E foi assim. A rolha do espumante saltou antes do tempo; a contagem que esperávamos ver na televisão não se deu; a meia-noite apanhou-nos de surpresa a meio de uma sessão de fotos; os crentes saltaram, mesmo assim, para cima de um banco de notas na mão; a crente-mor pôs-se a contar os segundos já passados... em ordem crescente...
E foi assim. Para mim, sem passas, sem banco, sem notas, sem cueca azul, sem trampa nenhuma.
Em tempos fazia questão de comer as passas e pedir o maior do desejos: morria se não o fizesse. As doze valiam só por aquele, pedido logo na primeira, engolidas com esforço para que não se quebrasse a corrente e não o deitasse a perder. Lembro-me que nunca conseguia ser rápida o suficiente para acompanhar os segundos e chegava à meia noite com a boca cheia de passas mal mastigadas e já a enjoar-me. Não importava, a primeira tinha seguido a tempo e a horas, as outras seguir-se-iam conforme me fosse possível.
Hoje percebo que pedia demais. O desejo já não se realizou. Já não tenho mais o que pedir: tudo o resto, em comparação, me parece absolutamente menor...
E foi assim. Sem passas, sem banco, sem notas, sem cueca azul, sem trampa nenhuma.
Mas com espumante. Amor, amizade e espumante. Não há mais nada a pedir.
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