quarta-feira, janeiro 20, 2010

Rendição ou o malfadado erro genético que me caracteriza

Todos têm uma palavra a dizer. E todos, sem excepção, se encaminham num só sentido. E dizem-no, sem rodeios. Dizem-no por mim, porque acreditam que é o melhor, dizem-no porque me amam, dizem-no porque me querem ver feliz.

Eu também acredito. Racionalmente acredito mas tenho aprendido que em mim a correnteza emocional é mais forte do que gostaria e, inevitavelmente, acabo por me desviar do curso certo, daquele que, supostamente, se reveste de mais probabilidades de me fazer feliz, de me levar a bom porto. Masoquista? Talvez.

Mas é inevitável. O coração e a emoção andam a comandar mais do que deviam e eu não ando a conseguir pôr-lhes travão. E toda a gente sabe que estes dois nunca foram bons conselheiros... e a prova é que me levam a fazer o que não quero, a pensar como não quero, a sentir o que não quero, a fazer tudo ao contrário, tudo aquilo que as pessoas com bom senso não fazem. Masoquista e louca, talvez seja mais acertado.

E a inevitabilidade sempre presente. E a inevitabilidade a desesperar-me porque não tenho qualquer controlo sobre ela. Também.

Uma parte de mim quer aceitá-la, assimilá-la, vê-la como parte da vida e seguir em frente. Uma parte de mim quer seguir os conselhos de quem está de fora e vê mais além, de quem está nas margens do rio e consegue perceber qual o rumo que devo levar para não me precipitar para a queda de água. Mas há células em mim resistentes, teimosas, orgulhosas, até estúpidas, que não querem baixar os braços e continuam a comandar a casca de noz onde navego. Que querem lutar contra os redemoinhos, os monstros aquáticos, os pedregulhos, contra a vida como ela se apresenta. Em última análise, contra mim própria, dizem...

Quando vou seguir os sábios navegadores e perceber, ou mais do que isso e acima de tudo, sentir, que preciso de rendição, de hastear a bandeira branca, de aportar, sair para terra com os braços no ar e entregar-me ao destino?

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