"É essa a pior parte", pensas tu. A parte em que falas mas não és ouvida. A parte em que pedes por sinais e não os tens. A parte que te diz, que te "chapa" na cara que não adianta tentar, o universo tomou a sua decisão e tu tens que viver com ela. Acendeste a vela e pediste "por nós", pequena expressão a abraçar tanta gente. "Será que a chama se vê do outro lado?", perguntas tu. Não prevendo, o olhar devolve-te o peso da realidade, chama-te à terra, recorda-te do que finges que não sabes, do que finges que não te afecta. Finges para sobreviver não porque sejas uma fingidora. Finges para poder andar. Mas há olhares matreiros que, sem que o esperes, mostram-te mais do que uma fotografia onde vês duas pessoas sorridentes de copo na mão. Já não existem, as pessoas de copo na mão, morreram e é a sua morte que toma vida quando as olhas. E é essa morte que te invade. Estranho como algo usualmente relacionado com aridez, ausência, vazio, consegue tomar corpo para se alastrar por ti. E é como uma descarga eléctrica que te eriça e arrepia, e é assim que te sentas para não te desequilibrares. E ali ficas, naquele espaço palco de tantas cenas, e ali voltas a ler a cartilha da tua vida como ela agora é. Para que não te iludas mais , para ver se não te esqueces.
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