não é dada pelos ponteiros do relógio nem pela posição do sol... simplesmente sente-se... quando, de repente, faz sentido.
terça-feira, abril 29, 2014
Um murro no estômago de quem abre portas todos os dias... mas que vai continuar a abri-las porque nunca mais vai ser possível deixar de o fazer
"Às vezes penso que a morte não existe; que é uma piada de mau gosto que alguém me contou. Às vezes penso que vou abrir a porta e encontrar a minha avó, a rir. Há vinte anos que abro portas à espera dessa gargalhada."
in Nano-contos
quinta-feira, abril 17, 2014
Quantos pontos??
Private joke para quem já joga este jogo há quase tanto tempo quanto eu... ;)
(e prevenindo possível uso deste post em hipotético futuro processo em tribunal onde a acusação pretenda provar a minha insanidade mental: é só ler em cima. Joke. Significa "piada", brincadeirinha, palhaçada, que não é a sério. Boa?!?)
Poema para iludir a vida
Tudo na vida está em esquecer o dia que passa.
Não importa que hoje seja qualquer coisa triste,
um cedro, areias, raízes,
ou asa de anjo
caída num paul.
O navio que passou além da barra
já não lembra a barra.
Tu o olhas nas estranhas águas que ele há-de sulcar
e nas estranhas gentes que o esperam em estranhos portos.
Hoje corre-te um rio dos olhos
e dos olhos arrancas limos e morcegos.
Ah, mas a tua vitória está em saber que não é hoje o fim
e que há certezas, firmes e belas,
que nem os olhos vesgos
podem negar.
Hoje é o dia de amanhã.
Fernando Namora
em "Mar de Sargaços"
Pontarias
Woaw...! Só hoje já acertei duas vezes no cesto de papel com o qual diariamente exercito a mira..!
(Sim, é o das instalações sanitárias da entidade patronal; sim, raramente acerto; sim, ninguém faz isto, já sei)
(Sim, é o das instalações sanitárias da entidade patronal; sim, raramente acerto; sim, ninguém faz isto, já sei)
Será sinal divino de que hoje vai ser um dia bom?!
Ou, pelo menos... um dia, errr... certeiro?!
terça-feira, abril 15, 2014
É isto! É isto...
"These two were acting like complete teenagers. When I walked up, she was nuzzling her head against his shoulder. She giggled the entire time I talked with them, while he kept a big goofy grin on his face. And whenever I asked about their relationship, she clutched his arm, looked at him just like this, giggled, then said: "We're not telling!""
sexta-feira, abril 11, 2014
quinta-feira, abril 10, 2014
Likes
E eu quero saber que o tiozinho adorado "lika" de um post sobre "As 65 fotografias mais extraordinárias do século" cuja imagem exemplificativa é o rabo nu de uma senhora....?
Não. Não quero.
terça-feira, abril 08, 2014
"Outro" sol
Chamei-lhe "outro" sol sem ter que pensar. "Outro" sol, que entra e ilumina um outro chão, de uma outra vida. Um espaço que me sussurra sentimentos contraditórios: um espaço que é meu e também não é, onde ainda me encontro para logo a seguir me desencontrar e até estranhar, onde me reconheço e desconheço num mesmo momento, onde me sinto presente e tão mas tão distante, onde o calor frio (calafrio?) desse "outro" sol, me confunde e me incomoda.
Um "outro" sol, que - amálgama de memória - faz lembrar novos sóis, de nova vida, a entrar pela janela dos dias que ali começavam e que eram novos também, sinónimos de liberdade e estrada própria, menina que finalmente voa para fora do ninho e se vê por sua conta. E era este "outro" sol que abrilhantava esse caminho. Um sol que irrompia com cheiro de começo e de novidade, com chilrear de pássaros e aroma a flores.
Mais tarde, um "outro" sol - amálgama de memória -, de construção, de alicerces, de bases... ou fosse o que fosse que se parecia com isso...
Por fim, um "outro" sol - amálgama de memória -: ali, a cair naquele chão - sol fresco de manhã cedo - onde caíram também as notas que, em sobressalto, me avisaram da chegada de negras novas que iriam ditar o que se seguiu. E o que se seguiu... nem mesmo esse "outro" sol conseguiu alguma vez iluminar. Um "outro" sol, que se espalhava naquele mesmo chão, como sempre, mas que nunca mais alcançou romper o nevoeiro cerrado que ali acabou por se instalar.
Fotografo esse "outro" sol sem que, por um segundo, me passe pela cabeça vê-lo como vejo o sol de agora. É "outro", para sempre "outro". "Outro" que, por vezes e tortuosamente, me puxa para esta viagem através dele, através da ladeira da história da sua luz ao longo do meu tempo - aquele meu tempo ali -, viagem essa que acaba sempre na constatação de que, por mais que este "outro" sol se esforce, nunca mais terá como me iluminar.
Resta apenas virar as costas e deixá-lo lá.
segunda-feira, abril 07, 2014
domingo, abril 06, 2014
sexta-feira, abril 04, 2014
quinta-feira, abril 03, 2014
Do amor. De quem se quer.
"Quando eu pensava que não podia ser mais feliz, manhã após manhã era mais, mas só um bocadinho mais do que o máximo humanamente possível; pensava eu ser absolutamente impossível que eu fosse, de repente, muito mais feliz, do que a própria felicidade até. Mas, de repente, fui. Muito mais. Casei com o meu amor e o meu amor tornou-se a minha mulher, minha em tudo, para tudo, para sempre. E eu, finalmente, consegui divorciar-me de mim e deixar de ser tão triste e aborrecidamente meu, trocando-me, no melhor negócio do século, por ela. Ela ficou minha. Eu fiquei dela. É ou não é estranho e lindo e bem pensado por Deus Nosso Senhor que ambos pensemos que nos livrámos de boa e ficámos a ganhar? É.
É sim. A minha mulher é mais minha do que eu alguma vez fui meu — e eu antes não podia ter sido mais para mim, felizmente. Por ter tudo agora para lhe dar. Que alívio. Nunca mais me quero ver na vida.
A não ser aos olhos dela, onde sou muito bem visto — talvez o maior homem que já viveu, logo a seguir ao pai dela, claro. É um milagre como melhorei tanto. E paradoxalmente sem deixar de ser eu por causa disso. Ou mesmo que deixasse, com tal amor não tinha saudades nenhumas.
Sou em termos estritamente matemáticos, amorosos e integrais, tanto mais dela como o todo absoluto que ela é e me deu.
Afinal o casamento é a maior ajuda que se pode receber. Passa-se a pertencer. E, em troca, passa-se a possuir. A pertencer e a possuir mesmo. Fica-se, por troca, sossegadamente apropriado e violentamente proprietário.
Não me venham com modernismos de meia-tijela, liberalices sem fundamento humano, tretas de quem não ama, de quem não aspira ser de outro, amado, que nos ama. Casar é trocar. Casar é trocar a liberdade podre, que é a de cada um, pela posse rica, que é a de quem se quer. E casando se passa a ter, absolutamente, por vontade de quem se dá e de quem recebe.
Casando por amor prescinde-se do nosso pior inimigo (nós próprios), entregando-o a quem sabe e gosta de aproveitá-lo, abusá-lo, tirar o maior prazer dele. E recebe-se quem mais queremos, para dela fazermos o que queremos, que é tudo."
Miguel Esteves Cardoso
in 'Explicações de Português'
Inconformismo. Em conformidade.
"Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles forem meus, não seus. Se o criador o tivesse querido juntar a mim não teríamos talvez dois corpos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem."
Agostinho da Silva
in "Cartas a um jovem filósofo"
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