Falámos de prisões e eu revejo-me. Olho em volta e vejo grades que me confinam a um espaço mínimo. Há vezes em que me atiro contra elas em desespero, outras há em que cansada me deito sem forças no chão de cimento. Seja como for, durmo e acordo, durmo e acordo e elas estão sempre lá. À minha escolha, duas únicas hipóteses: ou fujo, de alguma forma me espremo através do gradeamento e fujo, corro sem olhar para trás, corro depressa em qualquer sentido que me apareça pela frente, corro em direcção ao desconhecido, mudo de identidade, fujo de tudo o que respeite ao velho mundo; ou fico, na esperança de que o meu velho mundo me conceda a liberdade, se retrate, admita a injustiça da minha prisão e me devolva à minha vida. Sei bem para onde pende a inevitabilidade. Sei bem a força de cada uma, da sobrevivência e da justiça. Sei bem quem, regra gera, ganha. E não o afirmo sem tristeza...
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