Há sentimentos que aceitam com muita relutância ficar confinados aos porões da nossa mente. Por isso, de vez em quando, conseguem esgueirar-se durante o nosso sono, espalhando-se devagarinho por nós de forma a conseguir entranhar-se nos nossos âmagos e estar bem presentes e arreigados quando acordamos. Nessa altura, por mais que o instinto nos grite para que os expulsemos a pontapé, o melhor a fazer é cumprimentá-los, aceitar a sua presença e até enrolarmos-nos também neles um bocadinho, de olhos fechados e com paciência, deixando-os dizer de sua justiça e escarafuchar nas nossas feridas. Só depois disso, só depois de ver a sua existência reconhecida e aceite, como vingança de desterro, nos deixam sacudi-los de volta ao seu lugar.
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