Aconteceu uma destas manhãs como já aconteceu em muitas outras. Acordei com banda sonora, com o trauteio de determinada música a ecoar na minha mente.
Há muitos anos atrás, a música que o meu cérebro trauteava coincidia quase sempre com a primeira com que o rádio, feito despertador, me brindava à hora marcada. Deixado o rádio de lado (porque acabava por me embalar em vez de despertar), as origens passaram a ser variadas: a última música ouvida no dia anterior, a música do rádio do vizinho, uma palavra dita ou ouvida pela manhã que levava o meu neurónio a estabelecer correspondência com algo registado no seu arquivo musical...
Há muitos anos atrás, a música que o meu cérebro trauteava coincidia quase sempre com a primeira com que o rádio, feito despertador, me brindava à hora marcada. Deixado o rádio de lado (porque acabava por me embalar em vez de despertar), as origens passaram a ser variadas: a última música ouvida no dia anterior, a música do rádio do vizinho, uma palavra dita ou ouvida pela manhã que levava o meu neurónio a estabelecer correspondência com algo registado no seu arquivo musical...
Naquela manhã não. Naquela manhã não sei de onde veio. Naquela manhã a sua presença impôs-se sem razão mas nota a nota, sílaba a síbala, como que acabadinha de ouvir sendo que já não a ouvia há muito, muito tempo. Não deixo de me vergar à sua pertinência musical... mas foi
irritante, sim, perturbante até - de onde veio? Porquê justamente esta?
Porquê agora? Porque me surge tão nítida como se estivesse eu dentro
dela e não ela dentro de mim?
Não sei de onde veio mas no meu íntimo e instintivamente recusei-me a reproduzi-la onde quer que fosse, de que forma fosse. Não lhe admiti a presença, não lhe admiti ter saído das profundezas quando não a invoquei, não admiti ao meu cérebro que usasse, sem autorização, fontes musicais submersas para me mandar recados. Por isso assim decidi: ouvi-a e ouço-a nos cantos da minha mente quando não tenho escapatória mas é aí que ela vai ficar. Não lhe admito que me assombre nem que me cante a realidade ao ouvido.
Não sei de onde veio mas no meu íntimo e instintivamente recusei-me a reproduzi-la onde quer que fosse, de que forma fosse. Não lhe admiti a presença, não lhe admiti ter saído das profundezas quando não a invoquei, não admiti ao meu cérebro que usasse, sem autorização, fontes musicais submersas para me mandar recados. Por isso assim decidi: ouvi-a e ouço-a nos cantos da minha mente quando não tenho escapatória mas é aí que ela vai ficar. Não lhe admito que me assombre nem que me cante a realidade ao ouvido.
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