domingo, janeiro 31, 2010

Para ti


Youssou N'Dour & Neneh Cherry

Boul ma sene, boul ma guiss madi re nga fokni mane
Khamouma li neka thi sama souf ak thi guinaw
Beugouma kouma khol oaldine yaw li neka si yaw
mo ne si man, li ne si mane moye dilene diapale

Roughneck and rudeness,
We should be using, on the ones who practice wicked charms
For the sword and the stone
Bad to the bone
Battle is not over
Even when it's won

And when a child is born into this world
It has no concept
Of the tone the skin is living in

It's not a second
Seven seconds away
Just as long as I stay
I'll be waiting

It's not a second
Seven seconds away
Just as long as I stay
I'll be waiting
I'll be waiting
I'll be waiting

J'assume les raisons qui nous poussent de changer tout,
J'aimerais qu'on oublie leur couleur pour qu'ils esperent
Beaucoup de sentiments de race qui font qu'ils desesperent
Je veux les portes grandements ouvertes,
Des amis pour parler de leur peine, de leur joie
Pour qu'ils leur filent des infos qui ne divisent pas
Changer

And when a child is born into this world
It has no concept
Of the tone of the skin he's living in
And there's a million voices
And there's a million voices
To tell you what she should be thinking
So you better sober up for just a second

Laço Branco

Como ler um bom livro, ter o privilégio de assistir a bom cinema acrescenta-me sempre algo. Viro a última página ou saio do escuro da sala e sinto que estou mais completa. Porque um bom livro e um bom filme deixam sempre em mim resíduos bons, mais qualquer coisa que eu não tinha antes.

A preto e branco, com interpretações fabulosas, dos mais miúdos aos mais graúdos, algumas cenas que simplesmente dispensam diálogo porque falam por si. Intenso, simples, completo, de uma ternura, e crueza às vezes, impressionantes.

É desta beleza que falo, é esta beleza que me faz sentido. É com ela que me identifico e é ela também que faz parte de mim.

sexta-feira, janeiro 29, 2010

E hoje é dia de...

... com um simples vestido preto, eu nunca me comprometo.

Constatação #6

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Variados

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Disfarçada


Baba parental ou estupidez natural?

A pedido de muitas famílias, cá vai:

Colega falando de cria acabadinha de fazer um comentário que, na óptica de muitos pais, valeria um valente puxão de orelhas para aprender a não se armar em esperta, e depois de ter recebido olhares críticos de quem se encontrava à volta por não ter feito nada: "Opá, o que querem, não tenho culpa de ter um filho que é adiantado mental..."

Sing along

No outro dia, dei por mim a cantar. No outro dia, dei conta que já não cantava há muito, muito tempo.

Constatação #5

A tristeza, a angústia, o medo transformam o mais ateu dos ateus em crente, nem que seja temporariamente.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Reality check

Conversa da treta entre três sobre a idade, sendo um dos intervenientes a minha distinta mãe e outro euzinha da silva...

Distinta mãe: É verdade, a cara vai-se modificando ao longo da vida. E é engraçado que às vezes é de repente que damos conta, olhamos para alguém e vemos subitamente que mudou, que envelheceu. (para mim) E tu julgas o quê? Que continuas com cara de menina?? Não...! Nota-se bem a diferença!

Euzinha da silva (pensando baixo, bem baixo): Quem tem distinta mãe tem tudo, não há dúvidas...

Constatação #4

A mudança pode ter tanto de estimulante como de dolorosa.

Ainda a propósito do estore...

- Ó D. P. mas já está em cima do escadote?! Espere lá que vou para aí eu...
- Ah, não há problema, já estou aqui a desaparafusar... é que eu ando sempre com uma chave de fendas no bolso!


Hoje em dia, as empregadas domésticas são muito à frente....!

terça-feira, janeiro 26, 2010

Desígnios

E a sorte a manifestar-se da forma mais preciosa. Os braços a conter o corpo quando este, dobrado, encolhido, estremece de raiva, de dor, quando os murros dados no chão, nas paredes, no ar o fazem vibrar de forma incontrolável. A voz a acalmar o choro, os gritos desgarrados, a respiração ofegante e doentia. Os ombros prontos a receber a cabeça pesada, cansada, os olhos que quase não abrem de tão inchados. O colo a acolher a solidão e o desamparo e o sono comatoso que se apodera como escudo.

Talvez haja, afinal, algo em ti que a merece. Talvez te ultrapasse, talvez já estivesse escrito...

And they keep on coming...

"10.000 MÚSICAS ENTRE 1904 E 2003 (GUARDE, MAS PASSE, ESTA RIQUEZA É PARA TODOS !)"

Este é o título do email que recebi hoje de meu estimado tio, cada vez mais encantado pela internet e sempre atento ao fomento do cérebro, culturalmente falando, da sua prole (que inclui sobrinhos e afilhados e filhos de vizinhos e afins).

Que sortuda que eu sou... 10.000 músicas a apanhar quase um milénio inteiro... é uma riqueza de facto... haja tempo!

O rabo virado para a lua, literalmente...

E pronto, o sol aparece no céu, o frio faz-se sentir e... parece que as nuvens negras cá do meu sítio teimam em não se ir embora! Irra!

Ora vejamos... um pequeno grande passo em curso, necessário, muito necessário, mas que implica responsabilidades e cuidado e que não vai ser fácil; o EU (o carro, não o outro, se bem que o outro... enfim, nem vou por aí) a dar despesas que convém analisar, ver se vale a pena ou se já está na altura de o mandar desta para melhor. E hoje de manhã... acabadinha de acordar e aos encontrões às coisas por já estar em cima da hora, eis que a fita do meu estore resolve partir! Conclusão, quarto às escuras e a D. P. (que chegou entretanto) sem acesso à roupa estendida do lado de lá para passar a ferro. Quer dizer, escuridão ainda aguento agora ter eu que passar a roupita, ai isso é que não!

Sendo que a D. P. é mulher despachada e eu também, lá demos por nós em cima do escadote, a desatarraxar a caixa do estore, presa com parafusos ferrugentos, sendo que alguns só saíram mesmo à martelada, depois uma em cima e outra em baixo a enrolar o dito (e estamos a falar de um bichinho grande que vem até ao chão!), ora empurra, ora puxa e lá conseguimos abri-lo e prendê-lo lá em cima.

E isto tudo comigo já prontinha para vir trabalhar, só faltava estar de saltos!

Posto isto, mais uma despesa a acrescentar ao rol...

Tenho para mim que, durante uns tempos, vou dormir ao luar...

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Perguntas a mais, respostas a menos

Quando é que acaba? Quando é que o saldo começa definitivamente a ser positivo? Quando deixo de perder? Quando vou, finalmente, chegar ao meu turning point?

Verde

domingo, janeiro 24, 2010

A minha gata é um galo meteorológico


Não... não muda de cor mas dá outros sinais...

A água e a pedra

Repito tudo na minha cabeça. Tudo. Com pormenores, para não falhar nada. Repito uma e outra e outra vez. E de cada vez sinto como se fosse a primeira, a sensação de fraqueza, as mãos a tremer, o estômago a arder como se cada palavra fosse um murro, o coração a mirrar, a comprimir-se, a encolher-se, a fechar os olhos com força enquanto vira a cara na esperança de se conseguir proteger, mesmo estando já no chão. Repito uma e outra e outra vez, cada vez que me sinto fugir para um outro mundo, um mundo irreal. Repito para me trazer à terra e embater de frente, uma e outra e outra vez. Repito com o propósito de que cada encontro, com a violência que traz dentro dele, choque de tal forma que vá desmanchando, partindo aos bocados, estafando, desfazendo. Repito para as banalizar, reduzir a pó, para que não sobre mais nada, para que nunca mais me consigam tocar.

Caminho

sábado, janeiro 23, 2010

Contratempos

Planos ligeiramente alterados. O pequeno grande passo adia-se mais uns dias mas as arrumações mantêm-se.

O cinza do céu a moer os olhos e o coração. A cabeça a esforçar-se por superar a neblina e encontrar sol nos seus recantos. Luta interior, batalha constante, tarefa difícil quando as nuvens parecem entrar por mim adentro. O vai e vem entre memórias e o esforço por não submergir nelas e conseguir ver mais além.

Apetece-me um doce. Não sei qual mas apetece-me um doce. Para adoçar este dia meio amargo, meio assim assim, meio coisa nenhuma.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Arrumações

Amanhã mais um pequeno grande passo e a perspectiva de uma tarde, no mínimo, divertida. Numa época em que há amigos mais distantes e há amigos perdidos, é bom saber que há uns que, aconteça o que acontecer, estão lá. E eu estou lá para eles também. Por isso, vamos lá montar mesas e arrumar armários e desencaixotar e aparafusar e martelar que isto com boa companhia é muito mais giro!

Eça

De volta, ele também, às minhas mãos. A tua edição velhinha, de capa vermelha e papel bíblia e letras miúdas. As obras completas, condensadas em três volumes, que me propus a ler há muito tempo atrás. Vou a meio, com orgulho, sabendo o gosto que tens, sabendo como nos diz o quanto somos parecidos. Volto agora ao ponto onde parei quando a minha vida fez um intervalo. Volto à página marcada, sabendo que é a mesma que deixei para trás mas sabendo também que não a vou sentir da mesma forma. Porque me faltas tu, o meu guia também aqui. Mas, apesar de tudo, consigo ver o entusiasmo nos teus olhos enquanto me observas a seguir os teus passos, a gostar do que tu gostas, a descobrir o prazer que tu já conheces há muito tempo, de trás para a frente, de tantas vezes que o releste. Com ele por perto, estamos perto.

O EU e eu (e a minha esquizofrenia a aumentar...)

O meu EU tem mau feitio (o carro, não o outro... ok, também o outro). Desde que nos conhecemos, tem sido um duelo de titãs, cada um a tentar impôr-se, cada um a tentar subjugar o outro às suas vontades. Invariavelmente, ganho eu, pois claro. Para já porque sou teimosa como as mulas e depois porque, convenhamos, sou a mão que o alimenta! Mas, de vez em quando, ele resolve dar o ar de sua graça e põe-se a fazer jogos comigo como quem diz: agora toma lá esta! A ver se te desenrascas...!

Hoje foi um desses dias. Vejam só que achou piada pôr-me, em plena 2ª circular, com a caixa de mudanças toda baralhada! Logo de manhã e atrasada, que é quando me encontro de melhor humor...!

Mas deixa... deixa lá que eu já te atendo... Para já, cheguei onde queria. Dei voltas à dita e consegui trazê-lo ao meu destino. E depois... ah, meu caro, depois... para castigo, para não te armares em parvo, vais ter um encontro imediato de 3º grau com o guru, o mestre dos mestres, o temível Zeus do parque automóvel, Sr. C.! Quero ver se não te põe logo a piar fininho...!

Por segundos

Perdi um medo de criança, o dos fantasmas. Perdi quando ontem julguei ver um. Perdi quando ele me olhou e eu, petrificada, me senti feliz. Perdi quando a desilusão confirmou tratar-se apenas de um ser humano.

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Gato G.



Pêto, Dominó, Tito, Canêro, Gaspita, Marradinhas, Piriquitão... mil nomes para dizer um só: Gaspar.

Gato com mau feitio, que metia respeito, derretia-se a olhar para mim e a mim tolerava o impensável, segundo as regras do universo gatil. Mas só a mim.

E a mim fez questão de mostrar, quando as forças já não permitiam mais nada, que sabia que eu estava ali. A pata agarrou e voltou a agarrar os meus dedos e disse-me: sei que és tu, gosto muito de ti mas agora vou-me embora, está bem?

E eu aceitei.

Raspberry lotion

Hoje sinto-me um pote de geleia ambulante...

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Rendição ou o malfadado erro genético que me caracteriza

Todos têm uma palavra a dizer. E todos, sem excepção, se encaminham num só sentido. E dizem-no, sem rodeios. Dizem-no por mim, porque acreditam que é o melhor, dizem-no porque me amam, dizem-no porque me querem ver feliz.

Eu também acredito. Racionalmente acredito mas tenho aprendido que em mim a correnteza emocional é mais forte do que gostaria e, inevitavelmente, acabo por me desviar do curso certo, daquele que, supostamente, se reveste de mais probabilidades de me fazer feliz, de me levar a bom porto. Masoquista? Talvez.

Mas é inevitável. O coração e a emoção andam a comandar mais do que deviam e eu não ando a conseguir pôr-lhes travão. E toda a gente sabe que estes dois nunca foram bons conselheiros... e a prova é que me levam a fazer o que não quero, a pensar como não quero, a sentir o que não quero, a fazer tudo ao contrário, tudo aquilo que as pessoas com bom senso não fazem. Masoquista e louca, talvez seja mais acertado.

E a inevitabilidade sempre presente. E a inevitabilidade a desesperar-me porque não tenho qualquer controlo sobre ela. Também.

Uma parte de mim quer aceitá-la, assimilá-la, vê-la como parte da vida e seguir em frente. Uma parte de mim quer seguir os conselhos de quem está de fora e vê mais além, de quem está nas margens do rio e consegue perceber qual o rumo que devo levar para não me precipitar para a queda de água. Mas há células em mim resistentes, teimosas, orgulhosas, até estúpidas, que não querem baixar os braços e continuam a comandar a casca de noz onde navego. Que querem lutar contra os redemoinhos, os monstros aquáticos, os pedregulhos, contra a vida como ela se apresenta. Em última análise, contra mim própria, dizem...

Quando vou seguir os sábios navegadores e perceber, ou mais do que isso e acima de tudo, sentir, que preciso de rendição, de hastear a bandeira branca, de aportar, sair para terra com os braços no ar e entregar-me ao destino?

Boxing

Depois de ser o saco de boxe do dia, fiquei knockdown. O árbitro continua a contar. Ainda se está para ver se me levanto ou não.

terça-feira, janeiro 19, 2010

Eu


Parafraseando

Não pares agora. Não pares! A tentação é grande, a força parece esvair-se, o corpo pede mas não pares, não agora. Não olhes para trás, não voltes a cabeça sequer porque nada te espera lá, naquele lugar ermo e sombrio, ladeado por árvores raquíticas, cinzentas, onde o vento não sopra, o ar é denso e o céu parece poder cair a qualquer momento de tão pesado que é. Desprende-te só mais um bocadinho do que te amarra lá, das correntes que te agarram, te puxam e que tantas vezes te fazem cair de joelhos. Esvazia as veias da sua carga, torna-as leves, finas e tenta desenvencilhar os pulsos mesmo que doa, mesmo que só consigas um bocadinho de cada vez. Caminha, mesmo que devagar, caminha e lembra-te que tens uma missão, uma meta, um prazo e que cada passo atrás te afasta mais do teu destino, do destino que esperas que te espere. Não pares agora mesmo que os ombros não vençam a gravidade, mesmo que a espinha curvada pareça não conhecer outro estado. Não pares porque parar é morrer e olha, fixa, altiva, mesmo que seja a fingir, mesmo que a tua cara minta, olha sempre em frente, olha para a outra metade do caminho.

Perguntas

Será que me vês? De onde quer que esteja o teu ser... será que me vês? Será que me lês, que me sentes, que me recordas, que sentes a minha falta? Estás aí, desse outro lado? Ouves-me? Consegues ainda ver na tua mente o meu olhar, os meus contornos, a expressão da minha cara, ouvir a minha voz? Ainda falas comigo mesmo sabendo que não ouço? Estás aí?

Dia a dia

Há dias assim. Há dias em que o sol que espreita timidamente atrás das nuvens não chega a nós. Há dias, muitos dias, em que levantar da cama é um esforço porque não se consegue encontrar qualquer sentido no dia que começa. Há dias em que, egoisticamente, a graça de estar vivo não é suficiente. Há dias em que o vazio e a saudade se manifestam gritando a plenos pulmões, não deixando ouvir mais nada. Há dias em que esperamos por uma coisinha só, um qualquer pormenor, um olhar ou uma palavra, e ele não vem. Há dias em que temos a certeza que o mundo está a prescindir de nós e nós, em retorno, prescindimos dele também. E há dias em que a alma vagueia sozinha, perdida longe daqui, não havendo forma de a ligar à terra. Há dias tristes, tristes, assumidamente tristes. Há dias em que o nosso ar é rarefeito fazendo parecer que nunca mais vamos conseguir respirar sem esforço. Há dias em que nos sentimos às voltas sobre nós próprios, não conseguindo sair do mesmo lugar, e há dias em que não temos mais onde ir buscar forças para continuar a tentar quebrar esse ciclo e dar passos em frente. Há dias em que tudo parece uma perda de tempo.

E não há muito a fazer. Resta apenas aceitá-los como parte integrante do caminho das pedras, acreditando que têm alguma função que nos ultrapassa, e resta vivê-los, um de cada vez, esperando que o que se segue seja diferente.

domingo, janeiro 17, 2010

Fds

Ontem, dia cheio como convém, apesar de a garganta se ter decidido a mostrar-me que já não tenho idade para peddy papers contra relógio e "molhas" à mistura (mas ganhámos! ganhámos!!!). De manhã, mais um pequeno grande passo. À tarde, passeio e compras e boa conversa a apreciar a Baixa e o Chiado, sem chuva!, e a terminar com scones na Confeitaria Nacional. A noite guardei-a para mais conversa e jantarinho, em casa que também já é minha, com um bom vinho tinto (e, às tantas, chá de limão!) para amaciar a voz de bagaceira.

Hoje, dia calminho com "chinês" e M.L., tudo no mesmo pacote, comprinhas da semana e convite para jantar.

Sendo que nem sempre temos dias bons, há que aproveitar o melhor possível quando eles surgem.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Uma espécie de Cat Girl (porque Woman dá ar de entradota...)

Sei que sou do tipo de pessoa que tem muita dificuldade em digerir o que me fica "entalado" na garganta. Faz-me comichão, dá-me nos nervos, faz-me muito mal ao estômago não dizer o que tenho para dizer, não fazer com que os outros ouçam o que acho que devem ouvir. E conheço-me o suficiente para ter a certeza que, mais tarde ou mais cedo, o galo vai cantar, dê lá por onde der...

Mas se houve uma coisa que já aprendi na vida, e às minhas próprias custas, é que há um momento certo para tudo. E esse momento há-de apresentar-se à nossa frente, se estivermos dispostos a esperar por ele.

Nestas coisas de lavar a alma e dizer de minha justiça, eu estou. Sempre.

Portanto, munida de persistência (ou teimosia, dependendo da perspectiva) e mmuuuuuiita atenção, lá fico quieta no meu canto até que ele surja... tal qual gato à espera que o passarinho se distraia... e quando isso acontece... ZZÁÁSS!, não hesito e, certeira, salto-lhe em cima!

Poder-se-ia escalpelizar o tema, divagar sobre se é mau ou bom, se é perda de tempo, se faz de mim melhor ou pior pessoa, o que seja mas... é quem eu sou. As máximas "mais vale tarde do que nunca", "quem diz o que quer, ouve o que não quer" e a famosa "toma lá que já almoçaste!", todas juntas, formam na minha mente uma linda capa preta de "justiceira divina que não leva desaforos para casa", que me assenta como uma luva e que uso com orgulho. E quem me conhece sabe-o muito bem... Pode gostar ou não, concordar com o que digo ou nem por isso mas, de certeza, que acaba por reconhecer que é a minha cara e que eu não teria metade da piada se não fosse assim.

Por sorte, esta semana tem sido pródiga em oportunidades. Por sorte para mim, porque me dá um gozo danado e me alivia as vias respiratórias e a tensão muscular, e por sorte também para os alvos porque, se formos a ver, é sempre benéfico ouvir umas verdades bem ditas, ou não é?! Tenho para mim que só nos ajuda a evoluir como ser humano...

No fundo, no fundo, tudo isto é puro altruísmo...

Destituição

Havia tanta coisa que queria ter dito, havia tanta coisa que sei que merecia ouvir... mas já não está nas minhas mãos.

Comemoração

Um brinde! Um brinde aos enganos...!

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Back to books

"As mulheres têm uma exaltação física que nós, homens, não conhecemos. Nós podemos exaltarmo-nos por uma mulher, elas exaltam-se pela força que corre dentro delas. É uma energia selvagem, vem de longe, das sacerdotisas que guardavam o fogo."

In "O dia antes da felicidade"
Erri De Luca

M. L. no seu melhor...

A minha excelentíssima progenitora liga (ou melhor, dá um toque para eu ligar).

Fala, fala, fala, conta as aventuras e desventuras do seu dia, do dia dos gatos "porque o gato J. fez isso e depois a gata B. fugiu e ele ainda foi atrás e partiu não sei o quê" e 10 minutos depois termina o telefonema da seguinte forma:

- Pronto, vou desligar. Desculpa lá esta conversa toda mas quem não tem filhos fala dos bichos, não é assim? Adeus, beijinhos.


(Com esta até eu me perdi...)

Powerless

Momentos vividos por outros, aqui bem perto, a levar-me de volta. Um pai, uma filha. Os cuidados intensivos e um corpo que não obedece. A deterioração do organismo a manifestar-se, de forma crua e cruel, mostrando-nos que não temos qualquer poder sobre a vida, sobre nós, sobre os nossos. O medo e a ânsia nos olhos dela que procuram os meus sabendo que sei o que sente. A lentidão do relógio, os minutos que contam, todos, e os sobressaltos a cada toque de telefone. A vida a dar as suas voltas e nós a ir a reboque.

Previsões II

Hoje é o tarot. E ao meu distinto signo, neste ano do Senhor de 2010, calhou a Roda da Fortuna.

Sorte em movimento, o que hoje está em baixo, amanhã estará em cima, blá, blá, blá, mudança e evolução a todos os níveis, blá, blá, blá, resposta a questões, blá, blá, blá, mudanças decisivas no amor, blá, blá, blá, intensa paixão e romance, blá, blá, blá, novas portas a abrir-se no plano material, blá, blá, blá e faça exames de rotina.

Hhuumm... não parece mau de todo... se bem que a cara do barbudo em baixo não é nada animadora, digo eu...


Mas, que se lixe, siga! Venha ela! Rrroooodó palco!

quarta-feira, janeiro 13, 2010

À minha companheirinha...


Previsões

"Grandes mudanças e confrontos virão."

F*****!! ... mais?!?

#!$%&#%^~!@$ dos astros, que se &#%^~!@ todos mas é ...! Tu queres ver...?!? Ai , que eu tenho que me chatear a sério...

Inverno

Hoje acordei com frio. Pior, acordei por sentir frio. O banho não adiantou, o chá quente também não. Porque é um frio que vem de dentro, é o frio de momentos, sentimentos e palavras, cravados em mim, que de vez em quando se soltam, correm livres pelas veias e gelam tudo à sua passagem. Hoje tenho frio. Hoje o frio tomou conta do meu espaço.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Listen carefully... I shall say this only once...


Lollipop


- V. emprestas-me o teu guarda-chuva? Tenho que ir lá fora num instante.
- Ok, está ali, vai buscá-lo.
- Errr... é isto??
- Sim, o meu estragou-se, trouxe o da minha filha. Mas... qual é o mal? Achas demasiado infantil? Achas que não fica bem?
- Nããooo! Que disparate... é perfeito! Muito adulto e vai lindamente com a minha cara de parva!

Abstração

I love headphones...

segunda-feira, janeiro 11, 2010

E para terminar o dia...

In The Arms Of an Angel - Sarah McLaughlin

Spend all your time waiting for that second chance
For the break that will make it ok
There's always some reason to feel “not good enough"
And it's hard at the end of the day

I need some distraction, oh beautiful release
Memories seep from my veins
They may be empty and weightless, and maybe
I'll find some peace tonight

In the arms of an Angel, fly away from here
From this dark, cold hotel room, and the endlessness that you fear
You are pulled from the wreckage of your silent reverie
You're in the arms of an Angel; may you find some comfort here

So tired of the straight line, and everywhere you turn
There's vultures and thieves at your back
The storm keeps on twisting, you keep on building the lies
That you make up for all that you lack

It don't make no difference, escaping one last time
It's easier to believe
In this sweet madness, oh this glorious sadness
That brings me to my knees

In the arms of an Angel, far away from here
From this dark, cold hotel room, and the endlessness that you fear
You are pulled from the wreckage of your silent reverie
In the arms of an Angel; may you find some comfort here

A cobra que engoliu um boi

É o que dá boa comida, boa bebida e boa conversa num domingo à noite: poucas horas de sono e a amiga Rennie a ter que entrar em acção!

Tardo mas não falho

Brinde a ti, C., à tua casa nova, à tua vida nova, com as "irmãs" do costume.


(Champagne em copos de plástico, remember? Pobrete mas alegrete! ;))

Frio?!


domingo, janeiro 10, 2010

Conselho

Foge, foge, corre o mais rápido que puderes! Agarra essa centelha que te ficou do céu iluminado, por pequena que seja, agarra-a com toda a força e foge com ela para bem longe. Volta as costas à frieza, à indiferença, ao desprezo, livra-te deles, pontapeia-os de volta com toda a força, arrasa-os, deita-os ao chão, espezinha-os, devolve o que te deram para que essa carga não vá contigo e depois corre na direcção oposta, a do calor, a do carinho, do respeito, do sorriso que se ilumina à tua passagem, da mão que passa pela pele e se encaixa em todos os contornos, dos olhares que apreciam cada pormenor, que te valorizam como ser único, que, sem dizer, dizem: és especial e eu quero-te inteira, toda, sem deixar nada de parte.

Corre de centelha numa mão, bem apertada, e com a outra agarra-te ao resto, à vida, ao que ela traz de bom, a ti mesma.

sábado, janeiro 09, 2010

E continuando a caminhar...

... o primeiro grande passo está dado.

Caminhando

É reconfortante perceber que quando decidimos voltar, há logo quem se junte e volte connosco. Como se estivessem estado à espera da nossa decisão, em stand by, quietos, dando-nos o espaço necessário para que a jogada seja nossa. Mas no minuto em que decidimos dar um passo em frente, por pequeno que seja, avançam também porque, apesar de silenciosos, nunca sairam do nosso lado. Aos que me acompanham sempre e não precisam de muitas palavras para se porem novamente a caminho comigo, aqui vou eu, aqui vamos nós.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Leitura

Uma vez um livro disse-me que o medo é tímido, envergonhado, acanhado.  Quando sente olhares de terceiros, esconde-se atrás de nós, dissimula, finge que não existe. Mas quando ninguém está a ver, quando estamos só nós os dois, pessoa e sentimento, assume protagonismo, avança para a linha da frente, mostra-se em toda a sua dimensão.

Uma vez um livro, sem saber, falou de mim.

Eu voltei... e ela também...

"- Ainda ontem estive a esfolear uma revista e fiquei a saber que... blá, blá, blá..."

Espera. Um segundo. Deixa-me raciocinar... eerr... ok, pronto, já percebi.

Em época de crise, economia também nas palavras. E esta, tendo em conta a criatura que a proferiu, é multiusos. Pode ser:
1. Alternar entre diversas páginas de uma revista ou livro aleatoriamente
2. Ajudar a remover as células mortas da epiderme
3. Retirar a pele de um coelho para o cozinhar

Portanto, para quê complicar?? Misturam-se todas e já está, a mesma dá para uma série de coisas! E eu é que já estava a embirrar... tss, tss, tss...

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Saldos

Queria comprar roupa interior. Comprei um cinto e um cachecol. Acho que com jeito consigo que sirvam para a mesma coisa.

Artifícios

E vi o 9 passar a 10 enquanto o olhava fixamente para ter a certeza que apreendia tudo desse imenso segundo. O segundo do fim, o segundo do início. Depois aproximei-me o mais que pude do céu, olhei para cima e ali me deixei absorvida pelas cores, estrelas, brilhos, formas.  O barulho ensurdecedor ecoava longe para mim e na minha mente uma música, não sei qual, a acompanhar as abóbodas gigantes que se formavam sobre a minha cabeça, capazes de me engolir. Por momentos, desejei que o fizessem e me levassem com elas para esse mundo de luz. Senti-me parte de tudo, capaz de voar no meio das cores, senti que pertencia áqueles céus. E a cada novo brilho, um flashback, a revisitação de mil lugares, palavras, expressões, olhares, momentos, emoções, tudo entrelaçado em minutos que pareceram uma eternidade. E a música que só eu ouvia. E a ilusão de que as formas diversas, que rasgavam o céu, falavam comigo, só comigo. E se desfaziam depois em lágrimas azuis, brancas, amarelas, verdes, vermelhas, que escorriam na minha direcção perdendo a côr ao juntar-se às minhas.

A dada altura, vinda sei lá de onde, uma taça de champagne a acordar-me para a constatação de que as minhas mãos estavam geladas, que as minhas pernas tremiam. Mas deixei-me estar até ao fim.

Não brindei, não comi passas, não pedi desejos, não tomei resoluções. Sabia-me rodeada de gente mas não sentia ninguém. E de repente lembrei-me, quando o 9 passou a 10, mesmo antes de me evadir desta terra, de um sussurro quente ao ouvido: que sejas feliz.

Melting pot

Novidade culinária com origem na mais improvável das cozinheiras: cheesecake de goiabada. Irra... que é bom...!

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Conselhos para saber viver #4

Quer emagrecer sem deixar de se lambuzar com o que mais gosta?
Arranje uma doença dos nervos, é tiro e queda. Mas não daquelas "ai, hoje estou mal disposta; ai, hoje já não estou." Não! Daquelas de monta, a durar uns meses valentes, com drogas à mistura se possível, e que nos fazem questionar sobre o sentido do Universo e desatar a chorar com qualquer coisa como a musiquinha do anúncio do Fairy, com óleo de não sei o quê, que tira a gordura das panelas e deixa as mãos num brinco.

Quer manter o peso que entretanto alcançou?
Não vá de férias. Nunca!! As férias aliviam a mente, ajudam a espairecer, a fazer pause e, às vezes, até nos fazem rir no meio da rua, agarrados à barriga, porque a cenoura do nariz do boneco de neve pode ser extremamente sugestiva para as nossas mentes tresloucadas o que dá logo ideias para umas fotos do caraças! E entre uma foto e outra... lá damos por nós a "afiambrar" mais um copito...

Portanto... fique por cá. Trabalhe, deprima, diga mal à sua vida e o 34/36 está garantido!

Mistletoe

Preparei-me com antecedência. Pensei muito no assunto porque sabia que tempos difíceis se avizinhavam. Preparei-me como sempre faço, limpando as armas e a armadura, colocando tudo no seu lugar, operacional, para enfrentar o embate.

Esforcei-me por ignorar luzes, cor, música, cheiro a fritos, açúcar e canela, ambiente festivo. Apreciei-os por si só, sem os conotar com nada. As prendas, poucas, foram compradas só para algumas pessoas muito especiais. Quanto ao resto, uma mão salvadora, sem que dissesse quase nada, tratou do que era suposto. Não enfeitei a casa, praticamente não fiz embrulhos e apenas me comprometi com a sobremesa que tipicamente sai das minhas mãos e da qual toda a gente já está à espera. Mas só para não desiludir.

Tentei passar-lhe ao lado esperando o mesmo tratamento em retorno e chegado o dia só me lembrava das frases que alguns me disseram e que repeti incessantemente para mim mesma: "vais ver que passa num instante", "encara apenas como um jantar e um almoço", "pensa que depois estás de férias".

O jantar chegou e eu lá fui, de forma automática. Não senti calor, ligação, emoção e parecia flutuar por cima daquilo tudo como que assististindo à cena de um filme. Uma pequena parte de mim desejava fugir, o resto não estava mesmo lá. Praticamente não falei porque não tinha nada para dizer e, algumas vezes, retirei-me do meio da confusão para estar comigo mesma. Sentia ausência. De pessoas, de vozes, de comentários típicos, de ombros onde me encostar. E, principalmente, sentia falta de mim. Não sendo a única a enegrecer o ambiente, as horas anteciparam-se, as prendas abriram-se sem regra e meia hora depois estava em casa.

No dia seguinte, a mesma coisa. Mais uma vez, em ambiente perfeitamente familiar, sentia-me uma estranha. Algumas palavras na minha direcção tentaram tirar-me do estado vegetativo "está óptima a tua sobremesa, como sempre", "e tu lembras-te quando eras pequenina isto assim, assado...?". Em vão. Sorri por delicadeza e viajei outra vez. E também nesse dia, tudo terminou cedo.

Não senti nada do que adorava sentir, não fiz nada do que costumava fazer. Apenas um ritual, que não era meu e que talvez passe a ser, mas apenas para mim: contei os doces. Eram 15.

E quando tudo parece escuro demais...

"When it is dark enough, you can see the stars."
Ralph Waldo Emerson

terça-feira, janeiro 05, 2010

2010

Voltei.

Porque aprendi que nada é definitivo, nada é garantido, nada... a não ser o que nos leva deste mundo. E eu, de certa forma, andei fora deste mundo, ainda ando às vezes...

E aprendi que caio mas que me levanto sempre. Aprendi que caio mais vezes do que gostaria mas que não devo considerar cada queda uma derrota. Aprendi a aceitar que, por mais pequeno e mesquinho que pareça ser o meu mundo se o compararmos com os grandes dramas mundiais, é com ele que tenho que lidar no dia a dia, é a ele que tenho que prestar contas, é ele que ocupa os meus dias, é dentro dele que vivo e por isso não me devo sentir culpada ou egoísta por olhar por mim, por deixá-lo ocupar-me a mente, por nem sempre ver para além das suas paredes. Aprendi que tenho que me esforçar para que as desilusões não me façam deixar levar pelo medo de confiar nas pessoas e na vida. Aprendi que ao achar que estou a ficar doida estou justamente a dar sinal de que a minha sanidade mental se mantém em perfeito estado senão nem daria conta. Aprendi a não esperar demais de mim e a aceitar que hei-de cair mais vezes. Aprendi que há pessoas absolutamente maravilhosas neste mundo e há outras... que nem por isso. Aprendi que nem sempre damos a quem nos dá e nem sempre recebemos de quem recebe de nós. Aprendi que o amor verdadeiro nunca morre e que tenho muita sorte por continuar a ter à minha volta pessoas que me amam sempre, mesmo quando eu própria não o faço. Aprendi que ainda sou capaz de iluminar sorrisos. Aprendi que sou uma sobrevivente e que continuo, sempre que posso (e às vezes, muitas vezes!, mesmo quando não devo), a fazer o que me dá na real gana!

Por isso voltei. Recupero assim parte de mim, porque sim, porque quero, porque me faz sentido como me fez sentido antes ir embora. E faço-o por mim, apenas e só.

O resto... depois logo se vê.