segunda-feira, maio 16, 2011

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Talvez devesses escrever, dizias para ti própria. Talvez se deres asas às palavras elas as usem mesmo e voem para fora de ti. Mas escrever o quê se já foi tudo dito? Escrever o quê se já não tens argumentos? O que há a escrever quando tudo se resume a um “é o que é”? Talvez sobre essa constatação, constatação rainha de todas as outras, talvez dissertar não mais sobre os porquês mas sobre o que fazer quando não temos mais perguntas… Aceitação é a palavra-chave. Para tudo em ti, aceitação. Aceitar que tens que aceitar. Aceitar a vida como ela se mostra, aceitar quem és e quem não foste. Aceitar. Aceitar. Sentes-te enganada como se te tivessem trocado o bilhete e te tivessem posto numa sala de cinema onde não passa o filme que tu queres ver mas outro, outro que nada tem a ver contigo, outro que não foi aquele que pediste. Aceitar ficar no escuro da sala até ao fim e aceitar que tens que decorar cada uma das cenas para que se tornem parte de ti. Aceitar.

Mas aceitação traz vazio. E o vazio traz eco. E o eco são fantasmas na casa assombrada…

Abanas a cabeça como que a espantar os demónios, respiras fundo, concentras-te outra vez, tentas focar o essencial mas… que essencial? O que é, afinal, o essencial? Talvez seja essa a grande meta, descobrir o teu essencial.

Porque parece que afinal é fácil, não é? Porque parece que há quem o faça sem problemas e sem demoras, porque há sempre a história daquele e do outro caso que "parecia que era o fim do mundo e agora estão óptimos!”. E sentes-te estranha, esquisita por não estares “óptima”, por teres acreditado que todas as ausências são sentidas, por teres achado que há marcas mais difíceis de apagar do que outras, por mais que o tempo passe, por mais que se queira “dar a volta” e estar “óptima”… no fundo, por teres acreditado, acima de tudo por teres acreditado. Estranha. Esquisita. Talvez até estúpida…

Vazio, o grande vazio. A perda, sempre a perda, de pessoas, de momentos, de ligações, de tempo, tanto tempo, tempo de vida, tempo de ti. Vontade de correr daqui para fora (Daqui de onde? Daqui para onde?) e gritar e dar murros no ar e revoltares-te com fúria contra as pedras maciças e pesadas que um dia te caíram em cima, que um dia te deitaram por terra, que um dia pretenderam quebrar-te a espinha. Gritar, esmurrar com força e raiva tudo à tua volta e com isso expulsar os espíritos do desalento, da profundeza da desilusão. Levantar o coração do chão. Levantar o coração do chão. Olhar para ti, olhar para ele, fazê-lo ganhar cor de novo.

Há palavras que não são ditas, há palavras que são esmiuçadas. O que te leva a um ou a outro caminho? Simples, tão simples. As palavras não ditas são as que não tens como dizer. Porque não há palavras que descrevam… As palavras esmiuçadas são os pedaços de rocha salientes a que te agarras para não cair. São o desespero de esperança vã, são a recusa em deixares-te esvair de forças, são as tentativas, são a ilusão do que poderá ainda ser feito. São uma luta pela sobrevivência. Mas que sobrevivência, afinal, que sobrevivência…? Aceitação, de novo aceitação.

Hoje, em resumo, e assim sem pensar muito, só te apetece dizer: desisto.

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