adj. 2 gén.
Que não pode dominar a própria ira ; irritável.
Que não pode dominar a própria ira ; irritável.
Vejo-me como um painel, cheia de botões, cada um activando um circuito, um processo. Há botões verdes, amarelos e vermelhos. Acho que é fácil perceber as consequências de carregar num ou noutro...
Há quem lide comigo há muito tempo e tenha conseguido sempre evitar os vermelhos. Têm jeito, talvez, carregam muito nos verdes, às vezes arriscam os amarelos, mas os vermelhos sempre conseguiram contornar.
Outras pessoas não... talvez por desconhecimento, alguns sem querer, sem dar conta e, seguramente, outros de propósito porque é preciso ou porque não têm medo de os (me) enfrentar. Quanto a estes últimos, enfim, quem tem cara para dar, tem cara para levar, por isso aguentam as consequências. E eu também.
Mas chego a ter pena daqueles que, por não conhecer, por não saber a regras das cores, por não saber sequer que elas existem, avançam sem medos. Nestes casos, tento lembrar-me de tudo isto impondo um delay entre a activação do botão e respectiva descarga energética mas confesso que raramente resulta.
Hoje, por causa de um assunto que me irritou, dei duas patadas valentes num colega. A culpa não era dele, o que me irritava era o assunto mas ele veio falar-me dele porque também estava envolvido. E, no meio da conversa, perguntou uma coisa tão simples como: Estás a perceber? Pronto, comecei a ver vermelho. Até aqui consegui manter a conversa no nível amarelo. Com esforço, é certo, mas consegui. Só que a perguntinha paternalista fez transbordar o copo, acender o red alert e fez disparar, com o sorriso mais cínico e insuportável que consegui arranjar, com o olhar mais gelado e mortífero do meu catálogo, a seguinte observação: Sim, sim. Sabes, eu tenho esta cara mas até sou minimamente inteligente.
Logo depois de terminar soube que tinha ido longe de mais. Imediatamente percebi que não tinha confiança para aquela resposta, que iria ser mal interpretada, que tinha acabado de criar uma situação bastante constrangedora. Mas... a pessoa parou, olhou muito a direito para mim, bem no fundo dos meus olhos, enfrentou o gelo, sorriu e continuou.
Não consegui evitar sorrir também. Porque me conseguiu desarmar, porque não se deixou atingir e porque... provalmente ficou a pensar que isto resulta sempre.... ;)
Fez-me lembrar a famosa frase da Mae West: When I'm good, I'm very good; when I'm bad, I'm even better.
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