sexta-feira, maio 30, 2014

Reality check

Nada acontece por acaso, gosto eu tanto de pensar num primeiro momento... mas os meus "baldes de água fria" mentais estão sempre à beirinha, prestes a cair e, ao mínimo toque fantasista da minha alma indomada (e indomável..?), "o que é" e o "como é" assumem razões absolutamente lógicas e racionais, que nada têm de místico ou sobrenatural. Não há "escritos" do destino, não há momentos que "tinham que o ser", não há forças do Universo envolvidas... há sim que ter forças para aguentar a chatice que é ter que lidar com situações mundanas, as que a vida nos impõe, vendo-as como elas são, sem o véu da conspiração dos deuses, sem imaginar empurrões esotéricos ou situações fadadas pelo destino, contra a racionalidade de quem as vive, porque estavam "destinadas" e é inútil lutar contra elas. São chatas e pronto. Simplesmente chatas, sem o mínimo de romantismo ou glamour ou pózinho celeste.

No outro dia, uma das minhas "irmãs" disse-me que os últimos anos me mudaram muito, "mesmo muito". Não tive oportunidade de explorar o assunto mas talvez não me seja difícil adivinhar a mudança maior que salpica e influencia todas as outras: crença (ou fé, como queiram). No caso, ausência dela. Nas pessoas, nos sentimentos, nos momentos. Nas fantasias. No destino.

Não, não quero com isto dizer que perdi a fé na humanidade e que ache que este mundo está perdido, sem salvação. Mas, sim, quero dizer que perdi a fé, a crença nas pessoas normais, que até são capaz de grandes coisas, de grandes sentimentos e de grandes feitos mas cuja natureza pobrezinha faz com que não façam nada e não sintam  nada de jeito. Se antes achava que uma pessoa comum podia amar incondicionalmente, dar-se incondicionalmente, fazer seja o que for seguindo o que melhor tem em si, apesar do que custa e do que dói, hoje acredito piamente que essa capacidade esteja reservada a seres especiais, one of a king, de massa verdadeira e valiosa, que é coisa para não andar aí espalhada em todos os genes. Ou seja, não é para qualquer um, a maioria das pessoas não vale a ponta de um corno e os que até valem alguma coisinha acabam sempre por se deixar levar por uma série de outros sentimentos que não os permitem ser o melhor que poderiam ser. E contra mim falo. (E é uma pena porque, no final da linha, acaba por ser isso que nos vai definir o caminho...)

Mas adiante...

Posto isto, o que safava era o que está "para além de", o que não se entende, o mágico, místico, não era? O destino, os deuses, os traços nas palmas das mãos... As estrelas que guiam e favorecem... O que safava era algo transcendente que, apesar da fraqueza de espírito dos comuns mortais, pusesse tudo no seu devido lugar, resolvesse todos os desencontros, repusesse a justiça, seguindo a carta do que está destinado, exaltando, finalmente!, o que é puro e bom e verdadeiro e que nós, gente banal demais, deixamos que se afunde no correr dos dias e nas mazelas mal cicatrizadas. Era o que safava... mas lamentamos, não temos.

Enfim... isto tudo para dizer que, cada vez que a minha alma indomada (e indomável..?) se leva a pôr a hipótese de não haver coincidências e que o que tem que ser tem muita força e mais não sei o quê, a água fria cai de chapa na cabeça e refresca-lhe a memória. E sim, talvez seja essa a minha mudança, a mais fundamental: aprendi a ver a vida com olhos "tábua rasa": não há coincidências? Há pois, podem é ser uma maçada, uma seca valente, um sapo gordo de engolir! E só, sem ter nenhum propósito divino. O que tem que ser tem muita força? Pois tem, a bendita da força das circunstâncias das merdas da vida com que temos que levar. E só. O resto, meus caros, é carro alegórico que, no fim do Carnaval, se desmonta em realidade.

Destaco esta como podia destacar qualquer uma das outras... bolas, que bom que foi!


Pure love

"Pure love for another person, and what people call romantic love, are two different things. Pure love doesn't manipulate the relationship to one's advantage, but romantic love is different. Romantic love contains other elements—the desire to be loved by the other person, for instance. If purely loving another was enough, you wouldn't suffer because of unrequited love. As long as the other person was happy, there wouldn't be any need to suffer because you weren't being loved in return. What makes people suffer is the desire to be loved by another person. So I decided that romantic love and pure love for a person are not the same. And that by following this you could lessen the pain of unrequited love." 

Haruki Murakami
in "Underground: The Tokyo Gas Attack and the Japanese Psyche"

quinta-feira, maio 29, 2014

Cof... cof... permitam-me que vá aquecendo a voz...

I CAN'T GET NO...

... TANTANTANRANRANTARANRANRANRANRANRAAN...

SATISFACTION...!

A tal humildade arrogante...

























Conheço alguns desta espécie... Diz que nem com um pano encharcado (e quente!) nas trombas "boazinhas" lá vão...

Eu, "em podendo", tentava na mesma. Várias vezes. Para ter a certeza.

quarta-feira, maio 28, 2014

And off she goes...


























"Nothing will work unless you do."
Maya Angelou

quinta-feira, maio 22, 2014

Cultura e bola dentro de uma só pessoa. Desta pessoa.

Vem aí a Feira do Livro!! Vem aí o Mundial!! 

Vem aí a Feira do Livro!! Vem aí o Mundial!! 

Vem aí a Feira do Livro!! Vem aí o Mundial!!  



Já estou que nem posso..!

Ingenuidades

Superior hierárquico para mim, passadas umas horas de me terem forçado a pôr alguns pontos em alguns is:

- Então, já te passou o mau feitio???



'Tadito...

quarta-feira, maio 21, 2014

Dos dias assim

Há sentimentos que aceitam com muita relutância ficar confinados aos porões da nossa mente. Por isso, de vez em quando, conseguem esgueirar-se durante o nosso sono, espalhando-se devagarinho por nós de forma a conseguir entranhar-se nos nossos âmagos e estar bem presentes e arreigados quando acordamos. Nessa altura, por mais que o instinto nos grite para que os expulsemos a pontapé, o melhor a fazer é cumprimentá-los, aceitar a sua presença e até enrolarmos-nos também neles um bocadinho, de olhos fechados e com paciência, deixando-os dizer de sua justiça e escarafuchar nas nossas feridas. Só depois disso, só depois de ver a sua existência reconhecida e aceite, como vingança de desterro, nos deixam sacudi-los de volta ao seu lugar.

terça-feira, maio 20, 2014

Porque me faz sorrir de tão bom que é...


Porque raio os gatos mais pesados são aqueles que mais colo pedem..?!


























Gato B.
(a.k.a "urso" e, mais recentemente, a.k.a. "marshmallow")

Diz ela com conhecimento de causa e, por isso, já "realizadora" de várias longas metragens...

"Não há gente mais criativa que gente com mentes emocionalmente instáveis."

Perfil

Para grandes males, grandes remédios.

(ou, em estrangeiro, a man's gotta do what a man's gotta do!)

E tenho dito.


PS: o man da frase sou eu, sim, e não, não é "síndrome de Conchita", é apenas recurso ao sentido figurado.

E tenho dito. Também.

segunda-feira, maio 19, 2014

Crescimento

"Ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: A gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais rápido."

Martha Medeiros

O que me ando a rir com esta...

Uma pessoa dirige-se a casa de um vidente com quem marcou consulta. Toca à campainha:
- Quem é?
- Ai... começamos mal..!



(não é tão boa!!? :))

Baduum!

"Chegámos ao fundo do poço", dizem os míseros tostões que restam da minha conta bancária.

O que mostra que em qualquer idade se pode descer ainda mais um bocadinho... Quais mínimos olímpicos, quais quê, pá! Isso é para meninos...!

Amor


Lutas

"... só vale a pena lutar por aquilo que vale a pena possuir."
Clarice Lispector


E aqui me posso encontrar, cunhada em cada um dos lados desta moeda...

domingo, maio 18, 2014

Perfil

Reservo-me o direito à indignação.

sexta-feira, maio 16, 2014

Gulas. E gente minha.

Felicidade é comer com gente que me conhece e entende tão bem que me estende o seu prato para eu provar sem que tenha que pedir...

(e que, vendo-me perante uma ementa recheada e o costumeiro dilema da escolha - aaagghhh, queria experimentar tanta coisa! -, me diz: vá, escolhe um que eu escolho um dos outros e partilhamos)

E por falar em "laços", uma das "minhas"...

Laços
Toranja

Andamos em voltas rectas
Na mesma esfera
Onde ao menos nos vemos
Porque o fumo passou

A chuva no chão revela
Os olhos por trás
Há que levar o restolho
Do que o tempo queimou

Tens fios de mais
A prender-te as cordas
Mas podes vir amanhã
Acreditar no mesmo deus

Tens riscos de mais
A estragar-me o quadro.
Se queres vir amanhã
Acreditar no mesmo deus

Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços...

Andamos em voltas rectas
Na mesma esfera
Mas podes vir amanhã
Se queres vir amanhã
Podes vir amanhã

Tens riscos de mais
A estragar-me a pedra
Mas se vieres sem corpo
À procura de luz

Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços...

Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços, meu amor!
Devolve-me os laços, meu amor!
meu amor... meu amor... meu amor...

Prece

























Porque sou claustrofóbica e não gosto que me apertem; porque a minha felicidade depende da minha liberdade para voar, para ir e vir; porque os nós dão a entender uma falsa perpetuação: não há nós que não se desfaçam: haja tesouras ou boas unhas. E, principalmente, vontade.

quinta-feira, maio 15, 2014

Escolhas

"Mas toda escolha tem suas desvantagens e você precisa ter preparo para elas. Se você decide não voar por qualquer coisa que você supõe que te prenda, lembre-se, isto também é escolha sua."
Martha Medeiros 


Nota: se me pedissem para destacar apenas uma das muitas e grandes lições que aprendi nos últimos anos desta minha singela existência, não me restam grandes dúvidas que seria esta...

terça-feira, maio 13, 2014

Caminhos

"Há quem alimente a ilusão de que a vida se assemelha a uma estrada, os avisos a anteceder as curvas perigosas, os declives anunciados em percentagens, os cruzamentos assinalados, nos miradouros sempre bela a paisagem. E então, iludidos pela própria ingenuidade, há os que se julgam capazes de, na estrada como na vida, indicar aos outros o melhor percurso, prever as curvas, os obstáculos, aconselhar paragens e cuidados. Pena perdida. Muito pouco, quase nada, valem os avisos e as boas intenções dos que nos querem proteger. Para a vida tão-pouco há mapas, programas ou instruções, mesmo à luz do dia cada passada é dada no escuro, nunca se sabe se virar à direita é melhor do que à esquerda, se seguir em frente é erro. Felizmente vamos andando, cegos de olhos abertos, contentes de que as pernas nos levem, iludidos de que sabemos para onde."

J. Rentes de Carvalho 
in http://tempocontado.blogspot.pt

segunda-feira, maio 12, 2014

Fora da caixa


Realismo. My kind of guy...

Picaresco

adjectivo
Burlesco, cómico.

Que seja o mote da semana!

sexta-feira, maio 09, 2014

Get off your ass!

"And with that, with regards to being happy, it seems the best advice is also the simplest: Imagine who you want to be and then step towards it. Dream big and then do something. Anything. The simple act of moving at all will change how you feel about the entire process and serve to inspire you further. 

Let go of the imagined result; it's not necessary. The fantasy and the dream are merely tools to get you off your ass. It doesn't matter if they come true or not. Live, man. Just live. Stop trying to be happy and just be." 

Exemplos

Nada como ter uma colega que, com muita frequência, nos mostra que há uma certa ciência por trás do uso de leggings... e que ela não a domina!

Perfil

Se sou rapariga para me atrever a tentar ir contra a maré das probabilidades e das estatísticas...? 

A resposta da danada da filha da minha mãe só pode ser uma: bring it on, baby!

Dificuldades


terça-feira, maio 06, 2014

O presente

Vagueia pelo parque como tantos outros - são os que não são perigosos, dizem. Pequeno, grisalho, magro, curvado, a idade que já pesa, os passos demoram-se apesar de pequenos e até quase ligeiros. Alinhado, sempre bem alinhado. Sorridente, sempre sorridente. Com um sorriso terno de quem não sorri para fora, antes lhe vem de dentro. Um sorriso de alma, acho eu, de alma contente e serena de ser quem é. Ou quem julga que é. 

Cumprimenta-me sempre que passa por mim: sempre o mesmo mise en scène: pára, conservando uma distância cavalheiresca, curva ligeiramente e respeitosamente a cabeça e, mantendo o sorriso terno que nada também nos olhos, diz: boa tarde. Não sei se me vê realmente, se me reconhece de umas vezes para as outras, se me distingue das outras pessoas que por aqui circulam e a quem, por certo, também cumprimenta: sei que me ouve porque só se retira quando respondo, sorrindo ternamente também: boa tarde. Porque o sorriso terno que também nada nos olhos viaja para fora dele e contagia por dentro fazendo-me sorrir sem querer. É inevitável.

Hoje, José Luís Peixoto e o seu "Cemitério de pianos" na pausa para almoço. Dentro do carro, banco comprido para trás, de janela entreaberta para aspirar a sombra das árvores e a conversa fiada dos pássaros, leio em silêncio. De repente, uma batida tímida no vidro para não me assustar. Viro a cabeça e lá está ele: distância cavalheiresca, cabeça inclinada, sorriso terno que nunca se desfaz: boa tarde. Devolvo já sorrindo mas, estranhamente, não o vejo retirar-se logo como de costume. Fica parado uns segundos e acrescenta: vous avez une visage très jolie. O seu sorriso alarga-se e ilumina-se, o meu também, agradeço sentindo a maior ternura do mundo e ainda recebo um "good afternoon" antes da partida. O sorriso terno vira-se com ele, a alma contente e serena vira-se com ele e continuam o seu caminho. O que me deu de presente fica comigo.

Perfil

No limbo e a custar-me, entre o mundo da literatura e o real... há choques melhores...

segunda-feira, maio 05, 2014

E das grandes!

No dia da Mãe, no Mercado de Fusão, dispersos pelas várias barraquinhas, a decidir o que comer: 
- Vê lá, se calhar a tua mãe precisa de ajuda, parece estar um pouco confusa aqui com o conceito... 

Antes que tivesse tempo de reagir, a minha mãe aparece: 
- Pronto, já encomendei caipirinhas ali em baixo!