Desço a avenida, o cheiro a castanhas assadas no ar e as luzes de Natal já a postos. Ainda é cedo mas daqui a alguns dias, renas, sinos, bolinhas e azevinho vão iluminar passeios e lojas transformando o ambiente. É assim há muito tempo, desde que me lembro. Com as luzes aparecem os vendedores de pinheiros em determinados pontos chave, sempre os mesmos mas cada vez mais raros, não sobrevivendo à invasão dos plásticos. Lembro-me de ser miúda e ter a compra do pinheiro como tarefa. Lá ia eu, animadíssima, de mão dada com um dos meus progenitores, escolher aquela que seria a nossa árvore de Natal! Tarefa difícil, dadas as minhas expectativas. Tentar escolher algo que se assemelhasse com aquilo que via nos filmes de entre aquele amontoado de ramadas de pinheiro... mas enfim, lá me conseguiam convencer com algum ramo mais composto que depois ajudava a carregar até casa onde chegava, inevitavelmente, arranhada, picada e com as mãos cheias de resina.
Com os vendedores de pinheiros, chegava também o cheiro a fritos de Natal das pastelarias que aqui existem porta sim, porta sim, e que, todos os anos, por esta época, se empenham em produzir toneladas de filhós, bolos-reis, coscurões, azevias, e demais doçaria natalícia. É praticamente impossível resistir à tentação! O cheiro envolve-nos numa nuvem e quando damos por isso já estamos a saborear com gosto um sonho acabadinho de fazer.
As lojas, essas, enfeitam-se de festa, com música ambiente e tudo. Parece que tudo brilha mais lá dentro! A azáfama é grande, os vendedores não têm mãos a medir e os embrulhos, forrados de papel e fitinhas de várias cores, amontoam-se nos sacos.
Desço a avenida, que conheço tão bem. Os anos passaram, por mim e por ela, mas continuamos as duas a pertencer uma à outra. Estou em casa e o meu Natal começa aqui.
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