quarta-feira, março 07, 2012

Em modo "encaixotando"...

... que não se restringe a objectos. O pó irrita o nariz e as mãos, a angústia irrita o shakra mesmo abaixo da linha do peito. Dá vontade de fugir. O resto do corpo endireita-se e continua. Porque a noção de que nada pode ser pior do que já foi toma forma de gente e põe a mão debaixo da minha cabeça quando me deito, enquanto sussurra também: if you survived then, this is just a walk in the park... (fala inglês, não sei porquê, acho que é pelo facto de saber que o meu cérebro, à noite, é dado à simplicação, não consegue processar frases muito grandes e palavras complicadas).

Encaixoto, livros e mais livros, e decido-me pela doação do que por lá anda de estranho, do nunca reclamado. Encaixoto enquanto explico à gata A. e ao gato B. o que estou a fazer, enquanto luto com eles para que não se enfiem nas caixas vazias, tal qual parque de diversão, e deixem espaço para os livros já mentalizados de que vão viajar. Porque tenho tido muitas conversas com todos eles, porque é um direito seu saber com antecedência que talvez não voltem para aquele armário, que terão mais luz, que os cheiros vão ser diferentes, que vão ter outra vista.

Termino por esta noite. Dois, devidamente fechados e catalogados. Não sei quem os vai levantar do chão, só espero que não seja eu...

Termino por esta noite, lavo as mãos, a cara, sinto-me como que acabada de fazer a maratona.

Amanhã há mais.

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