sábado, abril 30, 2011

Constatação #39

Percebi, finalmente, porque se utiliza a expressão "lavada em lágrimas".

Elogios

"Tu, realmente, és mel. És um pingo de mel! Tens uma colmeia enfiada no rabo!"

sexta-feira, abril 29, 2011

Descomplicómetro

Ipad, iphone, tablets, galaxy, android, PDA, pocktet PC... mas que trampa! E que tal simplificar?? Se faz chamadas é telemóvel, o resto são "os outros", pronto!

O cúmulo nem sei de quê!

Pedido de colega de sala no intervalo dos seus próprios comentários sobre os chapéus, o protocolo, quem é quem, as fatiotas...

"Vá... não ponham a televisão mais alto que a T. está a trabalhar"

quinta-feira, abril 28, 2011

Perfil

A tentar encarar as vicissitudes como oportunidades. Já estou melhor, já estou melhor...

quarta-feira, abril 27, 2011

Karate kids

No meu refúgio do costume, cruzo-me com dois fulanos, na casa dos trinta, a fazer jogging.

Diz um deles para o outro:

- Eu entendo, pá, é natural, é mesmo assim. Precisas de um tempo para estar sozinho, para te curares, para lidares com a ressaca da coisa. Mas depois, amigo, depois é voltar à carga e zás!! (e a mão direita corta o ar em gesto karateca), ao ataque outra vez!

Mais uma moedinha, mais uma corrida..!

Tenho que rir, rir muito, rir com gosto, rir, rir porque é, sem dúvida, o melhor que faço.

Uma das coisas que mais me surpreende nas pessoas é a falta de sentido crítico. É uma espécie de cegueira que não se justifica a quem tem olhos. Como se tivessem colocado algures no cérebro uns óculos com um filtro esquisito que só as permitisse ver uma realidade velada, incompleta, deturpada, mesmo quando olham ao espelho. Ou então é o espelho que deturpa a imagem, já não sei.

Costuma-se dizer que é mais fácil conhecer os outros do que a nós mesmos. Se assim é, se esta dificuldade é real, também os outros nos conseguem ler melhor do que a si próprios, correcto? E sendo assim, talvez a sua opinião possa ser considerada um bom indicador do que não conseguimos ver em nós, não será? Pelos vistos não... pelo menos não para toda a gente...

Tenho que rir porque chega a ser ridículo. Tenho que rir porque as tentativas de se agarrar a alguma coisinha de nada já começam a denunciar-se como desesperadas. Tenho que rir porque é patético, infantil, pequenino, tão pequenino...

Pergunto-me muitas vezes "mas não me faltava mais nada, diabos!?". E já me consegui responder. Não é de mim que se trata, é dele. É a ele que falta alguma coisa e é ele que tem que atravessar a sua "floresta escura" para ver se aprende e evolui como ser humano.

Eu, eu sou apenas um obstáculo que se lhe atravessou no caminho para o tornar um bocadinho mais penoso. O azar dele é só um: é que eu sou filha do meu pai. Muito, mas mesmo muito, filha do senhor meu pai.

terça-feira, abril 26, 2011

Das coisas estúpidas que acontecem nas quais só pensamos... quando acontecem!

- Eerr... desculpe mas... acabou de me acontecer a coisa mais estúpida que possa imaginar!
- O quê? Perdeu o bilhete do parque, é isso?
- Não... o meu leitor de CDs "comeu-o"!
- Ah, isso também acontece muitas vezes. Deixe estar, dou-lhe já outro.


E porque é que o bilhete do parque estava no leitor de CDs? Por uma razão perfeitamente plausível! Porque é uma ranhura muito simpática para ter o dito ali à mão até chegar à cancela! Lógico! E pronto, não digo mais nada!

Dia não

Odeio segundas-feiras. E odeio dias como este que não são segundas-feiras mas que incham de orgulho por, de vez em quando, poderem "posar" como tal. Porque estes dias, segundas-feiras e "dias-armados-em", parecem tirar prazer de me poder atirar à cara que não!, não posso fazer o que quero como quero. É a obrigatoriedade que me lixa, o "tem que ser porque sim". Não gosto de imposições, de amarras, de ser movida pelas contas a bater à porta no final do mês. Se ganhasse o euromilhões deixava de trabalhar? Não! Nem pensar! Tenho demasiada energia para ficar quieta, acredito que "parar é morrer" e que "o trabalho dignifica o homem", subscrevo inteiramente qualquer um deste conceitos. Seria útil, interessada, interventiva, tentaria fazer a diferença, evoluir como ser humano, dedicar-me a causas, estudar, estudar, produzir, contribuir de forma positiva para a sociedade. Crescer e fazê-la crescer comigo. Tentaria, pelo menos.

O defeito é, certamente, meu. Às vezes, tenho pena de não ser do tipo de pessoa que se satisfaz com o que tem, que faz das pequenas felicidades grandes razões para estar bem, que não pede mais do que aquilo que consegue obter, que dá graças aos céus simplesmente por não viver debaixo da ponte. Sou exigente. Comigo, com a minha vida. Sou muito exigente. Quero mais, quero melhor, quero tudo. É uma chatice...

Perfil

"... so it's got to be right...

... right?"

quinta-feira, abril 21, 2011

quarta-feira, abril 20, 2011

Frase do dia

‎"Por favor, diga-me quem é e o que quer. E se pensa que estas são questões simples, tenha em mente que a maioria das pessoas vive as suas vidas inteiras sem chegar a uma resposta."
Gary Zukav

A parte do "get lucky" a minha mãe sempre omitiu, não sei porquê...



Fonte: Stuff No One Told Me

Constatação #38

Estou feita uma salvadora de caracóis...

terça-feira, abril 19, 2011

Ressaca. Ou só uma desculpa esfarrapada para deitar conversa fora.

O dia tal como eu. Chove. Faz sol. Parece simples, não é? Nos dias do tempo, do tempo meteorológico, é simples, é assim, sucedem-se, o sol e a chuva, porque assim tem que ser. Simples.

Quase que me sentei no chão com a caixa redonda apertada entre as pernas em arco. Quase. Visualizei a cena, vi-me de cima para baixo, como se me dependurasse no tecto. A caixa sempre fechada, quase, quase pronta para ser aberta. No último segundo, recuava. Porque a caixa contém um poder adormecido que, ao ver a luz do dia, se escapa para fora do seu invólucro como névoa e envolve-nos. O poder das lembranças, das saudades que não têm fim, porque as saudades são assim, por definição, incompletas. Recuei. Tive medo. E a cena não passou além de uma imagem mental. "Não devemos tentar esquecer, devemos abraçar e guardar o que tem de bom." Mas é mais fácil pôr de lado...

Os olhos pregados no tecto, a noite mal dormida a insinuar-se, abro os braços ao ar e não sei o que faço. Sem me apetecer mexer, sair dali, absorta, sem vontade. E reparo que, se não tenho cuidado, me deixo cair, mais e mais, para dentro de mim, mais reclusa, mais solitária. "A sua alma está fechada, vê-se. Ainda não está disponível." Mas tenho saudades de mim assim.

As palavras e os gestos que ficam por terra. Não têm para onde ir. "Devemos dizer às pessoas quem são elas para nós, o quanto gostamos, o quanto as queremos. Devemos dizer porque não se sabe o dia de amanhã e o peso da palavra não dita pode ser insuportável."

On hold. "É extraordinária a capacidade que o ser humano tem que ficar suspenso."

E consigo ver-me mais autónoma, menos desamparada e disse que essa era a grande diferença. "Já viu? Talvez saia de tudo isto muito mais forte."

Em resumo, sou outra. Mas em resumo, acho que ainda tenho demasiado da mesma.

Frase do dia

"Quão desesperadamente difícil é ser honesto consigo mesmo. É muito mais fácil ser honesto com as outras pessoas."

Edward Benson

segunda-feira, abril 18, 2011

Visões

" Ora então cá temos de novo a menina dos olhos tristes. Muito bonitos mas tristes..."

Um só dia, dois novos caminhos

Um, da minha existência. Outro, a nova CRIL.

O primeiro ainda está para se ver. Já o outro só tenho uma coisa a dizer: smooootthhhh....

Porque me derreteu...

domingo, abril 17, 2011

Para mim já começou..!


Algures para os lados da Comporta...

sexta-feira, abril 15, 2011

Argumentos

- Que me dizes de ir à praia amanhã? Eu sei que ainda estamos em Abril mas está tempo de Verão e diz que segunda-feira já piora...

- Boa ideia, vamos, vamos! Fiz a depilação esta semana, pá, tenho que a aproveitar!

quinta-feira, abril 14, 2011

Nem comento... não é preciso!



Os buracos e as curas



Porque foi isto que desenhei sem pensar muito...

Porque, hoje em dia, não é fácil conseguirem surpreender-me...

Porque me soube mesmo bem o final de tarde morno, a caipirinha à beira-rio, os laços que nunca se desfazem, com quem é de todas as horas...

"Solidão" por Francisco Buarque de Holanda

"Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... isto é equilíbrio.

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... isto é circunstância.

Solidão é muito mais do que isto.

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma ..."

quarta-feira, abril 13, 2011

Sinais

Descobri, finalmente, quem são as duas colegas que estacionam nos lugares reservados a deficientes. Tenho que confessar que fiquei agradavelmente surpreendida... afinal de contas, nem toda a gente tem um tão elevado sentido de auto-crítica...

Trespassa-se!

Os comentários do cidadão comum às diversas notícias (estou a ser simpática, muitas não são, de facto, notícias. São opiniões de tudo quanto é cão e gato, previsões, suposições, enfim...) que todo o santo dia vão surgindo sobre o estado desta nossa nação, deixam-me com os nervos em franja!

Sim, a coisa está preta, sim, foi feita muita asneira e desconfio que ainda mais haverá a fazer, sim, há muita gente incompetente no país... tudo certíssimo! E o cidadão comum o que vai fazer quanto a isso, hein?? Vai votar ou vai para a praia? Vai participar de alguma forma? Vai dar o exemplo na sua própria casa e com a sua própria postura?? Ou vai continuar simplesmente a deitar abaixo anonimamente, a dizer que o país já não tem salvação? Ou vai afirmar com todas as letras, como ainda agora li, que "Portugal já não é viável" e pronto?

Portugal não é viável? Portugal não é viável??? E o dito anónimo sugere o quê, exactamente? Que fechemos as portas e que tentemos abrir negócio noutro lado, é isso?? E como é que isso se faz, já agora? A inteligência suprema, que está certamente mais que habituada a fechar países e a abrir outros, não me poderá esclarecer, não?

A sério, gente sem cérebro irrita-me... mas gente supostamente com cérebro e que não o utiliza provoca-me ganas assassinas!

Haja...!

"Saturno retrógrado pede um pouco mais de paciência com o tempo, pois os atrasos fazem parte deste momento. O melhor que tem a fazer é aliar-se a ele e deixar o controle de lado, pois nada do que fizer vai antecipá-lo."

Ahahahaa!! Brincalhões, estes astros...

terça-feira, abril 12, 2011

Os buracos e as almas

Gosto de acreditar que tudo tem uma razão de ser. É mais fácil, digere-se melhor a vida quando a imaginamos com um propósito maior. Gosto de pensar que não há coincidências; gosto de encarar as fases mais negras acreditando que é suposto que o nosso mundo se vire de cabeça para baixo; gosto de pensar que até elas, as fases de maior escuridão, servem para nos ensinar alguma coisa... se acredito ou não, é perfeitamente irrelevante. Gosto e pronto.

A verdade é que, na altura, nem me dei conta. Passou-me ao lado. Não me tocou de forma particularmente positiva mas, para ser franca, nem lhe prestei atenção. Foi apenas mais uma pedra, bem pequena por sinal, que se resolveu acomodar no meu sapato, nessa altura a abarrotar de pedregulhos acabadinhos de chegar e que ainda levariam muito, muito tempo até serem devidamente acomodados, se é que alguma vez ficarão. Uma pedrinha de nada, que se encostou ali a um cantinho e ali esteve quieta durante algum tempo. Ou pelo menos, assim o achei.

Não deixa de ser curioso como a sua chegada coincidiu com todas as outras... a impressão que me dá hoje é que, naquela fase, o céu permitiu que se abrisse em si um buraco negro, daqueles limitados no tempo, fenómeno passageiro e raro, que acontece uma vez em não sei quantos milhões de anos, buraco negro num pedaço de céu que dura apenas alguns segundos e que se fecha à mesma velocidade com que aparece. A questão é que, enquanto aberto, naquele preciso momento, naquele preciso local, pode ter a sorte de sugar algo para o seu interior. E eu, talvez estivesse no sítio errado, na altura errada, sem escudo protector que me permitisse não ser apanhada...

Lembro-me bem, não foi há tanto tempo assim. Durou um ano, talvez, não sei, um ano distribuído por dois, quase metades certas. Enredada em mim, lidando com dilemas interiores, praticamente ignorando que o mundo corria lá fora. Não o sentia. Os nós de marinheiro que me compunham iam-se apertando, da ponta dos pés às pontas do cabelo, tornavam-se cada vez mais cegos, mais rígidos, arrepanhando a coluna, arredondando-a, fazendo-me diminuir de tamanho e dobrar sobre mim própria. Tartaruga, caracol, debaixo da carapaça. Os meus dias corriam. Pesados, pareciam ter o triplo da duração, passavam de forma indolente e desinteressante, seca. Os dias reais passavam-me ao lado. Tinham luz, como todos os dias têm, mas eu não a via. Tinham gente, acontecimentos, mudanças de estação mas eu olhava para o outro lado, não deixava que nada disso me afectasse. Porque queria? Não, porque não vivia nele, no mundo exterior. Vivia no meu próprio mundo, ligando-me à vida que corria lá fora apenas e só quando não tinha forma de não o fazer, quando era obrigada.

E é aqui que o problema entra. Na vida exterior, secundária para mim durante tanto tempo. De vez em quando, o meu cérebro ligava-se à terra e assim ia "apanhando" no ar pequenas partículas que, por si só, não acarretavam relevância mas que, passado um tempo, olhando para o seu somatório, me fizerem compôr uma imagem mais completa do que estava à minha frente. Talvez tarde demais ou talvez apenas quando teve que ser.

Mas continuei a subestimá-la, essa é a verdade, dando-lhe a pouca importância que achei que tinha, para mim, para a minha vida, tendo em conta tudo o resto com que tinha que lidar. Continuei a subestimá-la convencida de que era uma daquelas coisas que mói mas não mata e que eu, dona da personalidade e carácter que me foram destinados aquando do meu nascimento e ao longo da minha criação, iria conseguir dar conta do recado. De mais esse recado. Sem medos, sem hesitações, com força e determinação, necessitando para isso apenas de usar a confiança de ser quem sou.

Hoje pergunto-me se deveria ter estado mais atenta. Hoje pergunto-me se poderia ter feito algo diferente. Concluo que não. Mesmo que tivesse enfrentado o "monstro" logo no início, admitindo o seu devido tamanho, acredito que estaria hoje exactamente onde estou. Não... minto. Estaria mais à frente, o choque frontal já se teria dado há mais tempo. E essa é a única diferença.

Porque as almas, essas, são o que são. Hoje, ontem, sempre. A minha e a outra.

A minha foi, em tempos, sugada para o buraco. A outra é composta por ele.

segunda-feira, abril 11, 2011

Perfil

Com um humor arrastado e nervoso, de dentes cerrados e suspiros de cabeça a abanar, de quem até vê o sol lindo que está hoje mas a quem só ocorre mandá-lo à m**** também!

... acho que é melhor ir arejar...

sexta-feira, abril 08, 2011

Aparvalhando

FMA - A!!! FME - E!! FMI - I!! FMO - O!! FMU - U!! Hurra, hurra! Xiribitatatata! Hurra, hurra!

(Ou isto ou choro... prefiro aparvalhar! Assim como assim, já é um território conhecido!)

quinta-feira, abril 07, 2011

Portugal é o país dos sósias!

No "Corredor do Poder" da RTP1, o representante do PCP podia ser perfeitamente o irmão gémeo perdido do Clark Kent! Nã fosse o sotaqui alentejâno e eu via perfeitamente o moço a rodopiar na cadêra do estúdio e a sair de lá ein vôo com uma capa vermêlha e brilhantina no cabêlo!! Ap, ap end auêííííí!!

quarta-feira, abril 06, 2011

Perfil

Introspective mode... ou mood?

Estatísticas

O meu ano mais produtivo aqui no postigo (que é de onde vem a palavra post, como todos devem saber) foi 2010.

O mês mais atarefado foi Outubro de 2009.

O que é que isto diz? Diz o que tem a dizer. Mais nada.

Constatação #37

Os livros fazem-me sair do meu mundo... há coisa melhor??

terça-feira, abril 05, 2011

Exercício mental ou "estou a ver que trabalhas mesmo no sítio certo!"

Não gosto de dias assim, de semanas assim, de horas assim. E desejava ardentemente deitar-me na marquesa, o único momento bom das odiosas segundas-feiras, que teimam em repetir-se todas as semanas, haverá certamente quem já as tenha considerado um dos maiores erros da humanidade, eu subscrevo, não sei quem se lembrou de as inventar mas sei que devia ser fuzilado em praça pública. Desejava, dizia eu, e lá me estendi ao comprido, com a linfa devidamente preparada para receber as mãos da D., com a cabeça mesmo, mesmo a precisar de descanso.

Mas esqueci-me de ter em conta alguns pequenos pormenores muito importantes, pormenores da minha pessoa, se calhar não só, questõezinhas aparentemente menores mas que, bem vistas as coisas, "fazem barulho" e não é pouco.

Quando se pára, quando se acalma o frenesim, cria-se lugar para que, o que está habitualmente em segundo plano, regresse à superfície... o que está inerte porque não há tempo, no qual não se quer pensar... certo? Certo.

Outro pormenor interessante e um pouco bizarro do ponto de vista científico mas que me ocorreu ainda na horizontal e que, para mim, pode ser uma explicação tão válida como outra qualquer: o meu cérebro não é capaz de albergar todos os to do's e os not to do's, este último sendo o nome mais business like para aquilo em que não se quer pensar. Assim, não saindo eles de mim, só resta que se alojem em qualquer outro lado deste corpinho, certo? Certo. Acredito hoje, então, que se espalham por mim afora... Posto isto, não me admiraria se alguém com um qualquer aparelho de ressonância magnética, ou coisa que o valha, preparado para detectar pensamentos e emoções, apanhasse uns quantos agarrados aos ossos, ao baço, aos dentes ou ali encaixados na cartilagem do joelho. E concluí isto tudo porquê? Por causa da D. e das suas mãos.

Portanto, deito a cabeça para relaxar. E relaxo e relaxo e esvazio e esvazio. Uma vez esvaziada, o que é que há? Espaço para ocupar... "ok, ok, pode ser que se mantenha assim, gosto do eco, deixa lá estar isso". Mas já me devia conhecer... as mãos da D. começam a massajar, a soltar os sentimentos e emoções agarrados às várias partes do meu corpo onde conseguiram encontrar poiso, os tipos entram na corrente sanguínea que, como toda a gente sabe vai para cima, e quando dou conta, a sala vazia do meu cérebro está a encher...

Passo assim de momento relax para "momento para pensar na vida e para chegar a conclusões mais profundas sobre o sentido de tudo isto".

Só que... outro pequeno grande pormenor da natureza da minha pessoa: já atingi um grau de qualidade elevadíssimo no que diz respeito à detecção de problemas. Estou quase a zeros quando a matéria é resolução. Assim, a sala cerebral enche, a festa começa, os problemas e sentimentos e emoções lá estão, em amena cavaqueira uns com os outros, começam a beber demais para empurrar os canapés, perdem a noção do ridículo, às tantas já estão aos berros e... e... nada! Não acontece absolutamente nada. Ninguém faz queixa, ninguém tenta acalmar os ânimos, ninguém manda vir a tropa das resoluções para pôr ordem naquilo porque, simplesmente, não há semelhante organismo no meu organismo...

Conclusão, é uma canseira... até o momento calmo das p**** das segundas-feiras é uma canseira...

E eu continuo a não gostar de dias assim, de semanas assim, de horas assim... E continuo a dizer "isto é tudo uma m****, é o que é" e continuo a saber que os problemas estão dentro de mim e que diz que as soluções também. Mas, convenhamos, olhando para este post, acho que restam muito poucas dúvidas sobre a razão pela qual não as encontro...

segunda-feira, abril 04, 2011

E já vai na quarta chávena de chá verde... I wonder why!

Para começar, ao fim da manhã de sexta, é cravada para "desencantar" um doce para o almoço de sábado. O que faz, o que não faz, analisa receitas, faz contas de cabeça, decide experimentar aquele das camadas de bolo e creme e compota e mais bolo e mais creme e mais compota, corre para o supermercado ao fim do dia, põe as mãos na massa ainda antes do jantar porque convém ficar umas horas no frigorífico, termina mesmo a tempo de avançar para o programinha já combinado.

No sábado, "ainda bem que chegaste, estava à tua espera para fazeres o tal queijo no forno", aquele para barrar quentinho nas tostas. Pois que seja, atira-se ao alho e cá vai disto!

Para terminar o fim de semana em beleza, a imagem de caril de peixe que a anda a perseguir há dias torna-se cada vez mais nítida e presente diante da peixaria do supermercado e "é hoje, não passa de hoje". Avança sem medos, faz refogado fininho, junta as especiarias certas e a dose de paciência necessária para deixar apurar, arrisca a inovar com sumo de lima e maçã aos bocadinhos...

O resultado... ficou tudo péssimo, horrível, os convivas raparam o tacho de cada uma das iguarias mas apenas e só por delicadeza, para não parecer mal, porque nos tempos que correm é um crime deitar comida fora, enquanto repetiam incessantemente "estás proibida de fazer mais isto!" E ela, com sacrifício mas por solidariedade, porque também temos que estar unidos na desgraça, lá teve que ajudar também...

"As mulheres têm fios desligados” de António Lobo Antunes

"Há uns tempos a Joana:

- Pai acabei um namoro à homem.

Perguntei como era acabar um namoro à homem e vai a miúda:

- Disse-lhe “o problema não está em ti, está em mim.”

O que me fez pensar como as mulheres são corajosas e os homens cobardes. Em primeiro lugar só terminam uma relação quando têm outra. Em segundo lugar são incapazes de dizer “Já não gosto de ti”, “Não quero mais” e chegam com discursos vagos, circulares como “Preciso de tempo para pensar”, “Não é que não te ame, amo-te, mas tenho de ficar sozinho umas semanas” ou declarações do género “Tu mereces melhor do que eu”, “Estive a reflectir e acho que não te faço feliz”, “Necessito de um mês de solidão para sentir a tua falta”. E dizem aos amigos “Dá-me os parabéns que lá me consegui livrar da chata”, “Custou mas foi”, “Amandei-lhe aquelas lérias do costume e a gaja engoliu”, “Chora um dia ou dois e passa-lhe”.

E pergunto-me se os homens gostam verdadeiramente das mulheres. Em geral querem uma empregada que lhes resolva o quotidiano e com quem durmam, uma companhia porque têm pavor da solidão, alguém que os ampare nas diarreias, nos colarinhos das camisas e nas gripes, tome conta dos filhos e não os aborreça. Não se apaixonam: entusiasmam-se e nem chegam a conhecer com quem estão. Ignoram o que ela sonha, instalam-se no sofá do dia a dia, incapazes de introduzir o inesperado na rotina, só são ternos quando querem fazer amor e acabado o amor arranjam um pretexto para se levantar (chichi, sede, fome, a janela de que se esqueceram de baixar o estore) ou fingem que dormem porque não há paciência para abraços e festinhas, pá, e a respiração dela faz-me comichão nas costas, a mania de ficarem agarradas à gente, no ronhónhó, a mania das ternuras, dos beijos, quem é que atura aquilo?

Lembro-me de um sujeito que explicava:

- O maior prazer que me dá ter relações com a minha mulher é pensar que durante uma semana estou safo. E depois pegam-nos na mão no cinema, encostam-se, colam-se, contam histórias sem interesse nenhum que nunca mais terminam, querem variar de restaurante, querem namoro, diminutivos, palermices e nós ali a aturá-las.

O Dinis Machado contava-me de um conhecedor que lhe aclarava as ideias:

- As mulheres têm fios desligados.

E um outro elucidou-me que eram como os telefones:

- Avariam-se sem que se entenda a razão, emudecem, não funcionam e o remédio é bater com o aparelho na mesa para que comecem a trabalhar outra vez.

Meu Deus, que pena me dão as mulheres. Se informam “Já não gosto de ti”, “Não quero mais” aí estão eles a alterarem a agressividade com a súplica, ora violentos ora infantis, a fazerem esperas, a chorarem nos SMS a levantarem a mãozinha e, no instante seguinte, a ameaçarem matar-se, a perseguirem, a insistirem, a fazerem figuras tristes, a escreverem cartas lamentosas e ameaçadoras, a entrarem pelo emprego dentro, a pegarem no braço, a sacudirem, a mandarem flores (eles que nunca mandavam flores), a colocarem-se de plantão à porta dado que aquela puta há-de ter outro e vai pagá-las, dispostos a partes-gagas, cenas ridículas, gritos. A miséria da maior parte dos casais, elas a sonharem com o Zorro, Che Guevara ou eu, e eles a sonharem com o decote da vizinha de baixo, de maneira que ao irem para a cama são quatro: os dois que lá se deitam e os outros dois com quem sonham.

Sinceramente as minhas filhas preocupam-me: receio que lhes caia na sorte um caramelo que passe à frente delas nas portas, não lhes abra o carro, desapareça logo a seguir por chichi-sede-fome-persiana-mal-descida-e-os-ladrões-percebes, não se levante quando entram, comece a comer primeiro e um belo dia (para citar noventa por cento dos escritores portugueses): “O problema não está em ti, está em mim”, a mexerem na faca à mesa ou atormentarem a argola do guardanapo, cobardes como sempre. Não tenho nada contra os homens: até gosto de alguns. Dos meus amigos. De Schubert. De Ovídio. De Horácio. De Virgílio. De Velásquez. De Rui Costa. De Einzenberger. Razoável a minha colecção. Não tenho nada contra os homens a não ser no que se refere às mulheres. E não me excluo: fui cobarde, idiota, desonesto. Fui (espero que não muitas vezes) rasca. Volta e meia surge-me na cabeça uma frase de Conrad em que ele comenta que tudo o que a vida nos pode dar é um certo conhecimento dela que chega tarde demais. Resta-me esperar que ainda não seja tarde para mim. A partir de certa altura deixa de se jogar às cartas connosco mesmos e de fazer batota com os outros. “O problema não está em ti, está em mim” que extraordinária treta. Como os elogios que vêm logo depois: és inteligente, és sensível, és boa, és generosa, oxalá encontres etc., que mulher não ouviu bugigangas destas?

Uma amiga contou-me que o marido iniciou o discurso habitual:

- Mereces melhor que eu.

E levou com a resposta:

- Pois mereço. Rua.

Enfim, mais ou menos isto, e estou a ver a cara dele à banda. Nem uma lágrima para amostra. Rua. A mesma lágrima para amostra."

Frase do dia

‎"Esses que puxam conversa sobre se chove ou não chove - não poderão ir para o Céu! Lá faz sempre bom tempo."
Mário Quintana

Ou não têm mais nada para dizer ou não querem. Conversa de circunstância para evitar falar do que realmente importa... não contem comigo!

sexta-feira, abril 01, 2011

Parece mentira...

E não é que hoje fazemos anos...? Visto daqui até parece que foi numa outra vida...

E não é que foi mesmo...?

À vontadinha

"À vontade mas não à vontadinha" é uma máxima que me foi apresentada há uns anos e que não poderia traduzir melhor a minha própria noção de como nos devemos todos articular uns com os outros neste mundo onde as nossas vidinhas lá se vão cruzando quando há razão para isso.

Moça dada a distâncias devidas, como eu sou, prezo muito a noção de limites, não tendo qualquer dificuldade em distinguir o traço, para mim bem marcado, da tal linha imaginária que me circunda, que delimita o meu espaço físico, e não só físico, do dos outros.

Mas, claro, não somos todos iguais, e ainda bem senão seria uma chatice e eu não teria assunto para aqui "pespegar".

Não confundo excesso de intimidade com simpatia mas, admito com tristeza, sou das poucas que conheço. Regra geral, as pessoas pensam que ser simpático é estar e deixar as pessoas "à vontade", como se estivesse em casa, como se já nos conhecessemos. E como é que se está e deixa alguém "à vontade"? Falando sem cerimónias, sem formalismos, dizendo graçolas, dando palmadinhas nas costas, contando intimidades, "tu cá, tu lá", "que eu sou mêmo assim, uma pessoa aberta, simples, que diz o que pensa e não tem cá salamaleques!".

Num contexto mais social, em que somos apresentados ao amigo do amigo, ok, ainda vá, tolera-se (no meu caso, com sérias dificuldades, é certo, mas tenho fé de um dia conseguir. Ok, não tenho, mas pronto, iludo-me porque isto é coisa para interferir com o meu sistema nervoso e diz que isso faz mal à saúde). Mas quando toca a relações profissionais/comerciais, convenhamos...! Só que comigo a boa da Lei de Murphy consegue alcançar um outro nível muito além... já não posso considerar só que "tudo o que pode correr mal vai correr" mas também que "tudo o que mais me irrita também me vai acontecer, várias vezes, a mim e só a mim, com o propósito kármico de me fazer baixar a crista e não ter a mania!".

Posto isto, o que tive eu o prazer de ouvir hoje???

Depois de me ter dirigido a uma loja de uma rede imobiliária a pedir algumas informações, onde acabei por deixar o meu contacto para futuras conversações sobre o eventual destino do meu bem imóvel, recebo um telefonema da "colega que foi almoçar" e que era quem tratava do assunto:

- "Boa tarde, sou a ...., estou a telefonar no seguimento da sua visita, tal e tal... 'Tá boa, querida? Olhe, 'atão vamos lá ver, portanto tem uma casa a venda assim e assado, não é? Prontos, tudo bem, temos uma pessoa eventualmente interessada mas queria confirmar: este valor já é com a nossa comissão? É que não convém nada, queridinha, porque a senhora em causa, coitada, só tem X, por acaso é uma situação complicada, diz que ela vivia à grande e à francesa com o marido, numa vivendona em Cascais mas olhe, deixou-o. Deixou de gostar dele, 'tá a ver? Estas coisas acontecem, é mesmo assim! Bom, mas e agora ficou com as duas miúdas e está a querer viver só do seu ordenado, o que eu acho muito bem! Mas, pronto, isto para dizer que ela só pode ir até Y... o que acha, rica, acha que assim fica simpático?? Ai, óptimo, querida, assim é que é! Quando tiver a visita confirmada ligo, ok? Um beijinho, querida, obrigado!!"


Hein? Que tal?? Eu mereço, só pode!, eu mereço... aposto o que quiserem que na próxima encarnação vou ser um docinho de pessoa..!

Deliciada...

A Sombra do Vento

Carlos Ruiz Zafón