quarta-feira, junho 18, 2008

Viagem

O coração bate descompassado, as mãos tremem, parece que falta o ar e os pensamentos rodopiam a mil à hora, incontroláveis, confusos, angustiantes. A vontade de fugir sem destino, simplesmente correr dali para fora, aumenta. Ataque de pânico. Tenta lembrar-se dos truques... inspirar pelo nariz... expirar forte pela boca... inspirar... expirar... tenta racionalizar, não se deixar levar, controlar o corpo e a mente. Passado um tempo, consegue que o coração comece lentamente a voltar ao seu ritmo normal e o ar parece já fluir como é suposto. Fisicamente, e para quem olhe, já parece refeita mas dentro, lá dentro, o nó da angústia ainda leva algum tempo a desaparecer, às vezes dias, semanas.

É a alma a pedir ajuda através do corpo. Porque às vezes é, pura e simplesmente, demais. A vida é demais. Tentar levantar a cabeça, mantê-la à tona de água quando parece que tudo, mas tudo, nos empurra cada vez mais fundo é demais. Fingir sorrisos, ter que conviver, conversar, socializar quando há uma tristeza vinda não se sabe muito bem de onde nem porquê mas que nos inunda permanentemente é demais. Sentir que não há fuga possível mas querer, mais do que tudo, fugir é demais. Ter que arranjar forças mas sentir a fraqueza a ganhar terreno é demais. As lágrimas sempre a espreitar, os sobressaltos a cada toque de telefone, saber que a vida continua, que não pára e que temos que ir com ela mesmo que tenhamos uma vontade louca de parar, dormir, descansar e não acordar para não sentir mais nada... é tudo demais.

Inspira... expira... inspira... expira... e confia. Amanhã vai ser melhor.

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