terça-feira, agosto 10, 2010

Quarenta graus

Rolando de um lado para o outro, na cama, e num outro mundo. Rolando, sem parar, mudando de posição cada vez que aquela parte do lençol aquece também... a cabeça sofre com a pressão atmosférica que também contrai os pensamentos e estes, de tão apertados uns contra os outros, parecem poder explodir a qualquer momento. Há conclusões a tirar, lições a aprender, sentimentos a domar.. mas como se nos parece tudo tão absurdo?? Como, se esperamos sempre que haja uma razão, a tal razão que dizem que justifica tudo e que, no final, dizem também, surge como salvadora das almas perdidas mostrando-lhes que estiveram sempre dentro no seu caminho? Como, quando as conclusões e as lições e os sentimentos não são aqueles que esperávamos, não são aqueles que gostariamos de chamar nossos? O "tem que ser" a espetar-se na carne, espinho encravado, o "é assim..." a dar-nos chapadas na cara, continuamente e cada vez com mais força, indiferente às nossas crenças, aos nossos pedidos, indiferente ao nosso sofrimento, como castigo ou punição, querendo entrar em nós à força, como representante da fatalidade que todos nós, queiramos ou não, temos que aceitar, o grande bastião da realidade que mata os sonhos. E nós, os resistentes, os sobreviventes, aqueles que usam a sua pretensa força, que só mascara a estupidez, como bandeira. E nós, os resistentes, os sobreviventes, recusando-nos a aceitar que não somos diferentes, não somos especiais, e a dar a outra face.

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