Ontem, ao fazer zapping, dei de caras com o Preço Certo e resolvi ficar um bocado a assistir. Adoro ver o entusiasmo das pessoas quando são chamadas para adivinhar, em competição com mais três, quanto custam uns óculos de sol. É ver as famílias a ajudar, a atirar preços ao ar para se encontrar o valor mais aproximado que dá direito depois a poder jogar, junto do Sr. Fernando Mendes, ao um jogo maior onde se podem ganhar desumificadores e coisas assim. E ganhando esse vai-se à roda! E ganhando a roda, vai-se à montra final, recheada de prémios que vão desde a sanduicheira ao carro, passando pelo leitor de dvd, pelo aspirador de mão e pelo sofá reclinável. É o máximo!
Mas o meu verdadeiro interesse no programa é tentar jogar. É que eu sou uma criatura estranha no que diz respeito a valores... custa-me dar valores às coisas, custa-me definir o "caro" e o "barato". Para mim são conceitos muitos subjectivos, que dependem de muita coisa.
Por exemplo: se eu estivesse no Preço Certo e me pedissem para adivinhar o preço de um ferro de engomar eu não sei bem o que diria. E porquê? Porque depende! Há várias questões a ser respondidas antes para se definir um preço! Tenho que definir quanto vale o ferro... para mim! Esse é o "meu" preço. E é aqui que bate o ponto que me diferencia de todos os outros seres humanos, julgo eu, mas que demonstra a minha inteligência claramente superior! Não interessa quanto é que está marcado, quanto é que a maioria das pessoas acha que vale, o valor das diferentes peças que o compõem ou a marca, não! O que me interessa é quanto vale para mim!
Só que para responder a essa questão, é preciso encontrar resposta para muitas outras antes...
Portanto, estando lá no programa e para decidir um valor, tinha que imaginar que ia comprar o dito ferro e tinha que pensar: é essencial para mim nesta altura da minha vida? eu preciso/quero um ferro novo? quero gastar muito dinheiro com um ferro agora? que extras é que o ferro tem? são necessários? em que é que quero gastar dinheiro agora sem ser no ferro? o que é prioritário?
Ora... é capaz de ser difícil fazer este exercício no programa. Vamos imaginar que eu lá ia passando as provas... o tempo que demorava em cada uma dava com a produção em doida! O público aos gritos, a atirar preços, eu sem perceber como é que eles chegavam àquelas conclusões, a perguntar, a tentar perceber o que os levava a dizer 100€ e ou 150€ quando para mim não valia mais que 25€...
Daí também não conseguir definir facilmente o "barato" e o "caro". Depende! Vale? (responder a todas as perguntas anteriores) Apetece-me gastar esse dinheiro neste momento?? (pois... aqui depende do humor...).
E se eu chegasse à montra final? Aí nem quero imaginar! Como é que eu ia conseguir avaliar o preço de um toalheiro térmico se não o quero para nada? Ou de um aparador de relva se eu não tenho relva para aparar? Como avaliar quanto vale o secador de cabelo se o que eu tenho actualmente é tão bom? E a geleira e o bico de gás, quando eu não faço campismo?
Ser genial pode ser muito complicado...
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