sexta-feira, setembro 18, 2009

"Uma meia meia feita, outra meia por fazer. Diga lá, minha senhora, quantas meias vêm a ser?"

Era o ponto de partida para a minha mãe começar a despejar uma série de adivinhas do mesmo género que me deliciavam quando era pequena. E eu alegremente respondia, perante a cara estupefacta da minha progenitora: 5!! (pronto, a matemática nunca foi o meu forte... mas o que interessa é participar, certo?? e eu tinha outras qualidades...)

Nunca fui muito pessoa de "meias". Não me refiro às de calçar, dessas gosto até porque os meus pés têm tendência a gelar mais do que qualquer outra parte do meu corpo. Mas coisas a "meias" ou meias estações ou fazer as coisas pela metade... Meus caros, ou é ou não é, ou se come tudo ou não se come nada, ou é uma coisa ou é outra! Por exemplo: comer um doce a meias. Complicado. Geralmente acedo e até proponho com o intuito de me ajudar a controlar a lambarice. Assim só ingiro metade das calorias. Mas desgraçado de quem partilhar comigo... é que vou comendo, comendo, comendo, e se a pessoa não está atenta, vou à parte dela sem dar conta e pronto. É mais forte que eu! Porque se está lá... está a olhar para mim... está a pedir para ser comida... Complicado.

As meias estações, essas então, dão cabo de mim. Ou bem que está calor, ou bem que está frio, caramba! Eu sou pessoa ou de sandálias ou de botas! Tudo o resto me parece um desperdício de tempo, de recursos, de energia. Mas as ditas meias estações existem e eu tenho que lidar com elas... e quando começam... "bolas! não tenho roupa de meia estação, não tenho sapatos de meia estação... bolas, de manhã está frio, ao almoço está calor, à noite está frio outra vez, levo casaco?... e agora chove, e agora está sol... argghh! Decidam-se!". Complicado...

E fazer as coisas pela metade... dá-me nervoso miudinho! É coisa de gente pouco decidida. Se é para fazer, então que se faça de uma vez! "Ah... faço agora meio xixi e daqui a bocado mais meio.." ou "ah.. penduro agora meio quadro e depois o resto". Faz algum sentido?? Então porque não se aplica a norma a tudo? Que necessidade há de arrumar parte do armário hoje e a outra amanhã? Parece que se cansam pelo meio, não sei. É muito mais fácil, já que estamos com a mão na massa, arrumar tudo de uma vez e ficarmos despachados, não é?

E neste seguimento, tudo o que se relaciona com estar no "meio". Há quem lhe chame equilíbrio. Pois, depende dos casos. Eu também lhe chamo "síndrome da Suíça". Muitas vezes estar no meio significa não se comprometer com uma posição. Nem para um lado, nem para o outro. Não assumir uma escolha. Andar ali a ver para onde pende a balança, a analisar, a ponderar... E eu detesto ver-me assim. E mais detesto quando sei e sinto que não estou a conseguir agir de outra forma. Dou voltas à cabeça, penso, penso, e... não chego a lugar nenhum. Se formos a ver... há ainda um terceiro nome para isto: limbo.

Ironia das ironias: para uma pessoa como eu, que gosta de tudo bem definido e arrumado e decidido, olho à minha volta, dentro do "meu" mundo tresloucado, e só vejo "meios xixis"! Está tudo a meio, pela metade, assim assim, nem para um lado nem para o outro!

E, para piorar, o Outono está aí à porta...

Não hei-de eu andar a precisar de drogas... irra!

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