não é dada pelos ponteiros do relógio nem pela posição do sol... simplesmente sente-se... quando, de repente, faz sentido.
segunda-feira, agosto 30, 2010
Diário de bordo #4
domingo, agosto 29, 2010
Diário de bordo #3
sábado, agosto 28, 2010
Diário de bordo #2
quinta-feira, agosto 26, 2010
terça-feira, agosto 17, 2010
segunda-feira, agosto 16, 2010
(O que isto me custou...! Parecem punhais, senhor, parecem punhais!)
sábado, agosto 14, 2010
Poesia no asfalto
Ceeerto...
sexta-feira, agosto 13, 2010
Verdades
Benavente
Multi-post ou a preguiça para arranjar mais títulos
Acredito em marcos. Marcos na vida, a partir dos quais tudo muda. Na maioria das vezes só damos por eles depois, olhando para trás, só quando um dia acordamos e nos sentimos diferentes é que percebemos qual foi a pedra de toque. Mas sou uma "crente", como dizia no outro dia, uma das minhas mais recentes descobertas sobre a minha modesta pessoa, é a fé. Sempre soube que a tinha, nunca pensei que a dita chegasse a roçar a estupidez como já várias vezes pude verificar... Mas enfim, sou uma "crente", é um facto, e acredito em marcos e espero por eles, anseio como pão para a boca pelos pontos de viragem. E até tenho a veleidade de os tentar identificar antes, como quem vai na estrada e conta os passos e sabe que o km X vai aparecer dentro de momentos. Tenho fé neles mas tenho fé sobretudo em mim, vejam só... E com essa fé aqui vou de férias, com essa fé cá dentro, espero, atenta, para não os deixar escapar.
Museu da electricidade. (Mulher para o marido: "Portanto, então aqui era onde se fazia a electricidade, é isso?"). Um ambiente único a pedir para ser explorado por mais tempo. O meu olho a focar os imensos pormenores que dariam óptimas fotos: o compartimento das "brasas", os mecanismos gigantes, as maquetes (como eu adoro maquetes!), as pilhas de cinza, a bola de energia azul... a voltar, sem dúvida, a voltar.
E a calmaria nos telefones, nos emails, na papelada em cima da mesa (que no meu caso nunca é muita, sou muito arrumadinha e adepta de capas, dossiers, etiquetas, prateleiras e demais material de escritório que me permita ter a mesa livre e desimpedida). Calmaria também do outro lado, o lado que nos alimenta o resto da vida. O toque, o telefonema, o "estou aqui", o "penso em ti, minha querida, e estou com saudades tuas". Sei bem que os meus amigos pensam em mim, sei bem que o seu afecto foi uma das tais coisas que resistiu à mudança, forte como sempre, e passou comigo para o lado de cá do vidro. Mas gosto de senti-lo na pele não só de pressenti-lo. Não gosto de fazer férias dele, não...
Há qualquer coisa de místico em viver com cinco pares de orelhas pontiagudas, nem que seja temporariamente. Estou sempre acompanhada, mesmo quando não os vejo, porque eles vêem-me sempre. Omnipresentes.
Alívio. Conto com alívio. Pensamentos aliviados, obrigações aliviadas, alívio dos traços e expressões do rosto (sim, porque o veterinário giraço de ontem tratou-me por "senhora"... estúpido, deve ser míope...), alívio da alma. Alívio do sono.
O vidro. O vidro e as marcas das minhas mãos suadas nele. O vidro e a minha respiração que o embacia. O vidro grosso, inquebrável, como aqueles que guardam peças de museu. O vidro e eu a deslizar por ele abaixo, a encostar a cabeça cansada dos encontrões, a certificar-me que a marca das minhas mãos descreve o caminho até ao chão. O vidro e eu, o vidro que já não é fresco ao toque, que começa a ficar embaciado e sujo, que começa a perder a sua transparência e a engolir o que está do lado de lá.
E sim, ia jurar que me tinhas tapado durante a noite. Talvez por estar ali e ter voltado a sentir-me pequenina. Gostei do que senti, estava em casa outra vez.
quinta-feira, agosto 12, 2010
Porque a ouvi hoje numa altura em que fazia todo o sentido...
KT Tunstall
Over the sea and far away
She's waiting like an iceberg
Waiting to change
But she's cold inside
She wants to be like the water
All the muscles tighten in her face
Buries her soul in one embrace
They're one and the same
Just like water
The fire fades away
Most of everyday
Is full of tired excuses
But it's too hard to say
I wish it were simple
But we give up easily
You're close enough to see that
You're the other side of the world to me
On comes the panic light
Holding on with fingers and feelings alike
But the time has come
To move along
The fire fades away
Most of everyday
Is full of tired excuses
But it's too hard to say
I wish it were simple
But we give up easily
You're close enough to see that
You're the other side of the world
Can you help me
Can you let me go
And can you still love me
When you can't see me anymore
And the fire fades away
Most of everyday
Is full of tired excuses
But it's too hard to say
I wish it were simple
But we give up easily
You're close enough to see that
You're the other side of the world
Oh, the other side of the world
You're the other side of the world to me
Aviões, conjecturas e absoluta necessidade de água fresca!
Há claramente um "antes" e um "depois". Mal comparado, lembro-me de ouvir esta frase quando o fatídico 11 de Setembro se deu. A partir dali, veriamos o mundo antes dele e o mundo depois dele. Mas mesmo assim me comparo, sinto o meu 11 de Setembro, os embates que deitaram abaixo as estruturas e que mataram o que lá vivia, o choque e a estupefacção, a incapacidade de reagir durante muito tempo e depois a reacção, aos poucos, digerindo tudo aquilo, com avanços e recuos, digerindo para conseguir olhar para mim e ver justamente que há um "antes" e um "depois" deste ano, o pior da minha vida, um "antes" de ter perdido quem era, um "depois" com o qual tenho que lidar, o presente de mim mesma, eu, sob nova forma. E, claramente também, distingo o que viveu na outra parte e não resistiu à mudança e que, por isso, ficará lá para sempre; o que se manteve, forte, saudável, sem ter permitido sequer uma beliscadura de tão robusto e verdadeiro que é; o que entrou de novo, ainda fresco, ainda a medo, trazendo novas cores à minha paleta. E por o ver, de forma tão inequívoca, entendo-me um pouco melhor. E por hoje o ver, de forma tão inequívoca, consigo ler em mim a dificuldade em olhar para o lado de lá do vidro, olhar para o que ficou para trás e perceber que, se não veio comigo, era porque não valia a pena, porque não me traz bem nenhum nesta nova fase, porque deixou de fazer sentido. E, por mais que custe, por mais pena que tenha, há que aceitar a súbita leveza da minha bagagem e preparar-me para a encher de novo. Espero saber fazê-lo acertadamente, espero saber fazê-lo com tudo o que aprendi.
E as férias aí à porta! E eu desejando sair, respirar outros ares, encher os meus olhos de outras paisagens, mergulhar na piscina, no rio, no mar (porque vão ser variadas, ah pois vão!) e dormir e ler e descansar e receber beijos e abraços e amizade e carinho e amor e rir, rir muito!, rir de tudo e de nada, pensar e limpar, serenar, acima de tudo, serenar.
Ainda entre duas portas, a do passado e a do futuro. Sei qual deve ser aberta e qual deve ser fechada. Ainda entre duas portas, ainda com uma mão em cada uma das maçanetas, sei que não me conseguirei manter muito mais tempo na diagonal, um pé atrás do outro. Porque uma coluna em torção não deixa viver o presente.
quarta-feira, agosto 11, 2010
Não.
Não. Não. Não.
Enviada por quem consegue ver para além do absurdo...
Ficar mais perto - Mafalda Veiga
Depois talvez construir
Ou navegar os dias
Pressentir
Percorrer os caminhos que houver
Há sempre uma maneira
De recomeçar
O que se quiser
Deixa-me assim refazer
Ou desfazer os rumos
Descobrir
Entender o destino que vier
Porque há sempre uma maneira
De mudar
O que se não quer
Depois talvez na incerteza
Descobrir o que está certo
E no amor
No desamor
Virar a vida do avesso
Ficar mais fundo e mais perto
Do calor
Deixa-me só seguir o rumo
De outro sentimento
Que acontecer
Nem tudo o que nos ata
Nos pode prender
Porque há sempre uma maneira
De recomeçar
O que se quiser
Há sempre uma maneira
De recomeçar
O que se quiser
Há sempre uma maneira de recomeçar
Depois talvez na incerteza
Descobrir o que está certo
E no amor
No desamor
Virar a vida do avesso
Ficar mais fundo e mais perto
Do calor
Deixa-me só seguir o rumo
De outro sentimento
Que acontecer
Nem tudo o que nos ata
Nos pode prender
Porque há sempre uma maneira
De recomeçar
O que se quiser
Há sempre uma maneira
De mudar o que não se quer
Há sempre uma maneira
De recomeçar
terça-feira, agosto 10, 2010
Quarenta graus
Legalidades
sexta-feira, agosto 06, 2010
"Today i ask for clarity of mind and for my back to stop killing me. Thanks."
Nem mais! Clareza de espírito, por favor!
Porque há dias em que não se sabe o que pensar, porque há dias em que sentimentos, palavras, gestos, expressões, muitas vezes contraditórios, arranjam maneira de se entrelaçar de tal forma que é impossível para qualquer cabeça dita normal pôr ordem na casa.
Porque... caramba!, porque já chega, porque quero paz, quero trilhos definidos, quero objectivos concretos e atingíveis, quero domínio das situações, quero calma e serenidade, quero ordem, muita ordem, tudo arrumadinho e encaixado nos seus devidos lugares!
(e consigo agora ouvir o outro lado de mim a buzinar - e umas quantas vozes conhecidas também - "Portanto, queres ser uma chata que não se pode, quadrada que até dói, daquelas que fazem tudo de forma certinha e previsível, sem sair das marcas, com tudo planeado...").
Quero. Quero ser uma seca, sim senhor! É isso mesmo que quero! Quero ser um filme mudo e a preto e branco, que não chateia, não faz barulho, não tem efeitos especiais complicados nem interpretações brilhantes nem cenas fabulosas nem fotografia ou banda sonora de ficar de boca aberta. Não! Quero a boca bem fechada, quero aceitar o que a vida me traz sem fazer mais por isso, quero ser como uma grande parte das pessoas que conheço que adequa as suas metas ao que consegue ter "queria 99 mas só consigo ter 25... ok, ok, não há problema nenhum, a minha meta passa a ser 25, o objectivo é atingido e eu sou uma pessoa feliz!"
Fácil, não? Parece que sim. É isto que quero, pronto, está combinado, não há mais nada a dizer.
Poesia
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.
Fernando Pessoa
1931
quinta-feira, agosto 05, 2010
"Obesidade Mental"
"O professor Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity», que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral. Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna. «Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.» Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada. Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema. Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»
O problema central está na família e na escola. «Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate. Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma: «o jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.»
O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante. «Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura. «o conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve. Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê. Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras. «Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia.
Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo. Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam.
É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental.»
* João César das Neves é economista, professor catedrático na Universidade Católica e Coordenador do Programa de Ética nos Negócios e Responsabilidade Social das Empresas
Nem no Verão dá descanso...
terça-feira, agosto 03, 2010
Off!
- Quando sentires o relógio biológico da maternidade a fazer barulho... desliga-o!