Hoje de manhã, a atravessar-se no meu caminho e a fazer-me parar, duas filas compridas de mãos dadas. Havia de tudo um pouco no meio da cor e dos risos, com destaque para as tradicionais sevilhanas, as clássicas princesas e rainhas (o que eu sonhei em me mascarar de Cinderela, de tiara e sapatos brilhantes..!), os nunca estafados cowboys, as originais personagens da Disney e da Marvel, com predominância de Homens-Aranha (grande moda este ano, está visto!) e de Minnies, mais ou menos orelhudas.
No meio da confusão, observo primeiro uma rapariga, que me parecia de origem indiana ou paquistanesa, e mais atrás um rapaz. Chamaram-me a atenção pelo facto de os fatos que levavam serem um pouco diferentes dos demais, não fugindo, no entanto, às regras carnavalescas de brilho e fantasia enquadrando-se perfeitamente no desfile: envergavam fatos tradicionais representativos da sua cultura. Fiquei, sinceramente, feliz. Aqueles pais e aqueles meninos, morando num país culturalmente diferente, sentiram orgulho - e, mais importante ainda, sentiram que podiam fazê-lo! - em partilhar, integrando, a sua identidade, os seus modos e valores, a sua arte, a sua cor. Aqueles meninos iam tão orgulhosos nos seus saris e fatos de sultão como qualquer super-homem ou capuchinho vermelho, como qualquer índio ou joaninha. E todos eles eram meninos de mãos dadas, aceitando as diferenças e abrançando-as pela positiva, uma massa de pequenos mascarados, todos diferentes, e com orgulho disso, e todos meninos iguais nas mãos que davam uns aos outros.
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