Vai-se a ver perdi a prática, a elasticidade. Vai-se a ver os efeitos das drogas legais e prescritas alongam-se no espectro e as células que me regem as emoções não conseguiram escapar. Dou por mim a tentar encontrar razões, motivos, argumentos racionais - eu igual a mim própria - até que desisto e resolvo render-me às evidências. Mas chateia-me. Gostava dessa parte de mim.
Olho para trás, para os últimos tempos, não para os revistar mas para perceber se já é evidente que transformação operaram em mim. Não é a primeira vez na minha vida que me vejo a braços com a constatação de que sou pouco permeável aos embates. Costuma-se falar em acontecimentos que mudam a vida, a partir dos quais nunca mais nos vemos os mesmos, a partir dos quais se passa a assumir um "antes" e um "depois". Comigo, mesmo vítima de choque frontal, parece ser processo de passos lentos: os ventos de mudança provocam movimentos quase imperceptíveis, dir-se-ia que não me mexo, que não se conseguem impregnar em mim assim de repente. Vou assimilando e as transformações parecem ocorrer devagar, devagarinho, a uma velocidade de processamento muito minha, no fundo, aquela que eu autorizo que exista.
Hoje é um dia bom. E escrevo-o para o registar porque os dias bons parecem estar condenados a ver-se submergir na lama da guerra com os outros e raro se lhes é dado o devido valor.
E a resposta à pergunta "porquê eu?" só pode ser uma: e porque não?
Mas hoje é um dia bom.
Hoje é um dia bom. E escrevo-o para o registar porque os dias bons parecem estar condenados a ver-se submergir na lama da guerra com os outros e raro se lhes é dado o devido valor.
E a resposta à pergunta "porquê eu?" só pode ser uma: e porque não?
Mas hoje é um dia bom.
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