quinta-feira, dezembro 19, 2019

2019 going on 2020...


Do Natal, das palavras que me tocam sem que esteja à espera, do mergulho que dou nelas e onde me deixo ficar com prazer...

Tolentino já tem a sua Igreja em Roma (e Deus, meu amigo, como o podemos ver, olhar e tocar?) 

1. O Cardeal Tolentino de Mendonça, reclinado perante o Papa Francisco, perguntou-lhe: “Santo Padre, o que me fez”. Naquele momento em que o Papa, na Basílica de São Pedro, cumprimentava cada um dos 13 novos cardeais, o novo bibliotecário do Vaticano sentiu o tempo parar. Francisco respondeu que ele era a poesia. E seguiu. 

 2. Já passaram mais de dois meses, o tempo infelizmente não trava como nos momentos de grande jubilo interior, continua sempre. E anteontem, Tolentino de Mendonça tomou posse da sua Igreja em Roma, a Igreja dos Santos Domenico e Sisto que é parte do complexo da Universidade de São Tomás de Aquino. Fica no Largo Angelicum, em Roma, e os dominicanos são os seus guardiões. 

 3. O Cardeal Tolentino de Mendonça, o rapaz pobre de Machico, filho de um pescador, continua e escrever poemas. E a ser um habitante do silêncio… apesar de toda a balbúrdia, de todo o chinfrim do mundo, ele continua a ser a criança que atravessa o mundo. Conhecem o meu poema preferido entre todos os que escreveu? 

“Travessia da infância 
Quietos fazemos as grandes viagens 
só a alma convive com as paragens 
estranhas 

lembro-me de uma janela 
na Travessa da Infância 
onde seguindo o rumor dos autocarros 
olhei pela primeira vez 
o mundo 

não sei se poderás adivinhar 
a secreta glória que senti 
por esses dias 

só mais tarde descobri que 
o último apeadeiro de todos 
os autocarros 
era ainda antes 
do mundo 

mas isso foi depois 
muito depois 
repito” 

4. Tolentino já tem a sua igreja em Roma. Era bom que as coisas fossem assim tão fáceis. Feitas de regras humanas, de procedimentos, vamos para aqui porque está destinado por isto ou por aquilo. Mas não é, a viagem é outra. Entramos e não sabemos para onde o autocarro nos leva. O filho do pescador, que um dia se poderá tornar um pescador de homens, está em plena viagem. Como nós. Como tu. E eu. Estamos no comboio sem saber o destino ou as estações onde ele nos pode deixar ou abandonar. 

5. E Deus, Tolentino? Como o ver se somos cegos? Como o ouvir se somos surdos? Como lhe tocar se os nossos dedos continuam sem sensibilidade? E o Natal, Tolentino? O que é este barulho que para aqui vai? Escrevo-te daqui para aí. Espero que te chegue, à tua igreja talvez, em Roma, num largo movimentado de jovens cobertos de sonhos. Um dia escrevi um texto sobre Deus, pensei em ti quando o coloquei por palavras. 

“O meu Deus não tem voz grossa, tem a que imagino. O meu Deus não me castiga, oferece-me liberdade. O Meu Deus não me chantageia, acredita na responsabilidade. O meu Deus não me corta o desejo, recomenda-me uma canção. O meu Deus dança comigo quando danço sem par. O meu Deus tem humor, escuto-o e sei do que falo. O meu Deus está aqui, se me virar rápido ainda o vejo. O meu Deus é um pressentimento, uma promessa, é o bem e o mal, sou eu nos piores dias. É esperança e virtude. O meu Deus acredita em mim.” (Em Amor, Oficina do Livro, 2016) 

É isto, Tolentino. Tu és a poesia. Um Santo Natal 
Luís Osório

segunda-feira, dezembro 16, 2019

Fruta da época...?

...e dou por mim a cantar uma nova música (Sting, always Sting...) de letra em punho e dicionário à mão, como quando tinha 12 ou 13 anos...

terça-feira, dezembro 03, 2019

É a loucura...

A entidade patronal avisa que vai haver corte de água durante a hora seguinte. E eu... vou buscar um café. Isto sim, é viver perigosamente...!

sexta-feira, novembro 08, 2019

quinta-feira, outubro 31, 2019

terça-feira, outubro 29, 2019

sexta-feira, setembro 27, 2019

Aquele-emoticon-que-é-um-diabinho-roxo-e-sorridente

Gostava que fosse possível engarrafar a felicidade que sinto quando viajo para poder oferecê-la às pessoas...

Ai, que parva..! Vender!

quarta-feira, setembro 25, 2019

Perfil

Trabalho, trabalho, trabalho. Férias acabadas, férias na calha. Retorno à introspecção. Tempo, falta de tempo. Vitórias de mim para comigo. Vontade de mudar, vontade de permanecer. Na corda bamba entre o que me apetece dizer e o que sei que devo calar. Progredindo na caminhada evolutiva. Ligações neuronais a carecer de agulha mudada. Aprendendo verdadeiramente a compaixão. Aprendendo a viver melhor. Certezas que se cimentam. Liberdade. Indulgência como cura. O melhor para mim. Amor por todas as coisas. Batalha de medos, às vezes vence a valentia. Calma que se finge até que se seja, lábio que se fere para não ferir, sorriso em que já se acredita. A trabalhar para ser quem quero ser. 

Um dia chego lá.

Atenção!

O meu detector de bazófia, por estes dias, anda tinindo...! Assim sendo, não me façam perder tempo, boa?!

quinta-feira, agosto 22, 2019

Tic tac, tic tac...

... e o tempo que devia voar ou, pelo menos planar, descansada e levemente, apanágio dos dias de Agosto, resolve encher-se de exigências...

tic tac, tic tac

... já faltou mais mas o que falta faz-se caro e não permite descanso...

tic tac, tic tac

... haja banda sonora a fazer-me ignorar demandas e dançar pela sala quando ninguém me está a ver... 


sexta-feira, agosto 09, 2019

F**** you, Alanis...

E o que é que acontece quando me dou ao trabalho de ir a casa ao almoço para trocar de roupa por ter ido trabalhar demasiado à fresca??? O sol abre...

quinta-feira, julho 25, 2019

E o que eu gosto de pequenos almoços de hotel..!


Dúvida

A perguntar para uma amiga... corrigir mentalmente a psicóloga no meio de um exercício de introspecção não revela grande coisa da cabecinha em análise, pois não...?

Não se distraiam. Isto é o que realmente levamos da vida...


quinta-feira, julho 18, 2019

Dez

“Goodbyes are only for those who love with their eyes. Because for those who love with heart and soul there is no such thing as separation.” 

Rumi

quinta-feira, julho 11, 2019

segunda-feira, julho 08, 2019

Mais um, em bolo retro...





















E o que posso dizer mais...? Só que a coisa foi de tal ordem desde sexta que estou a ponderar usar a hora do almoço para ir dormir para o carro...

#comemoraçõeshenriquinas

quinta-feira, julho 04, 2019

Direções

Estás a ver aquela vida assim a seguir certinha, conforme planeado, contas feitas e a bater certo mais-coisa-menos-coisa no que delineámos e desejamos para nós?

Não tem nada a ver...

sexta-feira, junho 28, 2019

Pérolas da porca #48

"na verdadeira ascensão da palavra"


Ámen...

sexta-feira, junho 07, 2019

Hoje o meu coração partiu-se


























Caiu de alto, estilhaçou-se no chão. Ao mesmo tempo que o raciocínio se esforçava por elaborar as tecnicidades - rx, pedra, degradação, ph, precaridade - o coração perguntava-se pelas lágrimas. E elas levaram o tempo que levou o susto a consolidar-se realidade. Ainda não o tinha visto e já o meu corpo lhe sentia a falta, a falta que me vai fazer vê-lo sempre que quiser, olhos muito abertos a observar tudo, a receber-me à porta feito gato/cão, a pedir colo e a esparramar-se nele, abdómen espalmado no meu, patas traseiras de gato/frango para se encaixar melhor em mim, braços que se agarram ao meu pescoço, sete quilos de gato/urso ronronantes ao meu ouvido.

Perguntei pelas fracas hipóteses na esperança que a resposta as colorisse um pouco mais mas isso não aconteceu. Nem poderia. Desci as escadas, mãos a limpar a cara e ele ali estava. Deixei de falar, deixei de prestar atenção ao que me perguntavam, só quis saber se podia dar-lhe o colo de que ele e eu tanto gostamos e assim ficámos os dois. No fim perguntei pelo fim e até que ponto lhe podia decidir a forma. E assim será: a vida vai-se esvair, meu B., mas vai esvair-se no meu peito.

quinta-feira, junho 06, 2019

Nem-nem

"Pior do que ser infeliz é ser, medianamente feliz. É reconhecer que "as coisas funcionam" sem que, no entanto, nada nos encante. E sentir que "a vida corre" mesmo quando os dias são iguais e tudo neles parece que a engonha. Ser medianamente feliz é ser infeliz, devagarinho. 

Ao contrário, ser, abertamente, infeliz amarfanha-nos por dentro e magoa-nos. E engelha a alma e atordoa. Mas, ao menos, é "preto e branco". E reconhecemos o sofrimento e perscrutamos as suas razões. É uma dor com verdade. Já ser-se medianamente feliz é uma forma "copo meio-cheio" de nos reconhecermos como moderadamente infelizes. E é ser-se infeliz "pela positiva". E isso é mau! 

"Se não discutimos, é porque as coisas estão bem" deve ser das "fórmulas" que mais nos empurram para sermos infelizes devagarinho. Porque não nos faz sentir traídos mas não nos torna atractivos. Porque não nos empurra para a esperança nem nos mergulha no desespero. Porque não nos torna nem tristes nem alegres. E não nos faz sentir nem sós nem acompanhados. Ser medianamente feliz é ser quase feliz e quase infeliz. Ou nem feliz nem infeliz. E ser "nem-nem" é não saber, sequer, quem se acaba por ser. Porque quem nos devia amar não nos faz descartáveis nem indispensáveis. 

Quando não se pode pode ser ou feliz ou infeliz, devia ser proibido ser moderadamente feliz! Porque, assim, isso nos levaria a fazer à vida com outra genica. Em vez ficarmos à espera que ela resolva por nós aquilo que nunca se resolve sem nós. 

Não discutir não significa que estamos em sintonia ou em harmonia. É desistirmos de nos emparelhar antes de desistir de se amar. É desistir de viver antes de reconhecer que se que se está a morrer." 

Eduardo Sá

terça-feira, junho 04, 2019

Fairy Tale

Wassily Kandinsky 1918

segunda-feira, junho 03, 2019

Onde está parte do meu coração...

"Quem não sabe e diz que sabe, não aprende"

Lucas, guia turístico em São Tomé e Príncipe

domingo, junho 02, 2019

Das minhas lições

"Time has given us perspective. Happiness, we’ve learned, changes everything, even if you have to lose everything first. And love, especially late-life love, leaves room for adaptation, for crafting an intentional life, for friendship and equality in partnership that doesn’t often exist in bonds formed out of lust or a stereotypical idea of how life should supposedly be."

Ruby McConnell

segunda-feira, maio 13, 2019

Conselho


PDI

Quando te capacitas que marcar o vôo de regresso "para o mais tarde possível para aproveitarmos bem o domingo" já deixou de ser uma boa ideia??

Volviendo...


quarta-feira, maio 08, 2019

Dos amores

O amor que os outros me têm emociona-me. Mas antes espanta-me, espanta-me sempre. Como se não me julgasse merecedora ou talvez capaz de igual... O amor que os outros me têm parece ter mais alcance de vista do que eu...

sexta-feira, abril 19, 2019

Leitura santa obrigatória


Things we’d like to resurrect 

When number one albums were a big deal 
A mystery prize to the person who knows what the number one album is off the top of their head, which will be none of you (does it even still exist?). 

Handwritten love letters on actual paper 
Where are all the love letters? The revealing emotional depths, the charm of his wonky handwriting (can’t fancy a boy whose handwriting is too neat). It’s a shame, but dick pics don’t have quite the same consideration, vulnerability and romance. 

Dinner parties 
Where you met: people who you shagged/fell in love with/married/divorced/your second husband/your now business partner/best friend/future sister-in-law/person who got you a discount on the Soho home website. 

When social media was friendly 
Remember when Twitter wasn’t the sinkhole of humanity, but a nice place where you could ask a question or express an opinion without someone you didn’t know replying ‘F**k you, you stupid f***ing c***, how dare you, you should be cancelled for being so f***ing offensive.’ If only we could find our way back to civilisation. 

Sleeping through the night un-medicated not being a thing 
Once there was a time when you slept through the night without waking up the next day feeling like you need to tell BBC news/everyone you know/strangers on the street that you slept through the night. OK, maybe you were only six, but still. 

Making not recording memories 
Once upon a time, humans used to experience things that they committed to memory. This is because they lived and breathed what was happening in the moment. They took it in. They were aware of how they felt. They absorbed the detail. All without taking a photograph of it or filming it. They just used their brains. ‘We film stuff and take photos too!’ all the brains are shouting. 

David Bowie 
Because you just get the feeling that all this *gestures broadly* wouldn’t be happening if he were still here to hold the fabric of the universe together. 

in The Midult

sexta-feira, abril 12, 2019

Gray Tree




















Piet Mondrian (1991)

quarta-feira, abril 10, 2019

Pérola da porca #47

"Pois é, temos que saber se aquela ferramenta é web responsible..."

Conselhos


sexta-feira, abril 05, 2019

quinta-feira, abril 04, 2019

A caminho...


















(o que eu adorava esta série, darlings..!)

Resoluções de segundo trimestre novo

Ler mais.
Tocar mais.
Cantar mais.
Não-fazer-nada mais.

segunda-feira, março 18, 2019

Wish me luck



A propósito da sorte e do azar.

Mordo a língua apesar de saber que já é tarde: a irritação já se projectou na voz, os olhos já se voltaram para mim. Percebo-os e percebo o que dizem. Percebem-me. Disfarço, dou a volta, forço um sorriso e interesse por aquilo que não me interessa nada e que, aliás, até me faz mal. Mas dou a cara e ouço. E sorrio mais uma vez, sorriso amarelo, coração roxo de se apertar. E assim às cores engulo em seco, engulo o que me põem no copo também, engulo o picante mais picante que encontro no prato. Espicaço os sentidos para não sentir.

Respiro e isolo-me sempre que posso, sempre que, no meio dos festejos e gargalhadas e garrafas de cerveja que transbordam e salpicam e conversas cruzadas e música aos berros, esquecem a minha presença um bocadinho. No meu canto, na ponta da mesa, encostada à parede, uns milímetros afastada do grupo bastam para me fechar na minha redoma pessoal e tentar pensar. Condeno-me para logo a seguir me perdoar e voltar a condenar.... e ando nisto até alguém me forçar a interagir.

Mas a verdade é mesmo esta: a sorte e o azar existem. Existem e dominam a maior parte da nossa vida, assim é que é. O nosso controlo é tão limitado que chega a ser ridículo. E por mais que odeie não ter a sorte que queria ter, tenho que me desculpar: não depende de mim, nunca dependeu. E a raiva que sinto do que não tenho é humana, tão humana que dói: por si própria e simplesmente por existir.

Tenho vontade de escrever "não me perguntes nada, só quero dizer que não consigo ser sempre quem gostaria embora saiba que no fundo sou." Mas guardo para mim e aguento: há-de passar. Até uma próxima vez.

quinta-feira, março 14, 2019

Encómio

en·có·mi·o substantivo masculino

1. Elogio rasgado.
2. Gabo, aplauso, louvor. "encómio",

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa


Cortesia da Comissão Nacional de Eleições.

O tamanho da minha ignorância nunca deixa de me surpreender...

segunda-feira, março 04, 2019

Segunda-feira...

Frase do dia

"O circo só pega fogo quando damos confiança ao palhaço" 
Anónimo

quarta-feira, fevereiro 27, 2019

Crónica de uma morte anunciada ou já o anúncio propriamente dito

A pessoa compra uma blusa linda, linda e que lhe fica a matar. A pessoa usa a blusa uma primeira vez e pespega-lhe uma nódoa manhosa. A nódoa passa o dia a perturbar a pessoa que só deseja chegar a casa para lhe afagar o lombo violentamente. Mas a pessoa resolve raciocinar e, ao contrário do que é comum em si, lê as instruções de lavagem da blusa, linda, linda que, claro! - porque facilitar-lhe a vida até lhe ficaria mal - exige cuidados e mãozinha na massa em vez de massa dentro do tambor da máquina de lavar, ao molho e fé em Deus com as outras peças. Tudo bem, a pessoa acha a blusa linda, linda e dispõe-se ao trabalho de remover a nódoa manhosa com o carinho que a blusa linda, linda requer. De seguida, a pessoa estende-a com todo o cuidado, em cabide próprio, de forma a não apanhar sol directo, apenas brisa, para que seque com delicadeza, e reza a todos os santinhos da ménage (aqui aconselho a busca na net dos diferentes significados deste termo antes de dar espaço à mente porcalhona) para que a nódoa manhosa saia sem levar consigo parte do tecido ou a linda, linda cor ocre que ele tem. Para seu contentamento, a pessoa verifica no dia seguinte que tudo está como d'antes no quartel de Abrantes e a blusa mantém todo o seu tecido intacto, sem vestígio de nódoa manhosa e faz high-fives com o gato que está mais perto, afinal a pessoa até leva jeito para a coisa. Mas, não se deixando iludir pela vitória recém alcançada, a blusa linda, linda é enviada para passar por mãos experientes e pagas para isso e a pessoa fica a aguardar o seu regresso a casa para a usar pela 2.ª vez agora que o tempo mais ameno até permite desembaraçar-se de casacos que não a deixavam brilhar. O dia chegou. A pessoa veste a blusa linda, linda e que lhe fica a matar...

... apenas para descobrir que e a P***!!!!! da peça alargou, que as mangas têm mais um palmo de comprimento, que o decote em barco está mais para navio de cruzeiro e cai pelos ombros abaixo, que as costas descaem sem forma, que o tecido sobra por todo o lado!!! A pessoa respira fundo e resolve que tudo tem solução, que isto ajeitado de outra forma até não fica mal, que as mangas se podem sempre dobrar, que se calhar a progenitora até lhe dá uns pontos algures e consegue endireitar o pau que começa a ter cara de já ter nascido torto. E vai para o espelho acabar de se arranjar e borrifa o cabelo com protector térmico para lhe dar uma secadela... e, P***!!! que o pariu, o C*****!!! do protector borrifa também  a P***!!!!! da blusa, que continua linda, linda mas cada vez mais só vista de longe. A pessoa respira mais uma vez. A pessoa mira os borrifos e conclui que aquilo é coisa para secar e nem se notar. E continua... e sai de casa... e passa a manhã a ajeitar os ombros, os braços, o diabo que a carregue... e a ignorar os borrifos que secaram mas não desapareceram por completo... Nisto, chega a merecida pausa para almoço. E nisto chega a salada leve com frango grelhado. E nisto a P***!!!!! da blusa-que-parece-que-tem-vida-própria-ó-C******!!! põe-se a jeito para levar com umas pingas de azeite, que em vez de escorrer pela alface abaixo como as pingas normais fazem, resolvem saltar, as P*****, filhas de uma égua!!! A pessoa pragueja alto e a bom som e põe as colegas a rir do seu infortúnio. A pessoa quase que lhes bate com o galheteiro mas controla-se e até mente com todos os dentes, quero lá saber, até foi baratucha em saldo, não há-de ser nada. Mas a pessoa fica a remoer. No fundo, no fundo, sabe que a P***!!!!! da blusa é linda, linda na sua cor ocre, que lhe fica a matar, que nem chegou a ser devidamente exibida, que o saldo não foi assim tão bom negócio e que DEVIA PROCESSAR A P***!!!!! DA LOJA QUE A VENDEU! Mas acalma-se... a pessoa acalma-se... e volta ao caminho do Senhor das pessoas que não se deixam derrotar e que irão, certamente, encontrar uma solução porque não será uma P***!!!!! de uma blusa, por mais bonita que seja, a fazer-me de parva!

E, de repente, o Senhor envia-lhe a luz! Está tudo explicado, está tudo dito, está tudo resolvido! A pessoa já sabe o que vai fazer: vai encolher a blusa! Vai lavá-la a não sei quantos graus centígrados, vai pô-la a deitar fumo se for preciso, assim como alargou também há-de encolher, e assim ficará ajustada ao corpo, ainda mais linda, linda. E de caminho aniquila as nódoas manhosas que, como toda a gente saber, desaparecem assim que cheiram a água quente! É isto! E vai resultar! TOMA, VAI BUSCAR!!!

quinta-feira, fevereiro 14, 2019

quarta-feira, fevereiro 06, 2019

Perfil

Desde ontem que estou a levar tudo na ponta do chicote. É saírem-me do caminho.

segunda-feira, fevereiro 04, 2019

" Se queres um amigo, cativa-me!" Antoine de Saint-Exupéry

Ando a sentir necessidade de reflectir bem sobre quem entra e quem sai. Ou deve sair, ou deve assumir outra posição na arrumação da vida. Sinto que tenho vindo a desperdiçar-me de alguma amizade ao desbarato, demasiadas vezes não recebendo na medida em que dou. Não me iludo convencendo-me que esta é uma estrada só com um sentido, reconheço-me a falhar também do meu lado. Talvez, então, seja preciso restaurar o equilíbrio e, porque não, a justiça no que respeita aos objectos da minha afeição: dar mais a quem me dá sem tréguas, sem hesitações, sem modas, sem fases, e recolher as mãos estendidas para o que, afinal, se vem esvaziando de sentido e enchendo de indiferença e de presunção. 

A pensar...

segunda-feira, janeiro 21, 2019

Ready. Set. Go.

Acabei o ano como gostaria que ele continuasse, aconchegada entre braços e a beber da calma, do vinho, do calor. Os cães espalhados pelo chão, nós esparramados no sofá, o agridoce da cobertura de goiabada ainda na ponta do garfo, os festejos por esse mundo fora a estalar no ecrã. Brindámos ao novo segundo assim que ele dobrou a esquina do calendário, com esperança mas sem alarido. A esperança não nos é desconhecida e já temos idade para a saber sentir com sabedoria. Mais dois dedos de conversa, mais dois golos de espumante e, um a um, cada um ao seu ritmo, fomos-nos levantando, boa noite, até amanhã. Quando chegou a minha vez, deslizei para debaixo das mantas, pernas entrelaçadas, porto seguro, a felicidade também é aqui. Acho que adormeci a sorrir.

As questões vão-se sucedendo, há que pôr ordem na casa. Pergunto e escuto as possibilidades de resposta, assumo as minhas contradições e ouço que a persistência que me caracteriza é qualidade e que a devo retirar da lista negra. É essa a minha força, diz. É essa a minha força. Persisto em ser feliz, persisto em procurar respostas e em limpar o lixo aos cantos, persisto em querer o melhor que a vida me pode oferecer sem me contentar com soluções a meio caminho. É essa a minha força e a minha força é a minha redenção.

A procura pela palavras certas é quase uma obsessão e não raro noto que essa busca incessante me leva a complicar em vez de simplificar. Talvez não seja nada complicado, afinal, talvez neste caso as palavras não me expliquem, ponto final, é deixá-las de lado e assumir que o próximo parágrafo pode ser vazio de letras.

O perdão é coisa que não me sai sem custo embora sentimentos como o ódio não encontrem lugar em mim. Mas a memória de elefante refresca-se com facilidade e o ontem passa a hoje num instante. E enquanto moer a revivência, custa a passar a mão pela cabeça e a crer em nova cristandade. A bênção tem que ser conquistada, cá para mim, e o reino dos meus céus não está ao alcance de quem quer mas sim de quem pode. E a minha inteligência para o que não se vê mas sente é tramada e o que conheço como a palma da mão não passo a desconhecer. Mas parece que terei que me confrontar com aquilo que o meu corpo decidir na altura de se dar ao manifesto. Está visto que será uma questão de pele muito mais do que de raciocínio e que qualquer decisão será tomada tendo em conta o que menos me revolver o estômago.

Diz-me para abrir o peito e que continue a deixar entrar o amor: o amor que me tenho e que me têm, o amor desperdiçado para que se recicle e se volte a dar, o amor deixado a ganhar mofo nas calendas do esquecimento, por receio, por temor. Abrir o peito e encher-me de todo o amor possível. Será desta forma que tudo o resto se resolve, que tudo o resto assume a dimensão que deve ter, não mais, e se alinha devidamente na hierarquia da importância.

Acabei o ano como gostaria que ele continuasse, senhora de mim, dos meus espaço e tempo, e confesso que me apetece exfoliar o que me parece que já serão só partículas mais que mortas, que a minha relutância, tão característica do signo solar que me rege diriam os entendidos, continua a acarinhar autisticamente. Julgo que estou muito mais resolvida e em bons termos com a minha vida do que me habituei a pensar que estaria. É fácil que o hábito se agarre à pele.

Ainda que não se apresentem de forma clássica e estruturada, as decisões estão, no fundo, tomadas. As mensagens que me passo são claras, o que foi não pode voltar a ser e o que será depende do que fizermos para o concretizar. Não há caminhos fáceis, não há estalar de dedos nem facilidades, não há lugar a fingimentos nem meias verdades nem meras aparências. Nada de sólido se constrói com papel exposto à chuva. Nada de verdadeiro se constrói sem substância. Em compensação, a recompensa será como me disseram que era a raiva: "a raiva tem sempre o mesmo tamanho daquilo nos faz falta". E assim se começa o ano.

sexta-feira, janeiro 18, 2019

Here, here...


Pérolas da porca #47

"Porque é como se costuma dizer, não basta parecer, tem que se ser também...!"

A do bem comum

Não percebo porque choca tanto que diga que a colega com gripe devia ter sido logo colocada no cimo de um monte e só descer quando estivesse curada - como dizem que os japoneses fazem aos velhos. Hello?? Serviço público não vos diz nada??

São pobres e mal agradecidos, irra...!

quarta-feira, janeiro 16, 2019

Dos vícios...
























#emhavendopilimlávoueu

segunda-feira, janeiro 14, 2019

Slim woman with a cat

Geza Farago, 1913

sexta-feira, janeiro 11, 2019

Pérolas da porca #46

Ao telefone com a empregada (que, aparentemente, se cortou algures...)

"Ai, Paulinha, vá ao armário da casa de banho. Lá encontra algodão, álcool, comprensas..."


(É até à última...)

quarta-feira, janeiro 09, 2019

segunda-feira, janeiro 07, 2019

Pérolas da porca #45

"Ouçam o que eu vos digo, aquela senhora não é totalmente desprotegida de cérebro" 



Ai... isto à segunda até dói...

quarta-feira, janeiro 02, 2019