quarta-feira, setembro 16, 2009

Desabafos de quem quer encontrar algum sentido na confusão mas não consegue até porque, às vezes, nem faz por isso

Há alturas na vida assim, parece que o mundo está contra nós. Coisas grandes, coisas pequenas, coisas assim assim. Tudo se junta. E nós a termos que as gerir conforme podemos.

Há coisas que não podem ser resolvidas. São o que são e não há nada a fazer. Temos que as aceitar e viver com elas. Há outras, regra geral mais pequenas, que até são de fácil resolução. Mas, e se calhar justamente por isso, vão sendo deixadas para trás. Só que... pequenas, pequenas mas não invisíveis. Continuam lá, quietinhas, mas devolvem o olhar quando olhamos para elas e dizem: "estou aqui, estou aqui, ainda não me resolveste...". E se há coisa que me tira do sério são, justamente, coisas por resolver...

Mas o ser humano é um bicho estranho. Ou melhor, pelo menos este ser que vos fala é. Irritam-me as pendências mas não trato delas como e quando gostaria. Depois irrito-me porque não tratei o que, por sua vez, origina ainda mais falta de disposição que se vai juntar ao rol de desculpas para continuar a não tratar! É a p*** da bola de neve! E lá vou eu rolando, rolando, montanha abaixo, cada vez a ficar mais presa enquanto a bola aumenta de volume. E diz que a coisa só se resolve quando chegar ao sopé da dita e a bola se desfizer. Ou então se, no caminho, me espetar contra uma árvore ou entrar, inadvertidamente, numa casa em chamas e a neve derreter, sei lá. Enquanto isso, lá vou rolando, rolando e engolindo pirolitos... ou flocos, não sei bem o que se aplica neste caso.

O meu carro é uma dessas pendências. Temos pena, coitadinho, velho e valente amigo, mas há que encarar com frontalidade: o meu "EU" (o carro, não o outro... ou se calhar também o outro...) já deu o que tinha a dar. Anda nas horas se assim lhe for solicitado mas tremelica por todos os lados, tipo cadeira de massagem para dar conta da celulite, e faz um barulho ensurdecedor! Por um lado, tenho sorte, como vivo perto do aeroporto os vizinhos não levam a mal porque acham que é um avião a descolar. O pior é que o barulho está lá mas o gajo não voa, o que até dava um certo jeito em determinadas circunstâncias. E também não elimina a celulite. Mas adiante.

Para além disso, bebe demais. Não sei se é assim desde o início da nossa relação e o amor impedia-me de ver, se com a idade está pior... o que é certo é que já começa a não haver dinheiro para lhe sustentar o vício! Volta e meia, e quando achava que ainda ia levar o seu tempo até voltar à bomba, lá dou por ele só a andar a vapores. Não há carteira que aguente. Tenho sorte que não me bate mas mesmo assim... não sou mulher de sustentar bêbedos!

Para rematar, e aqui a culpa não é dele, 'tadinho, há que assumir, ele anda... vá... quero ver se sou meiguinha... nojento!! Não é lavado há... err... muitos dias! E porquê? Porque quero lavar por dentro e por fora e, à excepção dos Mister não o quê que existem nos centros comerciais, não encontro uma alma caridosa que faça o serviço completo, salvo seja. Ora... sendo assim, não vou gastar uma pipa de massa para ficar brilhante por fora sendo que lá dentro continuam a formar-se comunidades de fauna diversa. Não faz sentido. E para aumentar um bocadinho mais a camada de porcaria, há a trampa dos folhetos de tudo e mais alguma coisa que me espetam nos vidros! (Sim, sim, esta é a minha mais nova guerra de estimação. Tenho algumas considerações a fazer sobre o tema, incluindo propostas de lei e devidas coimas/castigos corporais a quem não cumprir as regras mas isso fica para um outro post). Não há direito, passo a vida a guardá-los no porta luvas para não os deitar para o chão e, claro, nem sempre me lembro deles lá e o tempo vai passando e já se vê onde quero chegar.

Para piorar, houve um dia que decidi borrifar-me num determinado folheto que estava mesmo à frente do lugar do condutor (tudo planeado, claro está, pelas mentes brilhantes que distribuem aquela treta, para obrigar o desgraçado a pegar naquilo se quiser conduzir sem atropelar nenhuma velhinha) e deixei-o estar. E ele ali ficou. Choveu, fez sol, choveu outra vez e o danado, a dada altura, lá desapareceu. Mas, curiosamente, deixou marcas. O folheto era sobre uma clínica de próteses ali da zona e tinha uma senhora loura, muito sorridente, a anunciar as promoções. Ora, as intempéries fizeram das suas, a tinta manhosa do folheto também ajudou, o folheto saiu mas a senhora não! Fiquei portanto com a loura colada no vidro, meia de lado, a sorrir para mim!

Bom, mas isto tudo para dizer que há coisas da treta que atrapalham a vida por si só já complicada. São simples de resolver, não são nada demais, não são problemas graves. Mas chateiam. E eu ando numa fase que quero tudo menos que me chateiem.

De qualquer forma, e dado que de momento a minha cabeça não dá mesmo para mais, que se lixe! Assumo a bola de neve e cá continuo a rolar, a rolar sendo que tenho agora uma protésica (é assim que se diz?) para me acompanhar nas minhas viagens por essa montanha fora, sempre a olhar para mim... se formos a ver, podia ser muito pior!

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