terça-feira, janeiro 19, 2010

Parafraseando

Não pares agora. Não pares! A tentação é grande, a força parece esvair-se, o corpo pede mas não pares, não agora. Não olhes para trás, não voltes a cabeça sequer porque nada te espera lá, naquele lugar ermo e sombrio, ladeado por árvores raquíticas, cinzentas, onde o vento não sopra, o ar é denso e o céu parece poder cair a qualquer momento de tão pesado que é. Desprende-te só mais um bocadinho do que te amarra lá, das correntes que te agarram, te puxam e que tantas vezes te fazem cair de joelhos. Esvazia as veias da sua carga, torna-as leves, finas e tenta desenvencilhar os pulsos mesmo que doa, mesmo que só consigas um bocadinho de cada vez. Caminha, mesmo que devagar, caminha e lembra-te que tens uma missão, uma meta, um prazo e que cada passo atrás te afasta mais do teu destino, do destino que esperas que te espere. Não pares agora mesmo que os ombros não vençam a gravidade, mesmo que a espinha curvada pareça não conhecer outro estado. Não pares porque parar é morrer e olha, fixa, altiva, mesmo que seja a fingir, mesmo que a tua cara minta, olha sempre em frente, olha para a outra metade do caminho.

Sem comentários: