Decido. Tanto sobre as peças da banheira como sobre as pessoas que fazem parte da minha vida. Decido, acima de tudo, sobre mim, sobre o que quero para mim, o que quero ter nos meus dias.
Muitas vezes, sento-me com as mãos segurando a testa e penso no que é a minha vida, em como ela se transformou nisto que é hoje, em como quero que mude. O que é isto, afinal? - pergunto eu. E também respondo: é algo em construção.
Dou passos em frente, mil vezes pensados, e não recebo o retorno esperado. Talvez tenha que ser assim, talvez o tempo tenha mesmo que passar e não só para mim.
Numa outra frente de batalha, semeio sem saber o que vou colher. Preparando-me psicologicamente para que aconteça o de sempre, que volte de novo a sentir a frustração de quem não consegue alcançar o que quer, tomo as rédeas porque não há outra forma de o fazer. Para não chegar ao dia em que me lamento por nem sequer ter tentado.
Deito-me e na escuridão do quarto consigo elevar a mente do corpo e ver-me de uma outra perspectiva. Ali estou, encolhida, de joelhos ao queixo. A cena central, a base de tudo, é a minha cama, é lá que me vejo. À minha volta, pedaços de histórias, de filmes a decorrer, de vida. E eu sou mera espectadora deitada a vê-los rodopiar por cima da minha cabeça. Não participo em nada, só assisto, não me parecem familiares, não me ligo a eles. O meu filme sou só eu.