Não gosto de dias assim, de semanas assim, de horas assim. E desejava ardentemente deitar-me na marquesa, o único momento bom das odiosas segundas-feiras, que teimam em repetir-se todas as semanas, haverá certamente quem já as tenha considerado um dos maiores erros da humanidade, eu subscrevo, não sei quem se lembrou de as inventar mas sei que devia ser fuzilado em praça pública. Desejava, dizia eu, e lá me estendi ao comprido, com a linfa devidamente preparada para receber as mãos da D., com a cabeça mesmo, mesmo a precisar de descanso.
Mas esqueci-me de ter em conta alguns pequenos pormenores muito importantes, pormenores da minha pessoa, se calhar não só, questõezinhas aparentemente menores mas que, bem vistas as coisas, "fazem barulho" e não é pouco.
Quando se pára, quando se acalma o frenesim, cria-se lugar para que, o que está habitualmente em segundo plano, regresse à superfície... o que está inerte porque não há tempo, no qual não se quer pensar... certo? Certo.
Outro pormenor interessante e um pouco bizarro do ponto de vista científico mas que me ocorreu ainda na horizontal e que, para mim, pode ser uma explicação tão válida como outra qualquer: o meu cérebro não é capaz de albergar todos os to do's e os not to do's, este último sendo o nome mais business like para aquilo em que não se quer pensar. Assim, não saindo eles de mim, só resta que se alojem em qualquer outro lado deste corpinho, certo? Certo. Acredito hoje, então, que se espalham por mim afora... Posto isto, não me admiraria se alguém com um qualquer aparelho de ressonância magnética, ou coisa que o valha, preparado para detectar pensamentos e emoções, apanhasse uns quantos agarrados aos ossos, ao baço, aos dentes ou ali encaixados na cartilagem do joelho. E concluí isto tudo porquê? Por causa da D. e das suas mãos.
Portanto, deito a cabeça para relaxar. E relaxo e relaxo e esvazio e esvazio. Uma vez esvaziada, o que é que há? Espaço para ocupar... "ok, ok, pode ser que se mantenha assim, gosto do eco, deixa lá estar isso". Mas já me devia conhecer... as mãos da D. começam a massajar, a soltar os sentimentos e emoções agarrados às várias partes do meu corpo onde conseguiram encontrar poiso, os tipos entram na corrente sanguínea que, como toda a gente sabe vai para cima, e quando dou conta, a sala vazia do meu cérebro está a encher...
Passo assim de momento relax para "momento para pensar na vida e para chegar a conclusões mais profundas sobre o sentido de tudo isto".
Só que... outro pequeno grande pormenor da natureza da minha pessoa: já atingi um grau de qualidade elevadíssimo no que diz respeito à detecção de problemas. Estou quase a zeros quando a matéria é resolução. Assim, a sala cerebral enche, a festa começa, os problemas e sentimentos e emoções lá estão, em amena cavaqueira uns com os outros, começam a beber demais para empurrar os canapés, perdem a noção do ridículo, às tantas já estão aos berros e... e... nada! Não acontece absolutamente nada. Ninguém faz queixa, ninguém tenta acalmar os ânimos, ninguém manda vir a tropa das resoluções para pôr ordem naquilo porque, simplesmente, não há semelhante organismo no meu organismo...
Conclusão, é uma canseira... até o momento calmo das p**** das segundas-feiras é uma canseira...
E eu continuo a não gostar de dias assim, de semanas assim, de horas assim... E continuo a dizer "isto é tudo uma m****, é o que é" e continuo a saber que os problemas estão dentro de mim e que diz que as soluções também. Mas, convenhamos, olhando para este post, acho que restam muito poucas dúvidas sobre a razão pela qual não as encontro...
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