terça-feira, junho 24, 2008

Cantas bem mas não me alegras

15.30h, já passa.

Nos corredores começa-se a sentir movimento, a ouvir vozes apressadas. "A reunião já deve ter começado". Consigo imaginar, aqui sentada no meu cantinho, o que vai acontecer a seguir por já ter visto tantas vezes... o auditório começa a encher, as pessoas "bichanam" aos ouvidos umas das outras. Há quem se pergunte "o que será desta vez?", há quem não tenha dúvidas que não vai ser nada de especial. As filas mais atrás vão enchendo, os mais atrasados, como que envergonhados, lá atravessam a sala toda para ir para os lugares que ninguém quer, lá à frente.

De repente começam os ilustres a chegar. Os sussurros vão diminuindo e a apresentação tem início. Balanços, projectos, passado, futuro, apelo à motivação, elogios e mais elogios, "vontade de fazer mais e melhor", sempre mais e melhor, em dias de sorte, breve passagem sobre os assuntos que realmente interessam. Mas breve, muito breve... Slides, apresentações esmeradas, ultimamente até com música de fundo e vídeos, vejam só! E acabou. Palmas seguidas de lanchinho para a malta poder dizer que afinal não foi lá em vão.

Ponho-me seriamente a pensar, e quase como dizia o outro, quem é mais burro aqui? Aqueles que de todas as vezes acham que é desta que realmente as coisas mudam? Aqueles que ainda se deixam levar pelas paisagens em powerpoint e pelo discurso optimista, feito com sorriso "colgate" e mil vezes revisto pelos assessores todos? Ou aqueles que se iludem, achando que meia dúzia de palavras-chave, copiadas de manuais sobre motivação de equipas ou coisa que o valha, slides coloridos e pratinhos de sandes e pastelaria miniatura, conseguem convencer a maioria que aquilo que estão a dizer não é a repetição do que já disseram mil vezes por outras palavras, não é atirar areia para os olhos de ninguém, não é tentar desculpar o indesculpável, não é usar palavras caras e bonitas para camuflar o que toda a gente sabe?? Poupem-me...

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