sobre o aspecto, o gosto, o cheiro. Quando chega à sua vez, em tom inspectivo, pergunta e comenta "Isto é de hoje? É feito como? Está com um ar muito seco... e só tem isso? Olhe que não me parece fresco! Isto vai de mal a pior!" Uma vez na mesa, come com o guardanapo bem aberto pendurado na gola da camisola.

Em paralelo, é certamente uma das fundadoras da famosa "rádio corredor". Sabe as cusquices todas, de quem anda com quem, quem foi promovido, quem tem mau ou bom feitio, quem faz horas extra. Põe alcunhas tipo nome de código para poder falar dos outros sem ser apanhada. E parece, também, que não se coíbe de ser desagradável com os colegas caso as coisas não lhe corram de feição. Obcecada com os pormenores, leva o seu trabalho muito a sério, embora comente a sua má sorte de 5 em 5 segundos, e não consegue lidar com contrariedades. Tirou Direito à noite mas não fez grande coisa por evoluir profissionalmente. Contenta-se, certamente, com o facto de agora já terem que a tratar por Dra. C.

Do que me foi dado a perceber, vive com os pais e irmão, de vinte e tal anos. Anda na hidroginástica e faz o jantar todos os dias. Não é raro ouvi-la falar dos preços da fruta que estão pela hora da morte ou do irmão que, coitadinho, se constipou no outro dia quando foi sair à noite. "Eu bem o avisei, leva um casaco de malha e cuidado com as correntes de ar! Mas o que queres, filha, não me ligou e agora é isto!"

A C. é aquele tipo de pessoa que, aparentemente, não tem vida social. Nunca a ouvi falar de amigas fora daqui, de restaurantes que experimentou ou de algum tipo giro que tenha conhecido. Raramente vai ao cinema e raramente viaja.

Um dia destes, ao discutir muito revoltada sobre os critérios de avaliação, diz-me o seguinte: "Como posso ser avaliada pela organização de reuniões? E se houver uma catástrofe natural, um terramoto, e eu não poder vir? Ó filha, achas justo ser penalizada por isso? Achas??" Tive que me conter! O fricassé de lulas ficou-me todo embrulhado e o calor subiu-me à cabeça. Consegui controlar-me ao ponto de só dizer "esse tipo de coisas não acontece todos os dias" enquanto me levantava rapidamente da mesa já a espumar!

É esta a C.

Agora pergunto: será muito difícil encontrar um tipo novo e musculado, daqueles que se fantasiam de cowboy, só com chapéu e coldre que, a troco de uma quantia simpática, nos faça o favor de a fazer beber uns copos valentes, de lhe dar uns apertões bem dados, de lhe desarranjar o risco ao meio, de lhe dar razões bem mais interessantes para "esbugalhar" os olhos e de a fazer ansiar por correntes de ar como se não houvesse amanhã?!? É que, realmente, acho que é por aí...

segunda-feira, julho 14, 2008

A tribo



Sol de fim de tarde ainda alto. O vento chegou de manhã e instalou-se com tudo. Depois de um dia de praia passado a lutar com a toalha, que teimava em não assentar na areia, e a rir dos donos dos chapéus de sol que aproveitavam o empurrão do vento para fugir ao cativeiro (tss... tss... tss... ainda não têm o "Perfurador"... ), dirigimo-nos ao local de encontro, marcado poucos dias antes: Trafaria. O petisco espera e nós começamos a chegar.

Ameijôas à Bulhão Pato (nome de poeta, atenção!), farinheira de Mação, búzios, saladinha de polvo, sangria, travessas a passar, para trás e para a frente, entre risos, conversas cruzadas, piadas, brindes e mais brindes, a tudo e a nada. "Não cruza!! Olho no olho!!! Não cruza!!"

Somos nós, como ainda conseguimos ser.

Bolo de anos partilhado, velas também. "É o ano do Senhor"! Pedem-se os desejos, em segredo mas com todos como testemunha, abrem-se os presentes, dados por todos. O champagne empurra finalmente a rolha para o vigésimo brinde da noite, há risos de chantilly e morangos, "ainda quero ir à 2ª fatia"! Histórias, planos, conversas sobre tudo ou sobre nada, de quem se sente em casa e fala por gosto.

Lá fora, a enfrentar a ventania, beijos e abraços de despedida que não são mais do que um "até já".

Somos nós, simplesmente nós. E eu não me imagino de outra forma.

sexta-feira, julho 11, 2008

Stuck in the '80s!

Como explicar a um colega de sala que a música que ele teima em ouvir (e cantar, valham-nos os deuses!) já está, por assim dizer, out?

Como dizer, sem ferir susceptibilidades, que o Rick Astley teve a sua era, que a Kylie Minogue já evoluiu desde o The Locomotion, que a dance music dos anos 80 e 90 é para ser ouvida em locais onde se possa, efectivamente, dançar e em eventos tipo "Recordar é Viver"?

Como fazer passar a mensagem, com o tacto e sensibilidade que todo o ser humano merece, que os colegas agradecem não levar, pela enésima vez!, com as lamechices do Peter Cetera, da Belinda Carlisle, dos Spandau Ballet ou dos Heart e que já estão a chegar à fase tresloucada de não responder por si e daqui a nada atirarem-se desenfreados aos cabos do computador e calar a porcaria do CD ou que raio é aquilo????

É que nem todos têm um blog onde possam descarregar as fúrias! Depois não digam que eu não avisei...

(ai, Cristo... agora é a Bonnie Tyler... )

Electricidade

O atendimento técnico da EDP e eu:

- Boa tarde. Eu liguei, há mais ou menos uma hora, comunicando que não tinha luz em casa. Disseram que me iam contactar mas até agora nada.
- Boa tarde. Sim, está aqui registado. Os colegas não vão contactar via telefone mas sim dirigir-se a sua casa.
- Ok, certo, mas como sei se já cá vieram? É que tive que sair por uns instantes convencida que me ligavam para o telemóvel... se vieram nestes 5 minutos ninguém os atendeu...
- Não, certamente que ainda não foram a sua casa. Se já tivessem ido e não tivessem sido atendidos, estava aqui registado como RESOLVIDO.
- Desculpe???

quinta-feira, julho 10, 2008

Cafézinho

Duas amigas/colegas a tomar café no bar do local de trabalho:

- Olha lá, aquela é a N.?
- Pois, parece... quer dizer é ela mas aquele vestido... parece vestido de praia!
- É demasiado curto para trazer para aqui, não achas? Eu não tenho nada a ver com isso, cada um veste o que quer mas... olha, olha! debruçou-se para apontar o iogurte que queria e viu-se tudo! Achas normal?
- E o decote, já viste o decote?
- Já... mas esse não me escandaliza... não há lá nada para ver! É uma porta para o vazio... :))
- :)) Sempre gostaria de saber o que diriam os nossos colegas companheiros de café se hoje estivessem aqui...
- Devia ser giro de ouvir, devia... enfim, os homens nunca aparecem quando realmente é preciso...! ;))
- :))))

quarta-feira, julho 09, 2008

E é preciso saber mais alguma coisa?

"Os peixes, para mim, dividem-se apenas em dois grandes grupos: o dos peixes-sardinha e o dos peixes-posta."

Um velho amigo

Sem saída

A insatisfação e a urgência instalam-se. A sensação de que tem que ser agora, já está tarde, tem que ser agora senão nunca mais é...! E as entropias, logo a seguir, os bloqueios, os caminhos que não aparecem escancarados à sua frente, as portas fechadas. Sente-se encurralada, num beco sem saída. Vê-se numa sala sem porta mas com janelas a toda a volta quase junto ao tecto. Do lado de lá consegue vislumbrar um outro mundo mas não sabe como lá entrar. Não sabe que janela há-de tentar abrir, não sabe qual delas é a saída da sala fechada. Até porque são todas tão inatingíveis, tão altas, tão improváveis. Olha em volta e não há nada que a ajude a lá chegar, um banco, uma escada, nada. Está tudo vazio. E as janelas continuam lá em cima, a deixar entrar alguma luz, a não deixar esquecer que existe um mundo para além delas. Mil e uma soluções, das mais práticas às mais loucas, passam pela cabeça. Mil e uma desculpas também. A ânsia de querer fazer mais, de ir mais além anda de mão dada com a dormência de quem, na sua cabeça, já tentou trepar a parede da sala mil vezes sem saber nem ter onde se agarrar. A vontade anda, a par e passo, com o medo . Parece não haver saída possível.

terça-feira, julho 08, 2008

Ai... eu podia viver assim...



A desfrutar uma tarde de Verão, num famoso hotel da capital, com a piscina atrás de mim e árvores, muitas, por todo o lado... quem pode, pode, não é? Escusado será dizer que o bolinho em frente foi dividido por dois...

domingo, julho 06, 2008

Parabéns!

Já cá canta mais um! ... ou será menos um?

sexta-feira, julho 04, 2008

Vícios

No outro dia, esqueci-me do telemóvel em casa de uma amiga. Ainda dei conta no carro, a caminho de minha casa quando, como é costume, o tentei tirar da mala, só com uma mão e às apalpadelas, entre uma mudança e outra. Depois de perceber que nada se parecia assemelhar ao dito confirmei, aproveitando um sinal vermelho para virar a mala ao contrário e despejar tudo no banco, que realmente o telemóvel não estava lá.

Volto para trás? Nããã... já passa da meia-noite, tenho que dormir, amanhã combino com ela qualquer coisa.

Quando chego a casa já tinha sido dado o alerta. "Como queres fazer?" "Desliga-o e leva-o contigo amanhã para o trabalho porque pode dar jeito lá passar mas depois combinamos melhor."

E assim foi. Avisei dois ou três habitués e relaxei.

Confesso que me fez alguma impressão, até ainda no carro, sentir-me incontactável. Que estranho... não poder ligar a ninguém... não poder receber chamadas... que estranho. Mas caramba!, há uns anos, ninguém tinha telemóvel e as pessoas sobreviviam! E comunicavam e resolviam os seus problemas e conseguiam ser felizes sem ter que aproveitar para enviar uma mensagem ou fazer uma chamada enquanto esperavam pelo sinal verde! Portanto, sem stress.

No dia seguinte, depois de tudo bem combinado (lugar e hora exactos, imagine-se!, em vez do habitual "quando chegar, ligo-te"), lá o fui buscar. Liguei-o e nos segundos seguintes (e tenho testemunhas! passaram só 2 ou 3 segundos!!) começou a festança:

» sms a comunicar qualquer coisa de um ginásio onde uma vez fui pedir informações e onde não me consegui esquivar de dar o contacto;
» sms do meu ginásio actual com uma promoção tipo "traga um amigo e não pague uma mensalidade";
» sms a indicar 3 chamadas não atendidas (atenção... muita atenção... chamadas essas de 2 dos habitués que até foram avisados...)
» Chamada 1: ah! já o tens!
» Chamada 2: era para te dizer antes que me esqueça... ah! estou a ver que já tens o telemóvel!
» Lembrete: consulta + aula de Pilates + não sei o quê
» Chamada 3: já que já o tens, aproveito para te perguntar...


Nessa altura apercebi-me... como tinha sido silencioso o meu dia...

quinta-feira, julho 03, 2008

Loura

Duas amigas à conversa, a tentar dar sentido a um monte de coisas ao mesmo tempo:

- Isto é tudo muito complicado...
- É. E temos que ser nós próprios a encontrar as soluções...
- Mas como? Eu sei lá como...
- Pois... eu também não... é complicado...
- É...

...

- Queres dividir uma cerveja comigo?
- Isso!

Não há nada melhor para tentar resolver problemas existenciais do que uma boa "jola"!

quarta-feira, julho 02, 2008

FAQs

Todos temos que tomar decisões na vida. Umas mais difíceis, outras menos mas todas acarretando responsabilidades e consequências.

O que fazer quando não temos a certeza? O que fazer quando não temos a verdadeira noção da dimensão das consequências e por isso não conseguimos prever a forma como nos vão afectar? E tendo a noção, o que nos faz querer sair de uma situação confortável e avançar? E será confortável apenas porque é conhecida? O que fazer quando, chegados ao destino, se verifica que, afinal, o que tinhamos não era assim tão mau ou aquilo que desejávamos não é assim tão bom? Como agir se não houver possibilidade de voltar para trás?

O que fazer quando se colocam estas e outras questões e se constata que as mesmas pairam na cabeça de quase toda a gente não havendo, por isso, ninguém sábio o suficiente para nos "encarreirar"?

Não há nenhum site onde se possa fazer download dos manuais de como passar pela vida de forma ligeira e simples, conseguindo o que se quer, tomando sempre as decisões certas e sendo feliz à brava?!

Porque é que ninguém me avisou antes que isto de ser rapariga adulta, independente, responsável, inteligente, moderna, senhora do seu nariz trazia água no bico?!


Isto é uma canseira...

terça-feira, julho 01, 2008

Gato G.



E aqui está o gato G., disfarçado de alcofa vermelha aos quadrados, em missão ultra-secreta...

É uma ementa portuguesa, com certeza!



Como a imagem não é grande coisa destaco aqui os meus preferidos:

Bife da Vazia Especial = Beefburger the Special Empty
Iscas à Portuguesa = Liver the Portuguese
Bitoque = Bitouch
Carne de Porco à Alentejana = Meat of Pig to the Alentejana

Agora digam lá, o "tuga" é ou não é lindo!?