Ontem fez anos o homem que me ensinou a andar. Oitenta anos. Fui uma das cinco crianças a quem ele, com paciência e generosidade, pegou nas pequenas mãos sapudas e cambaleantes e levou, vezes sem conta corredor afora - corredor de antiga casa de família - até sentir que sim, já nos podia soltar, tínhamos já conquistado a nossa independência. A partir daí, nunca mais parámos. Ontem estivemos lá, os cinco. Foi um privilégio.
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Oitenta anos. Oitenta anos que me levaram a outros oitenta e outros festejos. Tudo me leva sempre a ti, já viste?
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Odeio esperar. E, no entanto... estou uma crescida!
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Há dias em que me parece que nada vai passar de imaginação.
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Ando
a preferir o silêncio. O rádio não se liga, a televisão também não; há
momentos em que só me apetece ouvir o mundo a girar, com a sua
incontornável banda sonora, não lhe acrescentando mais nenhum som. Basta
o dos meus pensamentos.
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O resto guardo para mim.
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