terça-feira, julho 25, 2017

Irrealidades

Acho que eu própria esperava uma torrente de criatividade. Imaginava-me sempre de pena em punho, em ânsias de despejar para o papel as golfadas de sentimentos, numa tentativa de os capturar a todos antes que desaparecessem empurrados pelos que vinham a seguir. Imaginava-me a perder o fôlego, a ter que me agarrar à escrita para recuperar o equilíbrio, o sentido, a calma, para apaziguar a dor. Imaginava-me em produção desenfreada...

Não sei que me diga. Vejo-me dona de uma espécie de inconsciência que me assusta. Ao contrário do que já me foi usual em épocas de cheias e tormentas, sinto mas não me desmancho. E eu não me reconheço assim tão apaziguada. Dir-me-ão que é a fé, eu cá aposto no oposto e voto na incredulidade. Talvez porque nada pareça tão irreal como a morte em vida...

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