quarta-feira, novembro 04, 2015

Relativizando

Tudo tem o seu lugar e tudo tem o peso com que nos pesa. Mas a memória é coisa que dá jeito - e não só e nem principalmente a da razão - quando as pernas se nos parecem falhar: já foi muito pior. Incrivelmente pior. Já foi devastador e já produziu maiores "falhanços" que os das pernas: a alma falhou por muito tempo, foi negra e rastejou por muito tempo... A tristeza infinita impôs-se e tomou conta durante tempos que pareceram, também eles, infinitos. E, de certa forma, foram. São.

Tudo tem o seu lugar e tudo tem o peso com que nos pesa mas a constatação da sobrevivência (quase) inteira de alguém (e este alguém vai para lá do nome e da forma humana) que chegou a aceitar (e até desejar) não sobreviver, renova-nos a resiliência como se esta, mesmo que só por momentos, nunca se tivesse ausentado.

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