Há dias assim. Há dias em que o sol que espreita timidamente atrás das nuvens não chega a nós. Há dias, muitos dias, em que levantar da cama é um esforço porque não se consegue encontrar qualquer sentido no dia que começa. Há dias em que, egoisticamente, a graça de estar vivo não é suficiente. Há dias em que o vazio e a saudade se manifestam gritando a plenos pulmões, não deixando ouvir mais nada. Há dias em que esperamos por uma coisinha só, um qualquer pormenor, um olhar ou uma palavra, e ele não vem. Há dias em que temos a certeza que o mundo está a prescindir de nós e nós, em retorno, prescindimos dele também. E há dias em que a alma vagueia sozinha, perdida longe daqui, não havendo forma de a ligar à terra. Há dias tristes, tristes, assumidamente tristes. Há dias em que o nosso ar é rarefeito fazendo parecer que nunca mais vamos conseguir respirar sem esforço. Há dias em que nos sentimos às voltas sobre nós próprios, não conseguindo sair do mesmo lugar, e há dias em que não temos mais onde ir buscar forças para continuar a tentar quebrar esse ciclo e dar passos em frente. Há dias em que tudo parece uma perda de tempo.
E não há muito a fazer. Resta apenas aceitá-los como parte integrante do caminho das pedras, acreditando que têm alguma função que nos ultrapassa, e resta vivê-los, um de cada vez, esperando que o que se segue seja diferente.
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