segunda-feira, abril 07, 2008

God speed

De repente soube. Não é alguém especialmente chegado mas é um rosto que conheço muito bem e que, desde essa altura, não deixa de me aparecer nos pensamentos. Vejo-a a rir, a entrar despreocupada pela porta, cabelo a esvoaçar, passo decidido. Ouço-lhe a voz, adivinho-lhe a expressão do rosto. E logo depois imagino-a lá, naquela enfermaria, frágil, pálida, sendo acordada para que lhe digam que acabou, não há mais nada a fazer. E vejo-a a chorar por todos os projectos que não realizou, porque 30 e poucos anos devia ser só o começo... por todas as pessoas a quem queria ter dito alguma coisa e não disse... pelos dias de sol que agora começam e que só consegue ver através das janelas com estores a meio... imagino-a a pensar que uns meses antes era outra...e era, certamente, mais feliz... que talvez fosse preferível não saber, chegar ali, ao lugar onde está agora, sem ter sentido angústia, medo, dor, tensão, sem ter alarmado familiares e amigos, sem ter deixado de viver normalmente, plenamente... não fazia mal, era melhor. Disseram-lhe "acabou" mas, a verdade, é que já tinha vindo a acabar, um pouquinho cada dia....

Que os deuses te acompanhem, A., para onde quer que vás....

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