terça-feira, julho 30, 2013

Porque o amor também se alimenta de humor

Amiga stressada com criança pequena que teima em não comer. Todos os dias é um festival de sopa por todo o lado: babete, cara, nariz, paredes, chão, óculos da progenitora... 

No outro dia, como de costume, pediu ao companheiro que fosse entretendo a cria com palhaçadas porque o puto distraído vai relaxando os maxilares e a colher lá consegue entrar direitinha onde é suposto. E assim prosseguiram: ela a insistir "abre a boca, abre a boca", ele atrás dela a fazer macacadas.

Nisto, e sendo que a macacada escolhida não estava a resultar, o companheiro resolve mudar de estratégia e começa a ensinar as vozes de diferentes animais: 

Como faz o cão? Ão, ão!

Como faz o gato? Miau, miau!

Como faz a cabra? Abre a boca, abre a boca!

quinta-feira, julho 25, 2013

"Lanzeira" season

Ando há uns dias dominada por uma preguiça sem explicação...

Não se trata de cansaço nem sono - o meu organismo encontra-se em perfeitas condições fisiológicas e psicológicas -, não é ausência de estímulo ou afazeres, não é depressão nem tristeza, nem amuo, nem dia-não: tudo corre dentro da mais banal normalidade e até "em bom". Mas ando aqui a embrulhar, a atrasar, a ignorar, a fingir que não ouço para não ter que fazer absolutamente nada! Ou melhor, para só fazer o que me apetece. No trabalho e não só.

Ainda há dois dias, aproveitando que iria conseguir chegar mais cedo a casa - coisa rara! -, tinha tudo planeado: tirar a louça da máquina, arrumar o que restou da festarola do fim de semana, tirar a roupa do estendal  (que já corria o risco de se aguentar de pé sozinha, tal a secura), arrumar o roupeiro, regar as plantas, preparar algo leve para jantar, tomar um banho fresco... tudo planeado. Bom... o banho fresco tomei e, à última hora, lá se arranjou algo para comer mas, de resto, só li. Li, li e li, estendida na cama, mimada pelos gatos e pelo silêncio, saboreando a brisa fresca de fim de tarde de Verão. 

Tenho trabalho para fazer, assuntos para resolver, processos para terminar mas... NÃO ME APETECE, pronto. 

Conhecendo-me sei que é "sol de pouca dura"; conhecendo-me sei que, não tarda, a energia costumeira lá se apodera de mim e é ver-me a correr de um lado para o outro, a fazer mil e quinhentas coisas ao mesmo tempo, a impacientar-me por não ter ocupação, a adiantar serviço, a pegar na organização e na eficiência pelos cornos. Mas por agora... NÃO ME APETECE.

E é isto. É este o estado do tempo. Há que encará-lo com frontalidade. E, já agora, aproveitá-lo também... ;)

Bolhas

"É assim que tu vives. Numa bolha. Colocaste lá dentro tudo aquilo que não te incomoda. Que te faz esboçar um sorriso mas não te faz pensar. Que supostamente te realiza mas que não te preenche. O que agrada aos outros e finge agradar a ti...
O resto... o resto não existe! Aquele resto que te deixa completo. Que te faz amar. Que faz de ti um homem realizado. Que te leva a fazer aqueles disparates de miúdo. Que te rasga um sorriso nos olhos! Esse resto? Esse resto que tudo vale? Esse resto tenho-o eu comigo!"

Direitos e deveres

"No Mundo globalizado, a única guerra justa é a guerra à intolerância: temos o direito e o dever de ser intolerantes perante a intolerância. Mesmo a dos nossos amigos." 

Francisco Seixas da Costa


À intolerância junto a discriminação, a crueldade, o desrespeito pela vida e pela dignidade de todos os seres vivos. Não aceito, não respeito quem discrimina, quem é cruel, quem desrespeita a vida. Estou a discriminar esta gente? Estou a ser intolerante com esta gente? Sim, estou, dou-me como culpada, podem-me prender. Porque continuarei sempre a fazê-lo.

quarta-feira, julho 24, 2013

O segredo

"Não precisar do outro. 
Por estranho que pareça, em mais de vinte anos de consulta, as pessoas que conheci que mais felizes foram não precisavam do outro. Talvez não tão estranho. Seja uma relação de semanas seja a de uma vida, o amor, a mistura certa de sexo, companhia, confiança e riso, é tanto melhor quanto mais independente. De tudo. Se o outro está lá para nos resolver abandonos anteriores, inseguranças várias, neuras, políticas de controlo ( posse e ciúme), precisamos dele. Torna-se um artefacto, o amuleto sem o qual a vida não faz sentido, uma tenebrosa confissão de impotência. Se, no entanto, o outro faz parte do nosso gosto pela vida, torna-se, ipso facto, parte de nós. Em momento nenhum o desmentiremos, nunca diremos que a vida não faz sentido sem ele. Nenhuma parte da nossa vida se sobrepõe ao todo, não nos cabe decidir sobre o que tem existência própria. 
É por isso que o amor é eterno." 

Filipe Nunes Vicente
Psicólogo

Do que se cala, do que se perde

Nem sempre é tempo. O tempo que não passa pelo calendário, o tempo que se sente, esse. Nem sempre é tempo porque também há horas de calar. Não do calar que varre para baixo do tapete ou do calar que enfia a cabeça na areia para viver das ilusões que o escuro do seu buraco projecta na imaginação mas do calar de paz, do calar que acalma e pacifica, do calar que enterra o que já não tem vida. Do calar que cura e limpa por já se ter dito tudo; do calar de missão cumprida, de braços caídos ao longo do corpo prontos para abraçar outras causas por já terem feito tudo o que havia a ser feito até ali; do calar que vira as costas às paredes e encara, pelo outro lado, o espaço aberto de caminhos a percorrer. Porque há tempo para tudo. O tempo que se sente: talvez seja esse o tempo agora.

Sempre disse de mim - sempre soube de mim - que enquanto tiver forças para argumentar, enquanto subsistir a vontade de contestar e não me resignar, é bom sinal. Que enquanto não me calar em defesa de qualquer causa que em mim exista, essa causa não está perdida. Sempre soube também que, quando ela cai, cai porque eu, de forma deliberada, recolho a mão que a segura.

E quando tal acontece, mais do que eu ter perdido, mais do que a causa se perder...

... perdem-me.

terça-feira, julho 23, 2013

Borboletas!


Nem sempre...

Se eu pudesse trincar a terra toda 
E sentir-lhe um paladar, 
Seria mais feliz um momento. 

Mas eu nem sempre quero ser feliz. 
É preciso ser de vez em quando infeliz 
Para se poder ser natural 

Nem tudo é dias de sol, 
E a chuva, quando falta muito, pede-se. 
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade 
Naturalmente, como quem não estranha 
Que haja montanhas e planícies 
E que haja rochedos e erva 

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade, 
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda, 
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre, 
E que o poente é belo e é bela a noite que fica... 
Assim é e assim seja. 

Alberto Caeiro 
in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXI

sexta-feira, julho 19, 2013

Dogs!... and then cats...


De repente(s)

"De repente, apetece-nos dormir do lado contrário da cama. Passamos a gostar de café sem açúcar. E de favas! Já não vivemos para a noite e preferimos aproveitar os raios do sol. Descartamos quem só estava ali por diversão e restringimos aos que nos dão a mão. Paramos as birras com o mundo. Deixamos de nos preocupar só com nós próprios e precisamos que o outro esteja bem. Aprendemos a sorrir só porque sim. Percebemos que mostrar sentimentos é uma coisa boa. Percebemos que mudámos em muita coisa, ainda que sendo a mesma pessoa. E que é tão mais fácil viver assim...

"E, de repente, a vida vira-te do avesso e descobres que o avesso é o teu lado certo." "
Caio Fernando Abreu

in Gosto de ti, e então?

Castelo





















Castle garden
Paul Klee 1879-1940

quinta-feira, julho 18, 2013

Quatro

Quatro. 

Fiz as pazes: com as teclas: comigo. Contigo a guiar-me.

Continua a não haver palavras. Só buracos. 

Penso que será sempre assim.

quarta-feira, julho 17, 2013

Besourão cornudo - para os amigos












Hoje dei de caras com um amigo destes. 

Hoje dei de caras com um amigo destes e dei por mim, sozinha e aos gritinhos histéricos, a tentar salvá-lo, a um destes exemplares gorduchos que se me apresentou de pernas para o ar. 

Hoje dei de caras com um amigo destes e dei por mim, sozinha e aos gritinhos histéricos, a tentar salvá-lo, a um destes exemplares gorduchos que se me apresentou de pernas para o ar, tentando desesperadamente não me estatelar do alto da sandalete

Hoje dei de caras com um amigo destes e dei por mim, sozinha e aos gritinhos histéricos, a tentar salvá-lo, a um destes exemplares gorduchos que se me apresentou de pernas para o ar, tentando desesperadamente não me estatelar do alto da sandalete, com mais gritinhos histéricos e de pauzinho na mão por não conseguir tocar no desgraçado directamente, a imaginar o que diriam as pessoas que por mim passavam ao ver-me naquela figura.

Hoje... salvei um  bicho destes. 

A verdade é que nem pensei muito no salto, na figura, nas pessoas, na impressão nojentinha de menina citadina que foge como se não houvesse amanhã de insectos e afins, e não descansei até conseguir virá-lo de patas para o chão para que esta vida pudesse seguir o seu caminho.

E eu segui o meu. Contente, verdadeiramente contente por ser assim.

Tentação

"A única maneira de nos livrarmos de uma tentação é cedermos-lhe. Se lhe resistirmos, a nossa alma adoece com o anseio das coisas que se proibiu, com o desejo daquilo que as suas monstruosas leis tornaram monstruoso e ilegal. Já se disse que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. É também no cérebro, e apenas neste, que ocorrem os grandes pecados do mundo."

Oscar Wilde 
in 'O Retrato de Dorian Gray"

E continuou assim...





Esta veio do "meu" Eça...

pudicícia (latim pudicitia, -ae, modéstia, castidade, virtude)
 s. f.
1. Qualidade do que é pudico.
2. Honra feminina.
3. Castidade; pudor, inocência, recato.
4. Pureza do corpo e da alma.
5. Palavras ou actos que denotam pudor.


(Em carta de Eça de Queiroz a Fialho de Almeida a propósito da crítica deste último sobre "Os Maias". Em 1888 como agora: é triste constatar que os séculos passam mas a pretensa pudicícia de alguns continua a toldar o seu espírito e a fechá-lo...)

segunda-feira, julho 15, 2013

Constatação #69

Quando se regressa de férias, ainda que só de uma semaninha, e sob pena de minar irremediavelmente e em escassos segundos toda a energia positiva que nos conferiram o descanso e a boa vida, há duas coisas que NÃO se devem consultar: o saldo bancário e a balança.

O que é realmente importante

E está aqui uma pessoa a dizer mal da sua vida, porque esteve uma semana de papo para o ar e bem que continuava e porque é segunda-feira e porque dormiu menos do que queria e porque tem um porradão de emails dos superiores hierárquicos a piscar na caixa - arre, que é demais, ainda agora cheguei, senhores, preciso de tempo para aquecer... o resto do dia, por exemplo! -, e eis senão quando recebe a seguinte mensagem:

Mensagem da tua afilhada 
Mãe, podemos escrever uma carta à Tia T.?
Dizes assim:
Gosto muito dela! Quero-lhe dar um beijinho e um abraço! 
Ela é do meu coração!


E pronto... é isto... o resto que se lixe..!


(e diz uma pessoa de lagriminha no canto do olho e baba a escorrer queixo afora: é fofa, a miúda, é... sai à "mardinha"! ;))

sábado, julho 06, 2013

sexta-feira, julho 05, 2013

Desistências. Ou insistências...

"Saber desistir. Abandonar ou não abandonar — esta é muitas vezes a questão para um jogador. A arte de abandonar não é ensinada a ninguém. E está longe de ser rara a situação angustiosa em que devo decidir se há algum sentido em prosseguir jogando. Serei capaz de abandonar nobremente? Ou sou daqueles que prosseguem teimosamente esperando que aconteça alguma coisa?" 

Clarice Lispector 
in Um Sopro de Vida

quinta-feira, julho 04, 2013

terça-feira, julho 02, 2013

Tãããão bom!

Porque é brutal e me "embalou" estrada fora esta manhã

Another Love
Tom Odell

I wanna take you somewhere so you know I care
But it's so cold and I don't know where
I brought you daffodils in a pretty string
But they won't flower like they did last spring

And I wanna kiss you, make you feel alright
I'm just so tired to share my nights
I wanna cry and I wanna love
But all my tears have been used up

On another love, another love
All my tears have been used up
On another love, another love
All my tears have been used up
On another love, another love
All my tears have been used up

And if somebody hurts you, I wanna fight
But my hands been broken, one too many times
So I'll use my voice, I'll be so f*cking rude
Words they always win, but I know I'll lose

And I'd sing a song, that'd be just ours
But I sang 'em all to another heart
And I wanna cry I wanna learn to love
But all my tears have been used up

On another love, another love
All my tears have been used up
On another love, another love
All my tears have been used up
On another love, another love
All my tears have been used up

I wanna sing a song, that'd be just ours
But I sang 'em all to another heart
And I wanna cry, I wanna fall in love
But all my tears have been used up

On another love, another love
All my tears have been used up
On another love, another love
All my tears have been used up
On another love, another love
All my tears have been used up

segunda-feira, julho 01, 2013

Até quando

Vou me perguntando até quando
vou parecer essa simples mistura 
de farinha, água e sal para o mundo 
quando aqui dentro 
eu sou um mar inteiro. 

Caio F. Abreu

Warning!

Do not look for chocolate recipes if you have had a "fishy" lunch! 

I repeat, DO NOT!

Segunda-feira. Não há mais nada a dizer.


Perfil

Mês sete...