Por vezes, não há explicação. E é inglório tentar encontrá-la. Por vezes, sente-se e espelha-se na cara, mais nada, só pedindo que se olhe, que se queira ver. Há vezes em que nos grita com violência, arde na carne e o nosso impulso é correr, fugir, deitar a mão a qualquer coisa, fazer nem se sabe bem o quê, como barata tonta, à roda sem sair do lugar, à procura de uma saída. Outras vezes, pesa toneladas silenciosas e remete-nos à prostração, braços caídos num corpo inerte, um olhar fixo algures que não está realmente a ver nada. Por vezes, não existe explicação, não existe nem tem que existir. Sente-se, vê-se, ouve-se, sabe-se e basta. E talvez encontre neste tantas vezes cruel confronto com a minha verdade, o caminho da honestidade. Comigo, com a minha vida, com os outros, com a minha alma. Escuto-a. Escuto-me. Sem explicações. Estou cansada delas.
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