quarta-feira, agosto 11, 2010

Não.

Não. Nunca foi. Não. Já chega. Não. Ilusões, enganos. Não. Ninguém é o que parece, eu não sou o que pareço. Não. Nada justifica. Não. Perda de tempo precioso, desperdício de vida. Não. Já está na altura da roda da fortuna girar. Não. Que os soluços compulsivos libertem. Não. A base. Não. O instinto sobrevalorizado. Não. A força das palavras que arrasa tudo em seu redor como bomba atómica, não deixa pedra sobre pedra, não permite que nada fique intacto. Não. Encaracolando o corpo sobre a dor. Não. Atenta aos espanta-espíritos. Não. A mão nas costas dizendo "estou aqui" e lembrando quem não está. Não. As memórias. Não. A saudade que parece que mata, dizima, desfaz pedaços de ser, aos bocadinhos, pedaços que nunca mais serão os mesmos. Não. A frieza a sublinhar quando se sabe o que se quer. Não. Eu sou eu, eu SOU EU. Não. O calor abrasador. Não. Certeza de que as dúvidas levantadas outrora afinal sempre tiveram razão de ser, certeza de algo cá dentro já o dizia, algo cá dentro, que eu não via, já então me queria abrir os olhos. Não. As mãos que tremem sem controlo, o sorriso amarelo de quem as tenta disfarçar. Não. Chão quente a servir de cama. Não. Não há palavras e nem é preciso. Não. Sorrisos tristes e histórias de planos para acabar com o "mundo". Não. Nada é verdadeiro o bastante, nada, nunca. Não. Vodka black. Não. O que poderá vir aí. Não. O que está nas nossas mãos. Não. Corpo fechado, mente fechada. Não. Doces. Não. O "é" e o "tem que ser". Não. Declarações de amizade e amor. Não. A água fria da torneira que sai morna. Não. Já chega. Não. Não interessa porquê. Não. Ninguém vale.

Não. Não. Não.

Sem comentários: