Macerando ideias. Tentando organizar os diferentes pensamentos e sensações que vagueiam pelo meu cérebro. As revelações, as ligações, o amor que nos une, o amor verdadeiro, aquele que subsiste quando todos os outros caiem. Temos sorte, nós as seis, temos muita sorte. Tão diferentes, as pessoas, as histórias de vida, tão iguais, afinal, quando trocamos olhares e brindamos a mais qualquer coisa que é nossa, muito nossa, de cada uma, de todas em conjunto. E o refúgio, perdida do meio do verde, esperando não sei o quê que nunca vem. Como se estivesse ali a resposta. "Hás-de encontrar o teu equilíbrio", diz ele enquanto me abraça. E é a maior ternura do mundo. Porque diz e sente e acredita e deseja-o para mim mesmo que, no momento em que eu o encontre, o abraço não esteja presente. Aperto a mão com força na tentativa de me sentir mais próxima, de te sentir ali, de não estar sozinha. Abraço o ar apertando-o contra mim tentando agarrar o que não se vê. Tenho que acreditar, tenho que acreditar. " O que a prende é a sua necessidade de entender. Tem que aceitar que nem tudo tem uma explicação...". E assim me sento no baú do sentir, mesmo estando o seu interior a abarrotar, com pontas e meios de fora, abarcando mais do que consegue suportar, muito mais. Mas é preciso. Sento-me com todas as minhas forças esperando conseguir amarfanhar o seu volume, pressioná-lo no seu interior de forma a que consiga deitar a mão aos fechos e una tampa e caixa de uma vez. A cara fechada enquanto ando, fechada no meu mundo, sim, querida A., também eu tenho o meu mundinho. Pontadas no coração de cada vez que, no meu mundo, percorro a memória de estradas já calcorreadas, de murros no estômago, de golpes, ainda hoje sentidos. Mesmo que não faça sentido. Pergunto "porquê" e odeio a resposta "porque é quem tu és". Porque não gosto, porque não sei, porque se misturam quem fui, quem achava que era, quem os outros vêem, quem não queria ter sido, quem não sei se vou ser. "Tem que se desculpar...", repete, "tem que se desculpar". O esforço para ultrapassar obstáculos e desatar nós, o esforço para deixar que a vida siga e me deixar seguir com ela. A cara fechada enquanto caminho. Os pensamentos circulares que tanto me levam ao abandono de mim como à certeza de que dei o que podia dar, que fiz o que sentia, que me abri a oportunidades, que as entreguei também. Inspiro fundo, deixo que o ar entre e me abra. E mais uma vez, eu e a minha bagagem, seguimos em frente.
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