Tenho que rir, rir muito, rir com gosto, rir, rir porque é, sem dúvida, o melhor que faço.
Uma das coisas que mais me surpreende nas pessoas é a falta de sentido crítico. É uma espécie de cegueira que não se justifica a quem tem olhos. Como se tivessem colocado algures no cérebro uns óculos com um filtro esquisito que só as permitisse ver uma realidade velada, incompleta, deturpada, mesmo quando olham ao espelho. Ou então é o espelho que deturpa a imagem, já não sei.
Costuma-se dizer que é mais fácil conhecer os outros do que a nós mesmos. Se assim é, se esta dificuldade é real, também os outros nos conseguem ler melhor do que a si próprios, correcto? E sendo assim, talvez a sua opinião possa ser considerada um bom indicador do que não conseguimos ver em nós, não será? Pelos vistos não... pelo menos não para toda a gente...
Tenho que rir porque chega a ser ridículo. Tenho que rir porque as tentativas de se agarrar a alguma coisinha de nada já começam a denunciar-se como desesperadas. Tenho que rir porque é patético, infantil, pequenino, tão pequenino...
Pergunto-me muitas vezes "mas não me faltava mais nada, diabos!?". E já me consegui responder. Não é de mim que se trata, é dele. É a ele que falta alguma coisa e é ele que tem que atravessar a sua "floresta escura" para ver se aprende e evolui como ser humano.
Eu, eu sou apenas um obstáculo que se lhe atravessou no caminho para o tornar um bocadinho mais penoso. O azar dele é só um: é que eu sou filha do meu pai. Muito, mas mesmo muito, filha do senhor meu pai.
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