Caiu de alto, estilhaçou-se no chão. Ao mesmo tempo que o raciocínio se esforçava por elaborar as tecnicidades - rx, pedra, degradação, ph, precaridade - o coração perguntava-se pelas lágrimas. E elas levaram o tempo que levou o susto a consolidar-se realidade. Ainda não o tinha visto e já o meu corpo lhe sentia a falta, a falta que me vai fazer vê-lo sempre que quiser, olhos muito abertos a observar tudo, a receber-me à porta feito gato/cão, a pedir colo e a esparramar-se nele, abdómen espalmado no meu, patas traseiras de gato/frango para se encaixar melhor em mim, braços que se agarram ao meu pescoço, sete quilos de gato/urso ronronantes ao meu ouvido.
Perguntei pelas fracas hipóteses na esperança que a resposta as colorisse um pouco mais mas isso não aconteceu. Nem poderia. Desci as escadas, mãos a limpar a cara e ele ali estava. Deixei de falar, deixei de prestar atenção ao que me perguntavam, só quis saber se podia dar-lhe o colo de que ele e eu tanto gostamos e assim ficámos os dois. No fim perguntei pelo fim e até que ponto lhe podia decidir a forma. E assim será: a vida vai-se esvair, meu B., mas vai esvair-se no meu peito.
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