Eu não sou propriamente um exemplo de candura. Tenho o meu feitio e quem me conhece e já me viu virada do avesso percebe a que me refiro. Também tenho o meu quê de egoísta, de chata, de mimada, de insuportável como toda a gente. E há dias melhores e dias piores. Mas também sou bastante civilizada e acredito e subscrevo a máxima de que "a nossa liberdade vai até onde começa a liberdade do outro". Se nunca me "estiquei"? Claro que sim! Umas vezes sem dar conta, outras vezes porque venceu a irracionalidade. Mas tento, esforço-me para, em convívio com outros, respeitar a liberdade e os direitos de cada um.
Quando temos que conviver e partilhar o mesmo espaço com outras pessoas numa base diária esse cuidado deve ser redobrado, penso eu. Nem sempre corre tudo bem mas posso-me gabar de até ter um relacionamente simpático com aqueles que têm que me aturar sem ter tido qualquer voto na matéria.
Sociologicamente, parece-me interessante pensar nas conclusões que se consegue tirar da convivência diária com alguém que nos é imposto. À medida que o tempo vai passando, as pessoas vão ganhando confiança, à vontade e vão pondo um pouco de lado a carapaça que as protege e mostrando o que são, individualmente e inseridas num grupo.
E há sempre pessoas que se destacam e nem sempre pelas melhores razões. Existem sempre as "ovelhas ronhosas"... Pessoas sem limites, que acham que podem tudo sem ter em consideração a opinião dos outros. Pessoas, na minha opinião, que levaram poucos estalos na cara quando eram pequenas e que agora se sentem donas e senhoras do universo, pondo sempre os seus interesses à frente, independentemente de quem pisam pelo caminho!
Partilho a sala com uma pessoa assim e quase não há dia nenhum em que a dita criatura não se "engalfinhe" com algum dos outros colegas. O fulano quer ter a porta aberta da sala para ver quando passa o chefe e por isso embirra com quem, já a arfar com calor!, lhe diga para a fechar por causa do ar condicionado; decide que durante duas horas não vai atender o telefone mas não avisa ninguém, não põe em silêncio e fica muito espantado quando alguém desesperado protesta por causa do barulho; acha que não tem que controlar o volume do riso ( que, em condições normais, se ouve no corredor todo e que até se nos entra pelo tímpanos a dentro!) porque é assim que ri e pronto; acha que tem sempre razão, seja lá qual for o assunto, e acha sempre que todos têm que parar para o ouvir. Enfim, é uma criança malcriada em ponto grande.
Ora, custa-me imenso perceber que há uma ideia generalizada de que este tipo de gente é que se dá bem na vida. Será mesmo? O egoísmo, a falta de respeito, a arrogância, a falta de sensibilidade são, de facto, os grandes motores do sucesso?
Custa-me a engolir, confesso, e mais do que isso, custa-me aturar!
Por isso, assumo já aqui uma tomada de posição que não é nova mas que quero reafirmar: por mim o tipo não passa! Eu não sei o que ele quer da vida e, sinceramente, não me interessa, mas assumo cada vez mais a postura de não me deixar pisar, não me deixar passar para trás, não me submeter, não tolerar que ultrapasse os limites da sua liberdade implicando com a minha! O bem tem que vencer, meus amigos! Senão este mundo está perdido! Por isso, no que toca a mim, não vou ter qualquer tipo de problema em lhe dar os "puxões de orelhas" que os paizinhos deviam ter dado e de me impor, enfrentar, com vontade, energia, ranger de dentes e o que mais for preciso para ser respeitada e para por este tipo de gente no seu devido lugar! Para mau feitio... mau feitio e meio!! E tenho dito!
(Um "à parte"... será que o título deste post passa pelo pente fino da CIA? Será que é o suficiente para vir a ser colocada na lista negra dos bombistas mais procurados e um dia destes ver barrada a minha saída do país nem que seja só para ir a banhos a Benidorm????)
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